quarta-feira, 25 de julho de 2018

Nº 24.649 - "Ciro, para o seu próprio bem, deveria parar de dar entrevistas. Por Carlos Fernandes"

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25/07/2018


Ciro, para o seu próprio bem, deveria parar de dar entrevistas. Por Carlos Fernandes


​Do Diário do Centro do Mundo  -  25 de julho de 2018 Publicado por Carlos Fernandes


.............................................................................Ciro Gomes. Foto: Divulgação/Twitter

Existe um ditado muito empregado nos profundos rincões nordestinos que diz que “bem fala quem bem cala”. Cearense que é, Ciro Gomes deveria dar mais ouvidos à sabedoria popular de seu povo.

Numa esclarecedora entrevista ao jornal Valor Econômico, Ciro mostrou, mais uma vez, que o seu discurso molda-se ao sabor da orientação de quem o está entrevistando.

Pela intensidade da dicotomia de pensamento, pode ser um caso único no mundo.

Se alguém comparasse com o que foi dito na sua palestra aos líderes sindicais há menos de uma semana, um leitor desavisado poderia jurar que se trata de dois candidatos de campos ideológicos frontalmente opostos.

Mas como a sua incontinência verbal já deixou de ser exatamente uma novidade desde eleições passadas, o que realmente assombra é o fato dele mesmo ainda não ter percebido o mal que isso causa invariavelmente às suas próprias campanhas.

Ciro continua fazendo as mesmíssimas coisas, e como tal, colherá, por óbvio, os mesmíssimos resultados.

Só que dessa vez a coisa ainda é pior.

Após levar um “passa moleque” do “Centrão”, Ciro, gratuitamente, volta a metralhar o PT num jornal do grupo Globo.

Parece ainda não ter percebido que essa mesma direita já mostrou que, além de não confiar nele, já possui candidato constituído, o santo Geraldo Alckmin.

Ainda que de esquerda não seja, é indiscutivelmente na esquerda a sua única e remotíssima possibilidade de chegar ao segundo turno.

Atirar contra o Partido dos Trabalhadores nesse momento, inclusive afirmando que Lula, de seu cárcere, estaria “orientando” Valdemar Costa Neto, é das mais cabais provas de inabilidade política já demonstrada até o momento.

Só para se ter ideia do abismo que separa o estilo Ciro Gomes de fazer política com a real possibilidade da tão alardeada “unidade das esquerdas”, basta mencionar que ao mesmo tempo em que o ex-governador do Ceará detonava a “burocracia petista”, Fernando Haddad – coordenador da campanha de Lula e integrante dessa suposta “burocracia petista” – em entrevista ao El País dizia que mantinha “excelentes relações” com Ciro e que tem “muito respeito e admiração pelos Ferreira Gomes”.

São formas honestas, sinceras, legais e legítimas de se construir e preservar pontes. Ciro, com a sua truculência, dinamita-as.

Haddad, inclusive, não descartou uma aliança com Ciro Gomes. Questionado, afirmou que essa hipótese não teria “morrido na praia”, mas apenas continuava parada “na ilha”.

Dado o fato de que o PT terá inquestionavelmente um candidato, o que Haddad pode ter dito, sem dizer, é que se de fato Ciro quiser uma verdadeira união da esquerda, o posto de vice na candidatura que está à frente de todas as pesquisas poderia lhe ser oferecido.

Seria, inclusive, a forma mais segura e garantida do candidato do PDT subir a rampa do Palácio do Planalto no dia 1 de janeiro de 2019.

Caso prefira se manter no comando de seu Titanic, convém economizar na sua verborragia se não quiser ver aprofundar os seus índices nas pesquisas eleitorais.

Só para lembrar, em 15 de abril, segundo o Datafolha, Ciro pontuava inexpressivos 5%. Dois meses depois, em 28 de junho, o Ibope o trazia com míseros 4%.


Para evitar a colisão com o iceberg de ser um mero erro estatístico, seria interessante falar menos e ouvir mais os ruidosos avisos emitidos pelos números.

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