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21/11/2013
JB, entre a ignorância e a maldade
Urariano Mota
Recife (PE) - Antes, quando escrevemos “Joaquim
Barbosa, o herói da mídia”, pensávamos que o ministro Joaquim já havia
ido longe demais no desprezo aos direitos, da lei, da natureza humana, e
do que até então era norma no STJ, que ele, Joaquim, à semelhança de um
rei que tudo pode preside.
Já em meses anteriores, era cada vez mais claro que a sua condução do
julgamento era na essência política. Acompanhado e, mais que
acompanhado, acompanhando a pauta da mídia, ele era o cara da telenovela
que transformara o tribunal em cenário para um enredo de farsa, que
vinha a ser a punição para os corruptos em um novo Brasil. Sob a sua
figura de Batman, o Supremo Tribunal Federal se comportava em obediência
à sociedade de classes, na feroz luta política.
Ali, o conceito
de prova se reinventava. Indícios, que por definição seriam hipóteses,
viravam fatos incontestáveis, sob o especioso argumento de que era
“impossível que o acusado não soubesse”. Houve provas como deduções da
retórica digna de sofistas, na base do se isso, então aquilo. O
elementar de qualquer tribunal do mundo civilizado, de que não basta
supor, não basta desconfiar, nem ter como provável. Esse elementar foi
jogado às favas. O objetivo do “julgamento” eram as conquistas de um
governo de esquerda, que, se trouxe ganhos maiores para o capital,
também redistribuiu renda, e no que tem de pior, um governo que ameaçava
uma insuportável democracia: leis de regulação da mídia, perdas
irreparáveis de privilégios.
Então a sentença foi proferida
bem antes do processo e das imagens das togas à morcego entrarem no ar.
No limite, o importante era preservar as aparências da fiel observância
às leis, no mais encenado rito. Mas o mal, a maldade e a dura lei
política havia de seguir até o fim. Mal adivinhávamos que para o tamanho
da sua ambição, Joaquim Barbosa desconheceria limites ou pagamentos em
arbítrio antecipados para Sua maior sagração. E nesse particular, o
onipotente ministro Joaquim Benedito, que Deus o aguarde, Barbosa foi
além. Avançou com risco de cadáveres de réus, como o de José Genoíno,
que todos sabiam sofrer de enfermidade cardíaca, além de permitir a
violência contra direitos básicos, assegurados em qualquer sentença de
prisão.
Enquanto escrevo, corre um manifesto que denuncia as ilegalidades cometidas pelo presidente Joaquim Benedito Barbosa aqui
Clique aqui Nele se pode ver que
“O presidente do STF fez os pedidos de prisão, mas só expediu as
cartas de sentença, que deveriam orientar o juiz responsável pelo
cumprimento das penas, 48 horas depois que todos estavam presos. Um
flagrante desrespeito à Lei de Execuções Penais que lança dúvidas sobre o
preparo ou a boa-fé de Joaquim Barbosa na condução do processo.
A verdade inegável é que todos foram presos em regime fechado
antes do ‘trânsito em julgado’ para todos os crimes a que respondem
perante o tribunal. Mesmo os réus que deveriam cumprir pena em regime
semiaberto foram encarcerados, com plena restrição de liberdade,
sem que o STF justifique a incoerência entre a decisão de fatiar o
cumprimento das penas e a situação em que os réus hoje se encontram.
Mais
que uma violação de garantia, o caso do ex-presidente do PT José
Genoino é dramático diante de seu grave estado de saúde. Traduz quanto o
apelo por uma solução midiática pode se sobrepor ao bom senso da
Justiça e ao respeito à integridade humana.
Querem encerrar a AP 470 a todo custo, sacrificando o devido processo legal. O
julgamento que começou negando aos réus o direito ao duplo grau de
jurisdição conheceu neste feriado da República mais um capítulo sombrio”.
Agora, vem a melhor do Bendito todo-poderoso: o ministro lança o
Brasil numa crise institucional, num conflito entre poderes da
República. Para caçar Genoíno, ele cassou o mandato de um parlamentar,
ao mesmo tempo em que cassou uma prerrogativa do Poder Legislativo. As
últimas notícias falam que o presidente da Câmara, Henrique Eduardo
Alves, não vai cumprir a determinação do presidente do STF de cassar
automaticamente o mandato do deputado licenciado José Genoíno. Ainda que
o STF determine o cumprimento dessa mera “formalidade”, a Câmara dos
Deputados vai analisar com muita isenção, à semelhança de Joaquim
Benedito, a cassação de um parlamentar por outro poder.
E agora, Joaquim? O que desejas além da óbvia candidatura à
presidência do Brasil? Será que não percebes o abismo que podes cavar
com a tua imensa gula?
Melhor que a telenovela Amor à Vida, os próximos capítulos da
política brasileira serão emocionantes. Mas o verdadeiro papel jogado
pelo César do Supremo ainda não passa na televisão. Por enquanto, ele
ainda é o caçador de corruptos.
Urariano Mota - É
pernambucano, jornalista e autor dos livros "Soledad no Recife" e “O
filho renegado de Deus”. O primeiro, recria os últimos dias de Soledad
Barrett. O segundo, seu mais novo romance, é uma longa oração de amor
para as mulheres vítimas da opressão de classes no Brasil.
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PITACO DO ContrapontoPIG
Não tem ninguém para colocar um bridão ou uma camisa de força neste déspota transtornado ?
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