17/05/2010
Viomundo - 16 de maio de 2010 às 5:30
Iran ‘agrees’ nuclear fuel swap
do site em inglês da rede árabe Al Jazeera
do site em inglês da rede árabe Al Jazeera
Irã, Turquia e Brasil fecharam um acordo para uma troca de combustível nuclear que poderá reduzir preocupações com o programa nuclear de Teerã, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, informou.
Davutoglu anunciou o acordo em uma entrevista coletiva na noite de domingo depois que o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan adiou uma viagem ao Azerbaijão para se juntar às conversações em Teerã.
Ele disse que o acordo foi fechado “depois de quase 18 horas de negociações”; o anúncio formal é esperado para segunda-feira de manhã.
Erdogan voou para Teerã depois que o presidente do Brasil, Luiz Inacio Lula da Silva, teve um dia de conversas com Mahmoud Ahmadinejad, seu colega iraniano, no que foi descrito pelos Estados Unidos e Rússia como última chance antes de novas sanções [contra o Irã].
A TV turca informou que os três líderes discutiram um acordo pelo qual o Irã trocaria em território turco seu urânio de baixo enriquecimento por combustível nuclear produzido fora do país.
Mas detalhes — sobre a quantidade de urânio que seria entregue e como a troca aconteceria — ainda não foram divulgados.
Anúncio esperado
Alireza Ronaghi, da Al Jazeera em Teerã, diz que o encontro do Grupo dos 15 será aberto na segunda-feira de manhã em Teerã e que o anúncio do acordo poderia ser feito na abertura do encontro.
“A conferência do G15 será aberta pelo presidente Ahmadinejad e espero que o discurso dele inclua alguns detalhes sobre o acordo”, ele disse.
“Espero que ele será tão desafiador e agressivo como antes, mas ao mesmo tempo vai demonstrar que o Irã defende negociações e que vai fazer concessões para demonstrar sua boa vontade”.
As especulações cresceram de que alguma coisa seria anunciada depois que Erdogan mudou seu planos de viagem. O primeiro-ministro turco tinha cancelado inicialmente seus planos para visitar o Irã.
A visita de Lula, que incluiu um encontro com o aiatolá Ali Khamenei, o supremo líder do Irã, assim como um encontro com Ahmadinejad, era vista como uma última tentativa de mediar um acordo.
Antes de partir para Teerã, Lula havia dito que estava “otimista” com a visita e que esperava persuadir Ahmadinejad para chegar a um acordo com o Ocidente na questão nuclear.
“Preciso agora usar tudo o que aprendi em minha longa carreira política para convencer meu amigo Ahmadinejad para chegar a um acordo com a comunidade internacional”, ele disse.
Os Estados Unidos e a Rússia tinham alertado que as chances de sucesso eram fracas. Mas antes das negociações, Teerã sinalizou que estava disposta a ouvir qualquer proposta.
“Recebemos várias propostas e estamos avaliando todas elas”, disse o chefe atômico do Irã, Ali Akbar Salehi, segundo a mídia local do Irã informou no sábado.
“Existe uma vontade dos dois lados para resolver o problema e as coisas tem se movido positivamente”.
Relutância iraniana
Previamente o Irã se mostrou relutante em permitir que seu estoque de urânio deixe o país antes de receber combustível nuclear, dizendo que a troca deveria acontecer simultaneamente dentro do país.
Na semana passada, Mohsen Shaterzadeh, o embaixador do Irã no Brasil, disse que a troca em outro país poderia ser aceitável.
O Brasil e a Turquia, ambos membros não-permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, até agora não apoiaram as tentativas dos Estados Unidos de ampliar as sanções contra o Irã por causa da decisão do país de não aceitar ultimatos para suspender o enriquecimento de urânio.
“Eu penso que o Irã tem interesse em manter a Turquia de seu lado e o Brasil de seu lado e tem um interesse em fazer mais amigos que inimigos”, disse Mahjoob Zweiri, um expert em Irã da Universidade do Catar, à Al Jazeera.
Os Estados Unidos e seus aliados dizem que o Irã quer urânio altamente enriquecido para fazer uma bomba atômica, mas Teerã diz que seu programa é desenhado para suprir as necessidades civis de energia.
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Lula no passado defendeu as atividades nucleares do Irã, dizendo que Teerã tem o direito à energia atômica e tem dito repetidamente que sanções seriam contraproducentes e ineficazes.
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