Outro dia perguntei se os brasileiros iam esperar que Genoino morresse para se mexer.
Foi a mesma sensação que tive agora, e não só agora, para dizer ao verdade, ao ver a entrevista que a Folha deu com o jurista português José Joaquim Gomes Canotilho. O jornal o declara “guru” dos juízes do Supremo, tantas vezes Canotilho foi citado, em julgamentos diversos, por eles.
Canotilho criticou basicamente todo o processo do Mensalão: a ausência de um segundo fórum de julgamento, a onipresença de Joaquim Barbosa em todas as etapas do caso e os poderes extraordinários do Supremo, não encontrados, segundo ele, em nenhuma corte europeia.
A reação imediata banal que vem é: que processo cheio de falhas, deus do céu.
Mas a pergunta mais útil é: por que aquele tipo de colocação – que joga luz nas sombras, uma das atividades mais nobres do jornalismo – não veio na hora certa, em meio ao julgamento?
Injustiças poderiam ser evitadas. Absurdos poderiam ser corrigidos.
No caso da Folha, especificamente: por que ela não ouviu Canotilho antes?
E aí chegamos ao lastimável papel da mídia brasileira no julgamento.
A Folha não ouviu no momento devido o “guru” dos ministros por duas razões.
Primeiro, porque ele não estava no Brasil, e a mídia brasileira sofre de um provincianismo pavoroso.
Canotilho teve que vir ao Brasil – está lançando um livro – para que a Folha o ouvisse sobre um tema de extraordinária importância.
Segundo, porque não convinha colocar no debate uma voz dissonante – nem à Folha e muito menos às coirmãs Veja e Globo.
Tente, agora que Canotilho virou notícia no Brasil, encontrar alguma coisa dele na Veja, por exemplo.
O mesmo sentimento de atraso já me assaltara quando vi o jurista Ives Gandra Martins dizer que Dirceu estava sendo condenado sem provas.
Ora, por que ele não disse aquilo antes que a sentença fosse proferida?
Bandeira de Mello, outro jurista consagrado, também ganhou um destaque tardio quando sugeriu, dias atrás, que o PT processasse Joaquim Barbosa, a quem chamou de mau.
Depoimentos como o de Canotilho, Gandra e Bandeira de Mello teriam ajudado os brasileiros a entender melhor o julgamento do Mensalão e a evitar excessos que são a injustiça mascarada de justiça. (Grifo do ContrapontoPIG)
Por que só agora depoimentos tão relevantes vieram para o debate? Como réus que possam ter sido condenados iniquamente vão ser indenizados, caso – como suspeito – fiquem claro, com o correr dos dias, os erros do Supremo?
A posteridade há de colocar Joaquim Barbosa no devido lugar. Aliás, espero que o julgamento de Barbosa perante os brasileiros não seja feito apenas pelos pósteros – mas pelo presente.
Mas o banco dos réus, nesse episódio todo, não será ocupado apenas por JB e quase todos colegas de STF.
Também a mídia – notadamente a Veja e a Globo – estará sentada no mesmo banco.
Foi a mesma sensação que tive agora, e não só agora, para dizer ao verdade, ao ver a entrevista que a Folha deu com o jurista português José Joaquim Gomes Canotilho. O jornal o declara “guru” dos juízes do Supremo, tantas vezes Canotilho foi citado, em julgamentos diversos, por eles.
Canotilho criticou basicamente todo o processo do Mensalão: a ausência de um segundo fórum de julgamento, a onipresença de Joaquim Barbosa em todas as etapas do caso e os poderes extraordinários do Supremo, não encontrados, segundo ele, em nenhuma corte europeia.
A reação imediata banal que vem é: que processo cheio de falhas, deus do céu.
Mas a pergunta mais útil é: por que aquele tipo de colocação – que joga luz nas sombras, uma das atividades mais nobres do jornalismo – não veio na hora certa, em meio ao julgamento?
Injustiças poderiam ser evitadas. Absurdos poderiam ser corrigidos.
No caso da Folha, especificamente: por que ela não ouviu Canotilho antes?
E aí chegamos ao lastimável papel da mídia brasileira no julgamento.
A Folha não ouviu no momento devido o “guru” dos ministros por duas razões.
Primeiro, porque ele não estava no Brasil, e a mídia brasileira sofre de um provincianismo pavoroso.
Canotilho teve que vir ao Brasil – está lançando um livro – para que a Folha o ouvisse sobre um tema de extraordinária importância.
Segundo, porque não convinha colocar no debate uma voz dissonante – nem à Folha e muito menos às coirmãs Veja e Globo.
Tente, agora que Canotilho virou notícia no Brasil, encontrar alguma coisa dele na Veja, por exemplo.
O mesmo sentimento de atraso já me assaltara quando vi o jurista Ives Gandra Martins dizer que Dirceu estava sendo condenado sem provas.
Ora, por que ele não disse aquilo antes que a sentença fosse proferida?
Bandeira de Mello, outro jurista consagrado, também ganhou um destaque tardio quando sugeriu, dias atrás, que o PT processasse Joaquim Barbosa, a quem chamou de mau.
Depoimentos como o de Canotilho, Gandra e Bandeira de Mello teriam ajudado os brasileiros a entender melhor o julgamento do Mensalão e a evitar excessos que são a injustiça mascarada de justiça. (Grifo do ContrapontoPIG)
Por que só agora depoimentos tão relevantes vieram para o debate? Como réus que possam ter sido condenados iniquamente vão ser indenizados, caso – como suspeito – fiquem claro, com o correr dos dias, os erros do Supremo?
A posteridade há de colocar Joaquim Barbosa no devido lugar. Aliás, espero que o julgamento de Barbosa perante os brasileiros não seja feito apenas pelos pósteros – mas pelo presente.
Mas o banco dos réus, nesse episódio todo, não será ocupado apenas por JB e quase todos colegas de STF.
Também a mídia – notadamente a Veja e a Globo – estará sentada no mesmo banco.
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