segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Contraponto 18.834 - "Mirian, o fio da meada"



22/02/2016

Mirian, o fio da meada

 




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À parte o drama pessoal, o fato é que o relato público de Mirian Dutra sobre sua relação com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, expõe uma intrincada relação entre interesses privados sustentados por favores públicos na era tucana do poder. Por isso, como diz o ditado popular, esse é apenas o fio da meada, que se puxado com vontade, desmancha todo o novelo.

Mirian foi contratada por uma empresa instalada nas Ilhas Cayman, um paraíso fiscal, a Eurotrade. Essa empresa pertencente à Brasif, grupo que operou por muitos anos os free shops no Brasil, lojas sem impostos para produtos estrangeiros. Importante anotar que essa exploração comercial, mesmo concentrando-se em aeroportos públicos, não foi licitada.
 
Mirian também alega que nunca trabalhou, apenas recebia da empresa e que o pagamento era feito com dinheiro ou a pedido do ex-presidente para complementar seu salário na Rede Globo, que havia sido reduzido depois que estava no exterior. Também informa que seu filho ganhou um apartamento do ex-presidente FHC na Espanha.

O ex-presidente nega que tenha enviado dinheiro à Brasif ou que tenha pedido para ela pagar Mirian. Nega também que o filho é seu por dois exames de DNA feitos com resultados negativos. Perguntas que não querem calar: por que dar um apartamento para alguém que não era seu filho? Por que ajudar a sustentá-lo?

Qual a origem dos recursos do ex-presidente para comprar um apartamento desses, uma fazenda no interior de Minas e apartamento em Paris? Sociólogo e professor universitário, nunca constou que tinha recebido grande herança de família. Por que uma empresa com negócios no Brasil e bem relacionada com o poder contrata uma jornalista que não lhe entrega serviço algum?

Mirian continua e coloca seu cunhado e a irmã no caso. Segundo ela, a irmã, Margrit Dutra Schmidt era dona da Polimídia, uma empresa de lobby em sociedade com o marido, Fernando Lemos, que cresceu nos anos 90, com a venda de serviços de gestão de crise e era chamada de "a cunhadinha do Brasil".

Funcionária pública sem nenhuma expressão, tem um patrimônio muito grande. Só o terreno dela, em Trancoso, segundo Mirian, vale mais de 1 milhão de reais. Tem conta no Canadá e apartamentos no Brasil. Agora se sabe que tem cargo de assessora no gabinete do senador José Serra e, também segundo consta, não aparece para trabalhar.

Afirma ainda que, sua ex-empregadora, a TV Globo, foi beneficiada com empréstimos subsidiados do BNDES para mantê-la afastada do Brasil.

Isso tudo será investigado? Qualquer denúncia que chega pela imprensa, via declaração ou delação, às portas do Ministério Público ou Judiciário contra integrantes do governo ou do PT é milimetricamente explorada e investigada.

Todos sabemos que, se investigada, essa situação mostrará ao país a relação promíscua entre público e privado nos governos do PSDB, aliás, em outros governos, aliás durante a história do Brasil. Por isso não permitiremos que um partido popular, um líder popular como o Lula, venha redimir os problemas e pecados causados pela elite patrimonialista e entreguista do Brasil.

Vivemos uma acirrada luta política. As capitanias hereditárias continuam. O nepotismo, poder das famílias, ainda manda, e quer continuar mandando no Brasil. Agora quer repassar todos seus pecados e crimes para o partido mais popular da história do Brasil, para o líder que ousou trincar essa relação de poder e dar um pouco de protagonismo às classes populares, aos pobres deste país.

Não, não passarão, resistiremos. Esse discurso moralista seletivo e dirigido não vingará. Se querem passar o país a limpo, desenrolem o novelo dos bastiões da moralidade. Investiguem o que Mirian Dutra trouxe a público. É hora de se escancarar a parcialidade da mídia, do desmascaramento do príncipe dos sociólogos, da reserva moral do Brasil.

É hora de abrirmos os túmulos caiados e vivermos o evangelho de Cristo, livres dos vendilhões do templo e dos falsos moralistas. Com a palavra, e desafio, os justiceiros!

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