sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Contraponto 332 - Cobertura da Imprensa em Honduras


25/09/2009a
Noticiário e tucanos flertam com golpistas

Zé Dirceu 24/09/2009 18:40

É da água para o vinho - para recorrer a um mote popular - a diferença da cobertura da imprensa brasileira sobre a situação na Venezuela e em Honduras. O ponto em comum nesse noticiário sobre os dois países é que violam completamente e sem o menor pudor todos os princípios constitucionais e a concessão pública (no caso das TVs e emissoras de rádio) que receberam.

Mentem e deformam a realidade de acordo com seus interesses econômicos, políticos e ideológicos. Quando a oposição ao governo Hugo Chávez protesta na Venezuela e é reprimida, isto é apresentado com destaque e com direito a uma didática explicação. Já no caso de Honduras, as cenas da repressão da ditadura aos protestos são mostradas sem áudio e no sentido de provocar no telespectador repulsa à “violência" dos manifestantes.

Pior do que isso, é um noticiário que flerta com os golpistas e esconde a principal causa da situação hondurenha, o golpe de estado e um governo ditatorial repudiados em todo mundo, um governo não reconhecido por nenhum país, condenado pelas organizações das Nações Unidas (ONU) e dos Estados Americanos (OEA).

Expoentes do PSDB pescam em águas turvas

Não é diferente o comportamento dos tucanos e cia ouvidos pela mídia a pretexto de serem oposição ao governo Lula e à política do Brasil em relação aos golpistas hondurenhos: namoram a ditadura, pescam em águas turvas.

Mais grave, até, mas bem ilustrativo do que afirmo é o engodo que o Bom dia Brasil, da Rede Globo, transmitiu aos telespectadores ao afirmar que as eleições de mentira convocadas pela junta militar que governa Honduras - liderada pelo civil Roberto Micheletti como presidente de fachada - são em cumprimento aos acordos de Costa Rica.

Não são. Estes acordos, propostos pelo mediador, o presidente costariquenho Oscar Árias, são repudiados até pela própria junta e pelo presidente "de fato", Micheletti.

A Globo devia dar destaque, e de forma imparcial nos textos, imagens e áudio, à repressão, ao toque de recolher, à violência da polícia e do Exército, à violação da Constituição e condenar o regime militar em Honduras. Não flertar com ele, como faz sempre, desde que seja um golpe de direita. Mas, é a Globo e a mídia que temos: só condenam as mudanças legais e constitucionais - que taxam de autoritárias e golpistas - feitas por governos populares.
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