quinta-feira, 8 de abril de 2010

Contraponto 1849 - Folha sente as dores do abandono do "legado" de FHC

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08/04/2010


Folha sente as dores do abandono do "legado" de FHC




Portal Vermelho - 7 de Abril de 2010 - 17h53

Em editorial publicado nesta quarta-feira (7), com o sugestivo título "Chega de Saudade", o jornal Folha de S. Paulo mostra-se ressentido com o fato do "legado" deixado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estar sendo desprezado pelos próprios tucanos.
Para não culpar diretamente o tucanato pelo abandono de FHC, o jornal mira na estratégia de campanha da pré-candidata Dilma Rousseff para acusá-la de renegar o que o jornal chama de "uma das mais notáveis conquistas econômicas da história moderna do país".

O Brasil "nada tem a ganhar com a tentativa da candidatura governista de forjar uma revanche de disputas pretéritas", afirma o editorial, que tenta defender seu ponto de vista a partir de um argumento frágil: o de que os jovens de hoje não se lembram de como foi o governo anterior ao de Lula. "Mas, se procurar informações, saberá que coube a FHC, na sequência do impeachment de Fernando Collor, e ainda no governo de Itamar Franco, lançar um plano - depois de várias tentativas frustradas- capaz de superar o perverso ciclo hiperinflacionário que havia anos dilapidava a economia popular e impedia o desenvolvimento do país", registra o jornal tentando defender o governo neoliberal de Fernando Henrique.

Descaradamente, o editorial termina repetindo ipsis litteris o slogan que os tucanos adotaram para a campanha de Serra: "O Brasil precisa pensar e agir com olhos no futuro".

Dilma: Serra e FHC, tudo a ver

Dilma parece ter lido e entendido o recado dos barões da mídia, mas não levou o desaforo para casa. Ainda hoje, a ex-ministra respondeu e disse que seu provável adversário, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), precisa sim ser analisado no âmbito do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, Minas Gerais, ela ressaltou que a mais recente gestão tucana do plano federal foi o governo FHC, e lembrou que Serra ocupou as pastas do Planejamento e da Saúde.

"Eu não tenho vergonha do Lula, eu não escondo o presidente Lula", disse Dilma, ao ser questionada sobre a estratégia do PT de estabelecer uma comparação na disputa presidencial deste ano entre os governos Luiz Inácio Lula da Silva e FHC. Porém, ela disse que é preciso reconhecer "coisas boas que foram feitas no passado" e citou a Lei de Responsabilidade Fiscal do governo tucano.

Da redação, Cláudio Gonzalez

Leia também: Após polêmica, PSDB resolve incluir FHC em evento para Serra
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Um comentário :

  1. O direito de comparar
    (publicado na revista Caros Amigos)

    A mídia conservadora menospreza o tom plebiscitário das eleições presidenciais porque tem horror a promover um confronto direto entre os resultados dos governos FHC e Lula. Embora a imensa aprovação ao petista represente um julgamento público que jamais estaria dissociado de méritos administrativos, seu caráter subjetivo permite atribuí-la parcialmente ao carisma ou à índole populista do mandatário. Já as estatísticas são perigosas, pois menos permeáveis a contaminações ideológicas de qualquer espécie.
    Por isso há tamanho esforço para omitir os dados existentes ou diluí-los em amostragens de longa duração. A previsível tendência evolutiva dos grandes períodos atenua as particularidades das gestões, conferindo base pseudocientífica à falácia de que elas foram semelhantes e indissociáveis. O passo seguinte é adotar o discurso oposicionista contra a “malandragem de Lula”, não apenas para roubar-lhe a discutível glória de superar seu medíocre antecessor, mas porque, em 2006, a candidatura de Geraldo Alckmin ruiu no momento em que o impopular FHC foi trazido ao debate.
    A tentativa de desqualificar as comparações é uma estratégia antidemocrática para empobrecer a campanha eleitoral em favor da candidatura do PSDB. O golpe visa neutralizar um elemento fundamental da definição do voto, mais importante ainda quando a escolha envolve continuidade e ruptura, personificadas por partidos adversários, que protagonizaram governos sucessivos. Excluída a possibilidade de cotejar experiências administrativas, restam demagogias, ataques pessoais e falsas reputações fabricadas pelos tendenciosos veículos de São Paulo e Minas Gerais.
    A imprensa viola suas prerrogativas constitucionais quando sonega informações cruciais para o exercício da cidadania. O eleitor tem o direito de conhecê-las, e só ele pode julgar sua relevância.

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