18/09/2017
A História que se repete
Brasil 247 - 18 de Setembro de 2017
Gleisi Hoffmann
A perseguição a Lula e a Dilma não é um fato isolado na História de nosso país. Os ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart também tiveram suas vidas devassadas pelos adversários políticos e pela imprensa em decorrência da postura que adotaram em seus governos. Além de privilegiarem o desenvolvimento de setores importantes da indústria nacional, de alguma forma todos tentaram reduzir a desigualdade social para transformar o Brasil em um país melhor. Assim como ocorre atualmente com Lula e com Dilma, os ex-presidentes foram acusados impiedosamente de corrupção pelas forças conservadoras, mas ao final terminaram absolvidos pela História, pois ninguém conseguiu levantar uma única prova que manchasse suas biografias.
Lula e Dilma estão na mira das elites porque retomaram a mesma agenda de seus antecessores. Vargas privilegiou os trabalhadores ainda no período do Estado Novo, garantindo proteções individuais e coletivas impensáveis até então, como jornada de trabalho de oito horas, descanso semanal remunerado, férias anuais, salário mínimo, previdência social e direito à organização sindical, entre outros benefícios. Além disso, investiu na criação da Petrobras, contrariando os interesses das poderosas petroleiras norte-americanas, e enfrentando os entreguistas, que àquela época já usavam a imprensa para opor-se a qualquer tentativa de voo solo do Brasil. Vargas sacrificou-se em defesa de suas ideias e honra, saindo da vida para entrar para a História.
JK e Jango não foram menos importantes, mas terminaram perseguidos da mesma maneira. O primeiro construiu Brasília e trouxe montadoras para o país, inaugurando um ciclo de desenvolvimento que prometia fazer em cinco anos o que não havia sido feito em 50 anos. JK foi perseguido e acusado, pasmem, de viver em um luxuoso apartamento em Ipanema que pertencia a um banqueiro. O caso foi arquivado pela Justiça por falta de provas contra o ex-presidente, que anos depois morreria misteriosamente em um acidente de carro na Dutra. Jango criou o 13º salário e foi chamado de comunista por sugerir uma reforma agrária no Brasil, sendo deposto e cassado por militares que se revezaram no poder por quase duas décadas. Também morreu anos depois, no exílio, e sua família acredita que possa ter sido envenenado.
Assim como ocorreu com esses ex-presidentes, Lula é atacado pelo que representa ao povo brasileiro. Com inúmeros processos sem base jurídica, querem impedir a maior liderança popular desse país de se candidatar e concorrer à presidência da República em 2018. Sem forças para enfrentá-lo nas urnas, tentam desmoralizá-lo publicamente, produzindo delações sem provas, denúncias baseadas em notícias de jornais e acusações de favorecimento pessoal apenas para desviar a atenção da opinião pública.
Os golpistas que assumiram o poder já deram várias provas de seu desprezo por quem ousou construir um Brasil grande e justo. Já mexeram na CLT e na Petrobras de Vargas, destroem a indústria nacional sonhada por JK, repetiram a receita da tomada do poder à força, travestida de golpe parlamentar. Espero que os brasileiros possam despertar desse pesadelo e nos ajudar a restabelecer um Brasil mais humano e voltado à maioria de nossa população. Resta a Lula voltar ao poder com a força do povo para interromper a sanha dos golpistas que destroem nossa democracia, provar sua inocência e, principalmente, impedir que nossa História nefasta de perseguição e entreguismo se repita.
GLEISI HOFFMANN. Senadora e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores
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