sábado, 20 de fevereiro de 2016

Contraponto 18.820 - "Quando o Rei cai, há cheque mate, por Ion de Andrade"

 

20/02/2016 

 

Quando o Rei cai, há cheque mate, por Ion de Andrade


Por Ion de Andrade

Há no cenário atual do Brasil uma crise produzida pela tentativa de destruir o projeto de país construído nos últimos 60 anos. Trata-se de um esforço para varrer o legado de Vargas, o dos militares desenvolvimentistas e o dos trabalhistas. Os ataques coordenados ocorrem nas seguintes frentes:
  1. A desmoralização do Estado nacional Essa ação se desenvolve através de uma contínua chuva de críticas demolidoras voltadas para gerar a convicção de que o Brasil não tem capacidade para produzir nada de valor. Assim foi com a Copa, é atualmente com as Olimpíadas, foi com o Enem e é continuamente usada contra o SUS, dentre outros. Um ícone recente, o último artigo de Clovis Rossi na Folha diz que em virologia o “Horrível Brasil”, (que tem uma Fiocruz), tem lições a receber de... Uganda. Intitula-se: “Uganda não é aqui, que pena”
  2. O desrespeito ao Estado de direito. Significativas parcelas do poder judiciário e da polícia atuam como se estivéssemos num Estado policial e agem de maneira a assegurar total inimputabilidade ao conjunto da oposição capitaneada pelo PSDB e pela Rede Globo. O envolvimento explícito da Globo na Lava Jato no episódio do tríplex e do helicóptero dos Marinho e os ouvidos surdos às denúncias envolvendo Aécio Neves, (parte delas, aliás recém arquivadas!) comprovam a determinação de desmoralização do Estado de direito pelo uso da força, da intimidação ou do cinismo.
  3. A tentativa de destruição da engenharia pesada nacional. A ação está focada contra o que temos de mais competitivo internacionalmente. Se dá através de processos intermináveis e desgastantes, (observem que o escândalo da Volkswagen já está em vias de ser resolvido judicialmente) Tais processos almejam tanto punir os responsáveis, cujas reputações são destruídas em praça pública, antes mesmo de serem sentenciados, quanto inviabilizar o funcionamento e a sobrevivência das empresas.
  4. A ameaça aos megaprojetos de Defesa. A fragilização do projeto do Submarino Nuclear brasileiro, a prisão do Almirante Othon e a recente tentativa de desmoralizar a FAB no que toca à compra dos jatos Gripen, compõem o quadro de ataque ao país fragilizando-o na defesa militar do pré-sal e desmoralizando-o internacionalmente. Essa frente tenta desconstruir o legado do desenvolvimentismo de matriz militar que teve o mérito de manter o Brasil atualizado com o desenvolvimento tecnológico contemporâneo. A essas ações atuais se agrega a explosão do VLS sobre a qual pesa muito forte suspeita de sabotagem.
  5. A ameaça aos megaprojetos econômicos. A ferocidade com que as forças que estão envolvidas nesses ataques bateram na normatização dos acordos de leniência é demonstrativa da frustração que experimentaram de ver inviabilizado um dos propósitos da cruzada falsamente moralista em curso, destruir a capacidade tecnológica do país e inviabilizar os inúmeros projetos estratégicos em andamento.
  6. A ação deletéria sobre a economia. As perdas econômicas motivadas pela cruzada contra a corrupção são incomparavelmente maiores do que os ganhos decorrentes do seu meio-enfrentamento, (ataca gaviões, mas não ataca tucanos). A ação contra a economia é tão irresponsável quanto desprezar um bebê junto com a placenta e não pode ser involuntária.
  7. A ação política contra o trabalhismo. Essa linha de atuação pretende desmoralizar as forças que deram ao Brasil duas grandes capacidades: um mercado interno poderoso por meio de uma melhor distribuição da riqueza e uma projeção internacional autêntica, comprometida com a América latina, com a África e com os BRICS. A Triplo X que saiu de Guarujá e parou na sala de jantar do Triplex dos Marinho ilustra um modus operandi de um pau que só dá em Lula. Como bem percebeu Nassif a Triplo X é a Rio Centro da Lava Jato, a virada a partir da qual a sua ação contra a corrupção politizou-se, desmoralizando-a.
Observemos que todas essas ações antinacionais se estruturam sobre a falsa e frágil compreensão de que viveríamos num Estado policial e não num Estado democrático, ou num Estado restrito e não num Estado ampliado. Ora, se essa compreensão é falsa, todas as ações que estão construídas sobre ela ruirão. Dure o tempo que durar, faça o mal que fizer, essa é a última grande crise da nossa história relacionada à consolidação do Estado de direito no Brasil.
Como e por onde podemos enxergar isso?

Pelo princípio de que, tendo a legalidade resistido, como de fato resistiu, (e não poderia ter sido de outra forma) a dureza da lei não poderá eternamente ser aplicada apenas contra um lado.

Por esse prisma podemos ver a falta que faz, pois teria apressado o tempo de resposta, um Ministério da Justiça atuante, que fosse capaz, não de coibir a ação da Polícia Federal, mas de exigir que investigasse os que propositadamente são poupados. O ministro tolera a investigação e a humilhação do empresariado desenvolvimentista, dos militares desenvolvimentistas e dos trabalhistas, mas não exige a investigação dos tucanos corruptos, nem da Globo. Deveria, no entanto, fazê-lo, não por espírito de vingança mas para assegurar a liturgia elementar da legalidade e do princípio de que todos são iguais perante a lei.

Acéfalo o Ministério da Justiça, a sociedade teve que fazer por ele. Teve que exigir nas ruas e até no futebol que o Ministério Público e a Polícia Federal cumpram o seu papel. Tem que exigido que a lava jato investigue Aécio e a Globo. Até os Gaviões da Fiel querem saber quem vai punir o chefe do merendão, mas o fazem porque não têm quem faça por eles. Alguém tem que perguntar em público se o “Dominio do Fato” vale para os cem milhões de FHC e para o merendão de Alckmin ou se esse instituto jurídico é apenas mais um pau que só dá em Chico. Esse esforço social artesanal mostrou-se, entretanto, à altura de mover a conjuntura em favor do campo democrático e legalista.

Comprovada a verdade cristalina de que não há luta contra a corrupção, mas uso da corrupção para destruir o projeto de um Brasil grande, se veem unidas (involuntariamente) as três vertentes que estão apanhando e que raramente estiveram juntas na nossa história: os desenvolvimentistas do empresariado, os das Forças Armadas e os trabalhistas. Essa forças serão beneficiadas se assegurarem:
  • O fortalecimento do Estado Nacional e a recuperação da autoconfiança da nação;
  • A consolidação e estabilização do Estado democrático;
  • O garantia da indústria pesada nacional e da Engenharia Estratégica;
  • A preservação e a proteção dos megaprojetos de Defesa, do legado desenvolvimentista dos militares e da retomada firme e resoluta do lançador brasileiro de satélites;
  • A conclusão plena dos megaprojetos estruturais que abrem a porta para um país moderno e contemporâneo;
  • A preservação das nossas riquezas em mãos nacionais;
  • A continuidade da construção de uma sociedade mais justa para todos, de um mercado interno robusto e do legado trabalhista e;
  • A recuperação da imagem, da projeção internacional e da liderança do Brasil.

A luta é e foi árdua, pode ser longa e pode ainda trazer grandes perdas à nação. Entretanto foi contra essas mesmas forças que hoje querem ver o Brasil ajoelhado que erguemos o Brasil de hoje.
As lutas devem ocorrer em cada local de moradia ou de trabalho, sobretudo nas instituições que vêm sendo usadas como aríete contra os interesses nacionais, onde os patriotas devem ter estratégia para enfrentar os inimigos do país sempre no campo democrático e na legalidade, como ocorreu magistralmente no caso do promotor Conserino, limitado em sua ação política por uma instância de controle social, o CNMP, que assegurou e garantiu o papel constitucional do Ministério Público. A nossa frente de batalha são também as ruas, os horários de TV dos partidos da base do governo, que devem ajudar a população a refletir sobre por que a Justiça e o Ministério Público atacam Lula mas não os Marinho, Lula mas não Aécio, Lula mas não FHC. Vamos aos tribunais, às assembleias estudantis, e enfrentemos de frente esses inimputáveis nos legislativos. O país precisa levantar-se.

As três vertentes unidas permitem antever a consolidação de uma frente forte, que terá poder para desmascarar os falsos heróis anticorrupção, como sugere o juiz Narciso Alvarenga de Castro do TJMG, que exorta o país a investigar o que há por trás de operações que ameaçam projetos como o do Submarino Nuclear brasileiro.

Devemos nos esforçar para alcançar a vitória com o menor dano possível ao país, preservando o pré-sal, as indústrias estratégicas, os projetos de defesa, a coesão nacional das três vertentes, a democracia e a justiça social. Não importa muito se o empresariado desenvolvimentista, os militares e os trabalhistas são muito diferentes entre si, e são, essa luta é parecida com a que uniu os franceses contra os invasores nazistas nos anos 40, o fator de união é que estão todos apanhando porque, cada um à sua maneira, sonha com um Brasil grande.

O poder de fogo do nosso campo é tão real que a Globo rifou FHC para ser esquecida no Triplex dos Marinho. Hoje só se fala em Brasif.

Precipitados, os estrategistas globais esqueceram apenas de uma coisa: quando cai o Rei, há cheque mate.

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