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28/04/2016
Aécio se desmancha com aproximação ao PMDB, por João Paulo Cunha
Jornal GGN - qui, 28/04/2016 - 15:45
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Enviado por Henrique O
Do Brasil de Fato
por João Paulo Cunha
Aécio Neves não é um cara esperto, mas
acha que é. Como é próprio do tipo, personalidades como a dele se nutrem
mais da autoimagem que da realidade. Uma vez que a vida não lhes
proporcionou a saudável experiência do arrependimento nem a construtiva
vivência da frustração, acreditam que o real é consequência natural de
seus desejos. Não compreendem a derrota, não divisam o outro em seu
horizonte, não são capazes do compartilhamento.
Essa infantilidade de caráter se
configura, na vida política do senador mineiro, como um misto de
arrogância e ressentimento. Quando vence uma disputa, apenas consagra a
distinção que julga merecer de nascença. Quando é derrotado, insiste em
questionar o resultado e, na efetivação da perda, recolhe a bola ou
tenta virar o tabuleiro e espalhar as peças. Completa o diagnóstico
mirim dos “espertos-só-que-não” uma peculiar relação com a lei.
Trata-se de uma convicção que os
anistiam da prestação de contas dos delitos que eles fazem questão de
denunciar em quem está ao lado. Podem, por exemplo, tratar mal as
mulheres e dirigir embriagados. Estão liberados para ter amigos donos de
aeronaves que transportam drogas e para perseguir jornalistas que fazem
seu trabalho. Na atividade política, são inimputáveis de erros e
incompetência, pagam publicidade em emissoras da própria família e
empregam parentes enquanto espalham aos quatro ventos a litania da
meritocracia.
Um falso esperto é facilmente desbancado
por um esperto de verdade. Foi onde Aécio se deu mal ao aproximar seu
rancor de derrotado de Eduardo Cunha e Michel Temer. Ao associar sua
birrenta e irresponsável estratégia de terceiro turno com os próceres do
PMDB, que lhe pareceram no momento o melhor caminho – depois que foi
vaiado na rua e deixado de lado por seu partido – o ex-governador de
Minas, como péssimo mineiro, entregou a faca e o queijo. Mineiro que
entrega o queijo não merece perdão.
De nada, agora, adianta dizer que o
apoio a Temer está ligado a projetos e compromissos. Não é assim que o
PMDB age. O partido – e o avô de Aécio, este sim esperto de verdade, só
entrou em suas hostes para ser eleito indiretamente – não cumpre
acordos. Afinal, por que Temer seria leal a Aécio quando se mostrou um
traidor de letra de bolero com Dilma? É da natureza do PMDB não dividir
bônus, apenas ônus. Ele fia apoios que não cumpre, mas cobra a conta
antecipadamente. Desta vez, levou o tucano no bico.
Aécio se desmanchou ao se aproximar do
PMDB. Tornou-se fiador do mais condenável político do Brasil, Eduardo
Cunha, réu no STF. Nunca mais vai se desgrudar dele. Como uma tatuagem,
qualquer tentativa de corrigir o equívoco vai gerar uma imagem cada vez
mais feia e distorcida. Em relação a Temer, Neves se tornou um triste
carregador de lança na cruzada contra a lei. Sua aliança apenas reforça a
busca do objetivo do partido mais fisiológico da história republicana: o
domínio de fato e de direito da máquina de governar o país.
Para completar, Aécio implodiu seu
partido de origem, perdeu confiança entre os empresários que sustentam o
ideário liberal e ficou isolado no salão da política. Afinal, a
inteligência econômica nunca foi um atributo do senador, que sempre
tinha à mão um ministro-papagaio de plantão para explicar o que ele não
entendia. Perdeu, ao fim, até mesmo a simpatia que lhe era creditada
pela mídia. Ficou chato e não vende mais jornal.
Depois de tanta histeria e ranger de
dentes, Aécio ficou com a broxa na mão. Há uma crença no mundo político
de que ser presidente é destino, não merecimento ou vocação. Lula, JK e
Vargas nasceram para presidentes. Itamar o foi sem que tivesse os
méritos do berço ou mesmo a vaidade do desejo. Assim como Dilma
Rousseff. O neto de Tancredo, sem os atributos do valor e sem a ventura
do acaso, não vai ser presidente da República. Não tem distinção
intelectual, competência gerencial, nem carisma. Escolhe mal suas
companhias. Para completar, nem a sorte está ao seu lado. Pelo mal que
fez ao país, é um desfecho de carreira merecido.
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