08/09/2017
Pavor no grupo de Temer: Geddel deve virar delator
Brasil 247 - 8 de Setembro de 2017
por Tereza Cruvinel
Geddel atua no “esquema do PMDB” desde os anos 1990. Quando conquistava uma posição, o rival ACM estocava: “Geddel vai às compras”. Mas sua carreira ganhou impulso foi a partir de 2007, quando se tornou ministro da Integração Nacional no segundo governo Lula. Embora tenha fustigado o presidente e o governo petista no período anterior (2003-2006), com a reeleição de Lula a aliança com o PMDB foi sacramentada e Geddel tornou-se ministro com a bênção de Michel Temer, que presidia a Câmara. Neste cargo ele tocou várias obras de infraestrutura de alto valor no Nordeste e principalmente na Bahia, que chegaram á ordem dos R$ 500 milhões, como os projetos de irrigação do Baixio de Irecê e de Salitre, em Juazeiro, ambas na Bahia, e deu início às obras da transposição das águas do Rio São Francisco.
Ele deixou o governo para concorrer ao governo da Bahia em 2010 mas foi derrotado por Jacques Wagner, do PT. Esperneou porque o PT não o apoiou e lançou candidato próprio e ganhou a disputa. Nesta eleição, segundo colegas de partido da ala adversária, deve ter começado a torrar parte do tesouro agora descoberto. . Apesar da escaramuça local, através de Temer conseguiu ser indicado para a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal em 2011. Dilma resistiu mas acabou cedendo à pressão de seu vice. Neste cargo, deu curso ao esquema de cobrança de propinas para a liberação de empréstimos e de recursos do FI-FGTS para empresas, conforme já relatado pelo delator Cleto Falcão e por empresários delatores, em parceria com Eduardo Cunha. Esta atuação é que foi investigada pela Cui Bono e levou à sua primeira prisão.
Deixou o cargo em 2013 para disputar o Senado em 2014 e foi derrotado por Otto Alencar, apoiado por Jacques Wagner, apesar do derrame de dinheiro na campanha. Desde então, passou a defender o rompimento do PMDB com o PT e foi um dos mais ativos conspiradores do golpe de 2016 contra Dilma. Com a posse de Temer em maio de 2016, tornou-se um dos homens mais poderosos do governo, assumindo o cargo de ministro-chefe da Secretaria de Governo. Durou seis meses no cargo. Em novembro, caiu depois que o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, denunciou as pressões que dele sofria para que autorizasse a elevação do gabarito de um prédio na área histórica de Salvador, de 13 para 30 andares.
Temer e Geddel são unha e carne. Sua carta de demissão foi dirigida ao “fraterno amigo” que ajudou a colocar no cargo com o golpe de 2016. Seus apadrinhados continuam no governo e no Palácio. Ele tem muito a contar sobre tudo o que fizeram juntos neste anos todos. Com a delação de Lucio Funaro homologada, ele terá que oferecer mais revelações, além das que já foram feitas pelo operador do PMDB, para conseguir a delação. Tremei, palacianos. Geddel vem aí.
TEREZA CRUVINEL. Colunista do 247, Tereza Cruvinel é uma das mais respeitadas jornalistas políticas do País
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