sexta-feira, 22 de março de 2013

Contraponto 10.711 - "O jogo de xadrez da oposição para 2014"






 
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Para as próximas eleições presidenciais, há quatro personagens influindo nos destinos da oposição:

Aecio Neves, como candidato favorito do PSDB.

Eduardo Campos, como candidatura em ascensão.

Geraldo Alckmin, candidato à reeleição ao governo de São Paulo, mas cujos interesses passam pela definição das alianças do PSDB no plano federal.

José Serra, candidato do PSDB em 2010 e, atualmente, sem espaço no partido.
Há as seguintes possibilidades em jogo:

1. Aécio e Campos saem candidatos por seus respectivos partidos.

2. Campos sai candidato tendo Serra como vice.

3. Campos sai candidato tendo Aécio como vice.

4, Serra sai candidato por outro partido, que não o PSDB.

Vejamos como os interesses pessoais de cada um podem interferir nas composições, e porque aposto mais na possibilidade 3.

Geraldo Alckmin

Sobre Eduardo Campos - interessa a ele uma aproximação com o PSB de Eduardo Campos, para fortalecer a aliança que o apoiará na tentativa de reeleição em São Paulo.
Sobre Aécio Neves - interessa um PSDB unido em torno de Aécio, desde que não provoque um racha no PSDB paulista.

Sobre José Serra - não interessa em hipótese alguma abrir qualquer espaço para Serra. Mas também teme que Serra imponha um racha que paralise o PSDB.

Aécio Neves

Terá enorme dificuldade para burilar um discurso competitivo ou para trocar a vida pessoal pelos sacrifícios da campanha. Por outro lado, representa uma soma considerável de interesses do seu estado e do setor financeiro. As últimas pesquisas de opinião, sobre a popularidade de Dilma, apontam para a quase inviabilidade de uma candidatura isolada.

Sobre Eduardo Campos - tem boa afinidade com Campos. Há espaço para uma composição com o PSB de Campos.

Sobre Geraldo Alckmin - nenhum problema em um acordo que preserve o espaço de cada um e um arranjo que não dificulte a vida de Alckmin em São Paulo.
Sobre José Serra - nenhuma possibilidade de composição.

Eduardo Campos

Sem o apoio de um partido nacional, como o PSDB, e sem um bom palanque em estados-chave - como São Paulo e Minas - não tem chance sequer de fazer boa figura. Por outro lado, está ganhando rapidamente a confiança dos setores empresariais que sempre garantiram apoio ao PSDB.

Tem duas alternativas pela frente. A primeira, de se candidatar agora, perder mas se cacifar como o novo líder da oposição. Corre o risco de uma derrota que corroa seu capital política. Por outro lado, se não sair candidato em 2014, sua única alternativa será o Senado, talvez a presidência, para se lançar em 2018.

O aceno do PT, para que seja cabeça de chave em 2018, não o comove, por ser impossível garantir o desenho político com tanta antecipação.

Sobre Geraldo Alckmin - interessa a Campos uma parceria, que lhe garanta palanque em São Paulo.

Sobre Aécio Neves - o desenho ideal seria convencê-lo a se tornar seu candidato a vice.
Sobre José Serra - joga com Serra apenas para reforçar seu cacife junto a Alckmin e Aécio. Mas, politicamente esperto como é, jamais teria confiança ou arriscaria um pacto com Serra. Seria pintar em sua testa a marca da intolerância.A rejeição a Serra é infinitamente maior que seu cacife eleitoral. Aliás, o grande cacife de Serra sempre foi o voto anti-PT que, de qualquer modo, irá para qualquer candidatura de oposição.

Jose Serra

O serrismo, hoje em dia, consiste em Serra, Jutahi, Aloisio e Goldman. E também o inexpressivo PPS de Roberto Freire. Pode parecer pouca coisa, e é mesmo. A velha mídia já está desembarcando de Serra e partindo em direção a Aécio e Campos. Os movimentos sem rumo de Serra - ora anunciando a ida para o PPS, ora insinuando aproximação com Campos - são os últimos vagidos para se manter no jogo, ainda que como personagem secundário cujo único objetivo será o de boicotar qualquer candidatura de oposição que não seja a dele próprio. Sabe que, sem o PSDB, será menor ainda.

Sobre Geraldo Alckmin - ambos se detestam.

Sobre Aécio Neves - ambos se detestam.

Sobre Eduarco Campos - é só Campos ter um pouco mais de visibilidade para provocar o mesmo ódio visceral que Serra dedica a todo jovem político que atravessa seu caminho.

Conclusão

Muita água vai rolar e há muitas possibilidades na mesa.

Com todas as ressalvas sobre a dose de imprevisibilidade nesse início de jogo, tenho para mim que a oposição irá partir para a dobradinha Eduardo Campos-Aécio Neves.

A aposta se funda em alguns movimentos, ainda incipientes, mas que deverão ganhar força nos próximos meses.

Há uma diferença enorme entre o potencial de Aécio e o de Campos. Aécio tem problemas de informação e, principalmente, de vontade política. Política é para ser exercida 24 horas por dia, por quem ambiciona a presidência. E Aécio definitivamente não parece talhado para isso. Ele é um personagem midiático forte, com seu ar juvenil e de garotão de bem com o mundo. Não mais que isso.

Por seu lado, Campos firmou imagem como um grande gestor, é um político de mão pesada, como o avô Miguel Arraes. Ganha o meio empresarial pelo estilo, a direita, por poder representar o anti-PT e setores intelectuais de centro-esquerda, por herança familiar, lembrando um pouco as origens do PSDB, enterradas por FHC.

Não será fácil ao PSDB entregar a cabeça de chapa a alguém de fora. Mas provavelmente não terá alternativa. Hoje em dia, há tamanho vácuo de liderança no partido, que nao consegue exorcizar nem mortos-vivos políticos, como Serra.

De impasse em impasse, poderá terminar no colo de Campos.

Seja qual for o desfecho, Dilma Rousseff mantem amplo favoritismo em 2014.


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PITACO DO ContrapontoPIG

O jogo de xadrez  deverá se transformar num jogo de damas. Aliás, de uma só dama: Dilma Rousseff

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