Cunha pode se tornar primeiro réu da Lava Jato no STF nesta semana
Julgamento ocorre em momento de maior "antipatia" da população
pelo presidente da Câmara, segundo o Instituto Datafolha: "Nem a Dilma
conseguiu a proeza de angariar tamanha antipatia", disse diretor
Jornal GGN - Atualizado em 29/02/2016 - 15:10
Jornal GGN - O Supremo Tribunal Federal (STF)
deverá julgar uma das denúncias contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
presidente da Câmara, sobre o possível envolvimento do peemedebista no
esquema de corrupção da Petrobras, nesta quarta (02). A
Procuradoria-Geral da República acredita que Cunha recebeu, pelo menos,
US$ 5 milhões em propina por dois contratos de navios-sonda para a
exploração de petróleo, entre 2006 e 2007.
A agenda foi uma determinação do presidente do STF, Ricardo
Lewandowski, em acordo com o ministro Teori Zavascki, relator do caso na
Corte. Nesse dia, a Segunda Turma do Supremo decidirá se aceita a
denúncia da PGR. Caso receba, o inquérito de Cunha se transformará em
ação penal e o deputado será o primeiro réu da Lava Jato no STF. A
expectativa dos ministros é que a análise será concluída em duas
sessões.
Também está em andamento na pauta de julgamentos outro pedido do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre o afastamento de
Cunha da presidência da Câmara, por usar o posto para atrapalhar as
investigações contra ele.
Apesar de o ministro relator Teori Zavascki afirmar que esse
segundo pedido deve ser julgado após a denúncia da PGR, o tema deve já
deve ser adiantado nesta quarta, durante o voto de alguns ministros.
Para a Corte, a decisão sobre o afastamento de Cunha é mais delicado e
deve ser tratado com fortes argumentos, a fim de que não pareça uma
interferência do Judiciário no Legislativo e, por isso, não deve ter o
consenso de todos os ministros.
Ainda assim, se o STF aceitar a denúncia contra Cunha, iniciando a
investigação sobre a participação do peemedebista no esquema de
contratos da Petrobras, fortalece as motivações para a saída do deputado
no comando da Câmara. A ação penal seria incluída no processo de
cassação contra ele que tramita no Conselho de Ética.
O presidente da Câmara ainda não apresentou sua defesa sobre o
pedido de afastamento do procurador Rodrigo Janot. Mas já adiantou que
não pretende deixar a presidência da Casa, mesmo se virar réu na Corte.
Na denúncia apresentada contra Cunha, Janot pede a condenação de
184 anos de prisão e a devolução de US$ 80 milhões aos cofres públicos
de Eduardo Cunha e Solange Almeida (PMDB-RJ), atual prefeita de Rio
Bonito (RJ) e então aliada do deputado na Câmara, em 2011. Á época,
Cunha protocolou em nome de Solange dois requerimentos contra empresas
do lobista Júlio Camargo, com quem teria o esquema, com objetivo de
coagir a retomar o pagamento de sua parte na propina.
O MPF obteve provas de pagamentos por Camargo, que representava a
coreana Samsung Heavy Industries e a Mitsui nos contratos, a Fernando
Baiano, que seria o interlocutor do PMDB na Petrobras. Camargo afirmou
que pagou a Baiano US$ 40 milhões para obter os contratos com a estatal e
que o dinheiro seria destinado a Nestor Cerveró, ex-diretor
internacional da Petrobras, e a Eduardo Cunha. O peemedebista, por sua
vez, nega o recebimento de propina.
Além dessa denúncia, do pedido de afastamento do PGR e do processo
de cassação que corre no Conselho de Ética da Câmara, Eduardo Cunha é
alvo, ainda, de outro inquérito no Supremo. Trata-se das contas secretas
na Suíça em nome do deputado e de seus familiares. Há a suspeita de
relação da abertura dessas contas com o recebimento de propina nos
desvios da Petrobras. No último ano, Teori Zavascki determinou o
bloqueio de 2,5 milhões de francos suíços até que se comprove a origem
desse montante.
Maior antipatia
Nos últimos dois meses, saltou em mais de dez pontos percentuais o
número de brasileiros que defendem a renúncia de Cunha, desde as
investigações contra o parlamentar.
O dado é do Instituto Datafolha, que mostrou um aumento de 65% para
76% a demanda pela renúncia de Eduardo Cunha. O levantamento também
mostrou que 78% defendem a cassação do peemedebista. Apenas 12% dos
eleitores são contra a saída dele do comando da Casa.
De acordo com a interpretação de Alessandro Janoni, diretor de
pesquisas do Instituto, a insistência do parlamentar em se manter no
cargo o fizeram uma espécie de "cadáver insepulto". "Nem a Dilma
conseguiu a proeza de angariar tamanha antipatia. Mesmo no pior momento
dela, 66% dos eleitores eram a favor do impeachment; o número dos que
querem Cunha fora é maior", afirmou.
O diretor avalia que, apesar das investigações terem início no ano
passado, Cunha capitalizava "um segmento contra o governo que enxergava
nele uma esperança de derrubar a Dilma", e que, agora, não consegue mais
reunir. "Quando apareceu a assinatura e a cópia do passaporte dele na
conta suíça, este segmento antigoverno ficou frustrado e, a partir daí,
começou a engrossar o coro dos apoiadores de Dilma pela saída do Cunha",
disse.
.
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