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08/04/2015


Shell compra BG de olho no pré-sal brasileiro


Tijolaço - 8 de abril de 2015 | 09:03 Autor: Fernando Brito
shell


Fernando Brito 


Publicada com pouco destaque, a informação de que a anglo-holandesa Shell pretende comprar a
inglesa BG é uma demonstração de como o Brasil atrai o interesse das grandes petroleiras e do terremoto provocado pela queda dos preços do petróleo.

A BG sentiu no fígado a queda do preço do petróleo: suas ações caíram quase 50% de julho de 2014 para cá, a empresa anunciou uma redução de US$ 9 bilhões em seus ativos e a demissão de 10% de seus trabalhadores.

Aqui, a gente subestima o impacto da queda de 50% do preço do petróleo no comportamento de mercado das ações da Petrobras, atrbuindo-os aos malfeitos da turma do Costa, ou então usa esta queda para dizer que “ah, aquele pré-sal não vale mais nada, vamos entregar…”

A Shell, que é “bobinha”, não acredita nisso e ofereceu um acordo de R$ 218 bilhões (é isso mesmo) para incorporar a antiga estatal inglesa, privatizada por Margareth Tatcher.

E nós com isso?

Simples: embora não apareça assim nos boletins da ANP, a BG é a empresa estrangeira com maior participação na nossa produção de petróleo e gás: 100 mil barris diários.

Não por resultados diretos – ela só é operadora em campos ainda em prospecção em Barreirinhas, no Maranhão(parte deles, aliás, postos à venda) – mas porque tem grande participação, como sócia minoritária, nos campos do pré-sal.


Tem 25% de Lula e 30%  dos maiores entre os que já  entraram em operação e mais 25% nos de Iara, Iracema e Lapa (neste 30%), que começam a produzir ao longo dos próximos três anos.

O Brasil já representa quase 20% da produção da BG e a própria empresa projeta que serão 50% em 2020. Nem é preciso dizer que a participação nos campos brasileiros é um dos maiores ativos da BG.
Com isso, a “bobinha” da Shell, que já havia comprado 20% de participação em Libra, se consolida como maior presença estrangeira nos campos em exploração  e nos em prospecção do  Brasil, mais que dobrando, de uma só tacada, sua participação no pré-sal.

Que, é claro, são uma bobagem que não vale nada, um “sacrifício” do qual gente boa como o Senador José Serra vem tentando livrar a Petrobras.

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