sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Contraponto 334 - A direita quer sangue em Honduras


25/09/2009

A direita quer sangue em Honduras

Altamiro Borges. Quinta-feira 24/09/2009

A decisão soberana e corajosa do governo Lula de conceder refúgio ao presidente Manuel Zelaya na embaixada brasileira em Tegucigalpa tirou, de vez, a máscara da direita nativa e de sua mídia fascista no tratamento do golpe em Honduras. Na prática, eles sempre torceram pelos golpistas, tratando o presidente eleito democraticamente de “chavista” e omitindo as notícias da repressão, prisões e mesmo da censura aos poucos veículos independentes deste país – as quatro oligarquias que controlam a mídia hondurenha apoiaram deste o início a truculenta quartelada militar.

Agora, tucanos, demos e o grosso da mídia direitista torcem para que haja um derramamento de sangue na embaixada brasileira. Seria a forma mais rápida de abortar os crescentes protestos pelo retorno da democracia ao país e, de quebra, de desgastar o governo Lula. O Globo desta quarta-feira (23) estampou na capa que “ação do Brasil acirra a crise e tensão cresce em Honduras”. O jornal insinua que Zelaya e Lula seriam os culpados por qualquer ato de violência; os golpistas, que transformaram o país num cemitério e já detiveram milhares de pessoas, são inocentados. O editorial da Folha, saudosa da “ditabranda”, acusa a diplomacia brasileira de “aventureira”.

Tucanos enciumados na TV Globo

A manipulação é das mais repugnantes. Nas redes de televisão, que são uma concessão pública, as mentiras ganham alcance de massas. No jornal matinal da TV Globo, Alexandre Garcia, que foi assessor do ditador João Figueiredo (exonerado porque pousou semi-nu numa revista), insiste em rotular Zelaya de “golpista”. Já na Globo News, o ancora André Trigueiro joga o seu passado no lixo e debocha da diplomacia brasileira. Tendencioso, entrevista apenas diplomatas tucanos, sem revelar suas origens. O ex-embaixador Rubens Barbosa, enciumado, torce: “É possível o confronto. O governo de Honduras já disse que responsabilizará o Brasil”. Já o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia, rancoroso, esbraveja: “Zelaya está fazendo da embaixada uma tribuna”.

Guiados pela mídia, senadores tucanos usam a tribuna para criticar os presidentes Zelaya e Lula. Afirmam que o presidente hondurenho é um populista e que Lula deu um palanque político para o seu retorno ao governo. Eduardo Azeredo, autor do AI-5 Digital, e o aloprado Artur Virgílio bem que poderiam oferecer seus serviços de consultoria golpista para os “gorilas” de Honduras. Temerosos com os avanços das forças progressistas e de esquerda na América Latina, a direita nativa e sua mídia venal não vacilam mais em defender os golpistas. A democracia que se dane!

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PITACO DO ContrapontoPIG

- Alexandre Garcia e André Trigueiro firmes na condução do "rebanho globovino".
- Arthur Virgílio - o criminoso confesso de falcatruas no Senado - e o Eduardo Azeredo, autor do AI 5 Digital, "prestando consultoria" aos gorilas de Honduras.
- PIG e tucanos estão a mil...
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Um comentário :

  1. Faces do golpismo

    Há duas atitudes aparentemente distintas perante o golpe de Estado hondurenho.
    Uma destila o tradicional veneno antidemocrático, de retórica agressiva e valores distorcidos. Encontramo-la no udenismo renovado que aflorou no vácuo moral das classes médias urbanas. Para a vertente, Zelaya caiu porque mereceu, porque o “chavismo” deve ser combatido a porrete.
    A outra face, enganadoramente inofensiva, escuda-se na apatia manhosa do pior provincianismo. Prefere a omissão do colonizado jeca, escancarando a banguela, tirando o chapéu para o painho estadunidense. Tem vergonha de ser brasileiro e defende que o país ocupe seu lugar na latrina do mundo subalterno. Convenientemente ignóbil, não “consegue” perceber que as próximas eleições hondurenhas vão justamente sacramentar o golpe, tornando-o irreversível e impune.
    Ambas as posturas são complementares e indissociáveis. Mescladas nas diversas gradações combinatórias possíveis, constituem o estofo ideológico de todo movimento golpista: sempre há uma vanguarda atuante, apoiada na massa de manobra servil, que lhe garante a ilusão da legitimidade.
    É importante entender esse mecanismo em funcionamento durante episódios externos e distantes, para reconhecê-lo quando operar em nosso próprio ambiente.

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