07/06/2018
Assalto à luz do dia
Temer entrega o petróleo e Petrobrás é forçada a rachar bilhete premiado com Shell, Exxon e Chevron
Do Viomundo - 07 de junho de 2018 às 13h11
Temer recebe o presidente da Shell no Planalto, em 2016; foto Carolina Antunes/PR/Fotos Públicas
Da Redação
A Petrobrás teve de usar o direito de preferência para não ficar de fora da exploração de áreas altamente lucrativas do pré-sal, em leilão realizado hoje pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
A expectativa de lucro é tão grande que o ágio pelo campo de Uirapuru foi de 240,35% e no de Três Marias de 500,36%.
A estatal brasileira teve de forçar a mão para dividir os lucros com as estrangeiras Petrogal, Statoil, Exxon, Chevron e Shell.
O governo arrecadou R$ 3,15 bilhões com o leilão, mas as estrangeiras vão botar a mão em uma fortuna que poderia ser integralmente embolsada pelos brasileiros.
A Petrobrás também ficou com a área Dois Irmãos, em parceria com a BP e a Statoil. Não houve ofertas pelo campo de Itaimbezinho.
Foi o primeiro leilão desde que um projeto do senador tucano José Serra modificou a lei e permitiu a empresas estrangeiras controlar campos do pré-sal integralmente, sem a presença da Petrobrás.
Depois da descoberta do pré-sal, o governo Lula impôs às petroleiras internacionais o regime de partilha, pelo qual ela são obrigadas a compartilhar o petróleo descoberto com a União a taxas variáveis.
Pelo regime anterior, de concessão, defendido pelos tucanos, elas poderiam pagar um valor adiantado e ficar com todo o petróleo descoberto, um negócio da China em campos onde o risco de não achar petróleo é desprezível.
Além disso, o governo Lula colocou a Petrobrás como operadora única e fixou em 30% a participação mínima da estatal brasileira em consórcios, o que o projeto de Serra desfez.
Telegramas vazados pelo wikileaks demonstram que José Serra prometeu a uma executiva da Chevron que, se eleito em 2010, mudaria o jogo:
“Deixa esses caras [do PT] fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo [de concessão] funcionava… E nós mudaremos de volta”, teria dito o tucano.
O pré-sal é a maior descoberta recente de petróleo e provoca a cobiça de petroleiras internacionais que têm tido dificuldade para acessar novas reservas.
Ter reservas nos livros é essencial para garantir acesso a financiamentos no mercado e exibir aos acionistas perspectivas de longo prazo.
Ao anunciar o leilão, a Federação Única dos Petroleiros denunciou:
Esses quatro campos abrangem uma área de 4.231 km² e estima-se, segundo ANP, um volume de reservas de petróleo de cerca de 14 bilhões de barris.
A ANP espera arrecadar, como bônus mínimo de assinatura, o montante de R$ 3,2 bilhões.
Assim, cada barril de petróleo custará R$ 0,23 e o percentual mínimo de excedente em óleo para a União ficou em 13,5%.
Há 16 empresas inscritas a participar, número recorde de interessados neste tipo de leilão e isso acontece por conta do grande volume de petróleo existente nos campos do pré-sal, os mesmos que o ex-presidente da Petrobrás, Pedro Parente, tanto desdenhou.
Está claro que a política estratégica do governo Temer é atrair empresas privadas para a exploração do petróleo do Pré-Sal, ele está dando a maior parte do óleo produzido para as operadoras vencedoras do leilão a um valor menor de pagamento de bônus de assinatura.
Para Simão Zanardi, coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros, “o leilão, um crime contra a soberania do país, só acontece porque a política de estado continua sendo mantida pelo governo atual, e todos precisam saber que o que está sendo leiloado é uma reserva natural e por isso deve ficar para o povo brasileiro.”
O pré-sal refere-se a uma das melhores áreas exploratórias do mundo, com as maiores descobertas offshore na última década.
Um poço do pré-sal produz, em média, mais de 30.000 barris por dia de petróleo no início da vida.
Em abril de 2018, sua produção já responde por 54,4% da produção total do Brasil.
A título de exemplo, apenas um poço do pré-sal, no Campo de Mero (no modelo de partilha da produção) produziu neste mês média de 50 mil boe/dia.
Este volume é maior do que produzido no Estado do Rio Grande do Norte, com mais de 1.300 poços (cerca de 47,7 mil boe/dia), e corresponde a duas vezes a produção de Sergipe, com cerca de 4.000 poços.
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