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03/02/2012
Do Blog Brasil que Vai - quarta-feira, 2 de maio de 2012
Com a acalorada discussão que agora se trava sobre a guerra declarada pela presidente da República aos juros praticados pelos grandes bancos do País, muito do que era disfarce e jogo de espelho começa a revelar-se como o que de fato é, indisfarçável disputa pela apropriação de parcela expressiva da renda nacional pelo setor financeiro.
Tivemos a oportunidade de anunciar ainda em agosto de 2011 que o governo preparava-se para fazer da redução dos juros a espinha dorsal de sua política de incentivo aos investimentos, ao consumo e às exportações. Vale dizer, de uma efetiva política de longo prazo de renda e emprego benéfica ao País. Acertamos.
Nesse tempo, que não vai longe, a rede Globo de Televisão patrocinava em seus telejornais uma espécie da “liga da injustiça”. Integravam-na Alberto Sardemberg, Miriam Leitão e um grupo imberbes rapazolas representantes dos departamentos econômicos do quarteto dos maiores bancos brasileiros.
A finalidade era a de inverter a legitimidade do comando da economia, fazendo-a deslocar-se do governo democraticamente eleito 4 anos antes – o de Lula da Silva – para o sistema financeiro e a sua rede de intermediários e beneficiários mais diretos, os setores rentistas.
Aproveitavam a natural fragilidade do governo que se encerrava para fazerem dos interesses da banca o farol para as decisões econômicas do governo. Nada mais relevante então, segundo eles, para as definições do que seria melhor para o País que as projeções do chamado boletim Focus.
Elaborado pelo Banco Central, esse boletim é um apanhado de projeções elaboradas pelos economistas dos bancos privados, que antecipam à sociedade (melhor seria dizer, advertem-na) sobre quais os níveis desejáveis para a taxa de juros, os gastos governamentais e o câmbio a que as autoridades deveriam dar ensejo no período subsequente ao da sua divulgação.
Com o enfoque de cartilha que se dava (e ainda se dá) ao estudo, pretendia-se fazer passar as expectativas sobre o curso de maior conveniência a um determinado setor da economia, o bancário, como expressão do que seria o interesse geral da sociedade e reflexo de um auto-referido "pensamento do mercado". Mercado que sem indústrias, sem comércio, sem agricultura e sem trabalhadores tem nos bancos o fim e o começo.
As sucessivas remarcações para baixo dos juros pelo banco central sem consideração à banca, e mais recentemente a redução das taxas praticadas pelos bancos oficiais, frustraram a tentativa de setor financeiro de pautar à sua conveniência a política econômica de governo e deram início ao programa que se vier a dar certo contituir-se-á na maior conquista da cidadania depois da estabiliação da economia e da redução da pobreza, a queda estrutural do juros.
Ao mesmo tempo em que o governo recusava as apostas do mercado como parâmetro exclusivo para a tomada de decisões, sumiam dos telejornais da rede Globo os porta-vozes dos grandes bancos , Sardemberg e Leitão. Mais pelos prejuízos que trouxeram à imagem da emissora por vaticínios nunca consumados sobre a ruína iminente do País caso a pauta fixada pelo setor financeiro não viesse ser implementada, e menos por qualquer conversão da empresa ao que constituiria os reais interesses da nação em matéria de política econômica.
Não por coincidência, o irmão de Alberto Sardemberg, que ainda impera como propagandista dos bancos na rádio CBN e no telejornal das Organizações comandado pelo suposto espia americano denunciado pelo Wikileaks ano passado, Wiliam Waack, aparece à luz do dia falando em nome da Federação Brasileira dos Bancos - Febraban.
Rubens Sardenberg que fez carreira nos departamentos de economia dos grande bancos, durante o tempo em que primogênito da família pontificava nos noticiosos da Globo, possui agora voz própria como presidente da entidade que representa os grandes bancos e pode prescindir algo da colaboração fraterna.
Nada diz, é verdade, sobre a margem de lucro de 30% que os grandes bancos usufruem pelos serviços de intermedição financeira no Brasil contra os 5% praticados pelos congêneres no resto do mundo. Mas é bastante eloquente quando fala da necessidade de sacrificar a remuneração da poupança para que não se torne atratativa o bastante aos depositantes na concorrência que faz às captações financeiras dos bancos.
O irmão mais velho, ainda armado dos microfones da Globo, naturalmente o endossa.
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