15/06/2014
Mais médicos: o porquê da histeria e do ódio da classe dominante.
http://www.apocaodepanoramix.com/?p=4627
Andrei Barros Correia
Indicador muito seguro de
algo favorável à maioria dos brasileiros e ser alvo do ódio e da
histeria da classe dominante, materializados nos discursos da imprensa,
repercutidos incansavelmente pela pequena-burguesia.
Tudo que se fez a beneficiar o maior
número foi atacado violentamente e o programa mais médicos evidentemente
não seria exceção a esta regra de ouro. Foi bombardeado diariamente na
imprensa majoritária e estes ataques mereceram amplificação constante
pela classe média alta, que além de repetiu o que lhe foi ensinado,
acrescentou mais tolices por sua própria conta.
Ontem tive a preciosa ocasião de almoçar
com doze médicos cubanos que estão por aqui, no âmbito do programa mais
médicos. Um bom almoço e aprazível tarde de convívio com os cubanos.
Percebi à perfeição porque a classe dominante vota tanto ódio ao
programa e principalmente aos cubanos que vieram. Eles são um perigo
real à estrutura de segregação social tão bem montada e mantida no
Brasil.
É absolutamente desconcertante para um
brasileiro munido do mínimo de auto-crítica conversar com médicos
normais, com médicos a se comportarem como pessoas comuns. E os cubanos
são assim totalmente normais e mais bem instruídos em termos de cultura
geral que seus similares brasileiros. Dispostos à conversação, falantes
de um castelhano fácil de compreender, esforçadíssimos para falarem
português, curiosos mas não invasivos, disponíveis para responder à
nossa curiosidade.
A ameaça reside exatamente em que os
mais pobres emancipam-se a pouco e pouco na medida em que têm acesso a
serviços de saúde prestados por pessoas que não se portam como
semi-deuses nem pensam só em dinheiro, nem trabalham primordialmente
para a indústria. Depois que descobrem ser possível outra realidade
diversa daquela do inacessível, caro, grosseiro e funcionário de
laboratório, quererão o serviço a que têm direito.
As pessoas que utilizam os serviços de
cuidados básicos de saúde estão encantadas com essa acessibilidade,
disponibilidade, assiduidade que realmente observa-se nos cubanos. Elas
são capazes de perceber as diferenças, entre elas a mais evidente: a
presença física do médico cubano em todo o período de trabalho. Na
verdade, bastaria a assiduidade para perceber as diferenças.
Aparentemente, a histeria da máfia de
branco brasileira não tem muito sentido, além de reação contra a
diferença, até porque os estrangeiros do mais médicos não podem fazer
qualquer coisa além de trabalhar em programas de saúde da família – PSF.
E somente podem passar até três anos no Brasil, depois têm de retornar.
Ou seja, os estrangeiros do mais médicos não representam qualquer
ameaça ao mercado dos médicos brasileiros, pois com eles não competem.
Acontece que os médicos brasileiros
trabalham para a indústria de medicamentos, equipamentos de imagens,
próteses e etc. Assim, reproduzem os discursos destas indústrias e
voltam-se contra uma medicina de cuidados básicos que não pede exames
desnecessários, nem preceitua remédios inutilmente.
Faz bem a classe dominante em temer os
médicos estrangeiros, pois eles fornecem os parâmetros para o povo
perceber a aberração que é a indústria da medicina no Brasil, que só
trabalha para si e seus patrões, relegando o principal, que são os
pacientes, para prioridade penúltima.
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