14/09/2017
O “quanto vale o show” das delações
POR FERNANDO BRITO
O senador e ministro Blairo Maggi não é apenas um dos homens mais ricos do Brasil: é o 45º mais rico do Brasil e o 1.607º mais rico do mundo, segundo lista da Forbes (2015).
Não o exime, claro, de estar metido em varejos de compra e venda de políticos – ou será novidade que mo Brasil inteiro e no Centro-Oeste, especialmente, mandatos se compram e vendem? – porque, afinal, grandes fortunas, em algum momento, são formadas por negócios sombrios.
Não existe esta história de que “rico não precisa se sujar por bobagem”, porque são raríssimos os que vi, ao longo da vida, dispensarem qualquer oportunidade de ganhar dinheiro.
Mas serve para mostrar o quanto há de imundície na “onda das delações premiadas” sob a qual a país naufraga.
Afinal, Maggi está sendo investigado por “prática de obstrução de investigação criminal, que consistiu em pagar colaborador para mudar versão de depoimentos e pagar investigado para não celebrar acordo de colaboração”, segundo o Ministério Público.
Não menos espantosa é a notícia de que “Joesley Batista desconfia que pode ser traído por Ricardo Saud“, publicada pela Folha, dando conta de o companheiro de copo e inconfidências do empresário “pode traí-los caso a negociação com o Ministério Público Federal para preservar benefícios que obtiveram no acordo de delação premiada naufrague”.
Há medo de cadeia para dizer e não dizer, mas há dinheiro para não dizer e para dizer.
O campo do moralismo é fértil para a roubalheira.
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