quarta-feira, 6 de abril de 2016

Nº 19.075 - Chico e Boff convocam para ato contra o Golpe

 

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06/04/2016 

 

Chico e Boff convocam para ato contra o Golpe

Artistas se manifestam: "o que vivemos é uma clara ameaça ao que foi conquistado"

 

Conversa Afiada - publicado 05/04/2016
 
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Boff (E), Dilma e Chico (D) durante campanha eleitoral

No Congresso em Foco:

Chico Buarque chama ato pela democracia durante votação do impeachment

 

Convocação também feita por Wagner Moura, Leonardo Boff, Fernando Morais e Eric Nepomuceno diz que tentativa de afastar Dilma é “golpe de Estado” movido por “aventureiros do desastre” e “ressentidos da derrota”

Em manifesto divulgado nesta terça-feira (5), cinco figuras conhecidas do meio artístico e intelectual brasileiro convocam para uma manifestação em defesa da democracia no próximo dia 11, às 17h, na Lapa, no Rio de Janeiro. No mesmo dia e horário, está prevista a votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pela comissão especial da Câmara, em Brasília. Para eles, o processo de impeachment é um “golpe de Estado” movido pelos “ressentidos da derrota” e pelos “aventureiros do desastre”. O texto é assinado pelo compositor e cantor Chico Buarque, pelo ator Wagner Moura, pelo teólogo Leonardo Boff e pelos escritores Fernando Morais e Eric Nepomuceno.

Os cinco alegam que, embora tenham opções ideológicas, políticas e eleitorais diversas, estão unidos em defesa de uma causa. “Nos une, acima de tudo, a defesa do bem maior: a democracia. O respeito à vontade da maioria. O respeito à diversidade de opiniões.”

No texto, eles reconhecem que o impeachment é um mecanismo constitucional, mas criticam o “uso indevido e irresponsável” da Constituição para amparar o afastamento de Dilma. “E é precisamente por isso, pelo respeito à Constituição, escudo maior da democracia, que seu uso indevido e irresponsável se constitui em um golpe branco, um golpe institucional, mas sempre um golpe. Quando não há base alguma para a sua aplicação, o que existe é um golpe de Estado.”

Ainda o manifesto, os artistas e intelectuais fazem referência à importância da democracia e aos efeitos nefastos da ditadura militar. “Defendemos e defenderemos, sempre, o direito à crítica, por mais contundente que seja, ao governo – a este e a qualquer outro.Mas, acima de tudo, defendemos e defenderemos a democracia reconquistada”, afirmam. “Estamos reunidos para defender o presente. Para espantar o passado. Para merecer o futuro. Para construir esse futuro. Para merecer o tempo que nos foi dado para viver”, escrevem.

Leia a íntegra do manifesto:

“COM ESTE MANIFESTO ESTAMOS CONVOCANDO A TODOS PARA UM ATO UNITÁRIO EM DEFESA DA DEMOCRACIA. SERÁ NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA, DIA 11 DE ABRIL, ÀS CINCO DA TARDE, NA FUNDIÇÃO PROGRESSO, NA LAPA, RIO DE JANEIRO.

O que vivemos hoje no Brasil é uma clara ameaça ao que foi conquistado a duras penas: a democracia. Uma democracia ainda incompleta, é verdade, mas que soube, nos últimos anos, avançar de maneira decidida na luta contra as desigualdades e injustiças, na conquista de mais espaço de liberdade, na eterna tentativa de transformar este nosso país na casa de todos e não na dos poucos privilegiados de sempre.

Nós, trabalhadores das artes e da cultura em seus mais diversos segmentos de expressão, estamos unidos na defesa dessa democracia.

Da mesma forma que as artes e a cultura do nosso país se expressam em sua plena – e rica, e enriquecedora – diversidade, nós também integramos as mais diversas opções ideológicas, políticas, eleitorais.

Mas nos une, acima de tudo, a defesa do bem maior: a democracia. O respeito à vontade da maioria. O respeito à diversidade de opiniões.

Entendemos claramente que o recurso que permite a instauração do impedimento presidencial – isso que em português castiço é chamado de ‘impeachment’ – integra a Constituição Cidadã de 1988.

E é precisamente por isso, pelo respeito à Constituição, escudo maior da democracia, que seu uso indevido e irresponsável se constitui em um golpe branco, um golpe institucional, mas sempre um golpe. Quando não há base alguma para a sua aplicação, o que existe é um golpe de Estado.

Muitos de nós vivemos, aqui e em outros países, o fim da democracia.

Todos nós, de todas as gerações, vivemos a reconquista dessa democracia.

Defendemos e defenderemos, sempre, o direito à crítica, por mais contundente que seja, ao governo – a este e a qualquer outro.

Mas, acima de tudo, defendemos e defenderemos a democracia reconquistada. Uma democracia, vale reiterar, que precisa avançar, e muito. Que não seja apenas o direito de votar, mas de participar, abranger, enfim, uma democracia completa, sem fim. Em que cada um possa reivindicar o direito à terra, ao meio-ambiente, à vida. À dignidade.

Ela custou muita luta, sacrifício e vidas. Custou esperanças e desesperanças.

Que isso que tentam agora os ressentidos da derrota e os aventureiros do desastre não custe o futuro dos nossos filhos e netos.

Estamos reunidos para defender o presente. Para espantar o passado. Para merecer o futuro. Para construir esse futuro. Para merecer o tempo que nos foi dado para viver.

Leonardo Boff
Chico Buarque de Hollanda
Wagner Moura
Fernando Morais
Eric Nepomuceno”
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