domingo, 10 de abril de 2016

Nº 19.106 -Transplantes: Vida que se renova

  
10/04/2016
   
Vida que se renova

  TRANSPLANTES  

Segundo o médico Haroldo Araújo, o Ceará é exemplo nacional de transplante, sobretudo o hepático. Para crescer ainda mais, no entanto, é preciso esclarecimento. “Temos o maior serviço de transplante de fígado do País porque temos muitos doadores. A população já está bem esclarecida, mas ainda é preciso mais, porque mais pessoas necessitam”, completa.


As doações começam a ganhar força no Ceará. Em 2015, o Estado bateu recorde de transplantes de órgãos: foram realizados 1.433, segundo a Central de Transplantes, da Sesa


Jornal O Povo 10/04/2016

Angélica Feitosa angelica@opovo.com.br 
 
CAMILA DE ALMEIDA 
Sem o transplante de fígado, Wilter Ibiapina, 65, não teria vivido para conhecer as netas
A esperança pode vir de supetão: o ano era 2003 e havia longos sete meses e sete dias que ele aguardava na fila de espera por um transplante de fígado. “Eu estava na minha empresa de pneus e me ligaram, dizendo que tinha conseguido um doador. Larguei tudo o que estava fazendo e fui direto pro hospital (Universitário Walter Cantídio). Foi meu alívio e minha alegria”, rememora Wilter Ibiapina, 65, hoje aposentado. Os dois sentimentos se misturavam porque ele já havia perdido outras duas possibilidades de transplante e aquela vez não poderia ser uma terceira. Nas outras, o câncer do doador e o peso bem acima do seu adiaram os planos.

O início da cirurgia foi pela madrugada, às 3h30min. Treze horas depois, estava na sala da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) se recuperando muito bem, obrigada. Se a família do doador não tivesse o gesto de amor de doar os órgãos em meio à dor, Wilter não teria conhecido o sorriso das netas Gabriela, 7, e Letícia, 4. E não teria a possibilidade de ajudar outras centenas de pessoas através da Associação Cearense dos Pacientes Hepáticos e Transplantados (Acphet), do qual é o fundador-presidente. “Não me canso de dizer que o gesto de doação é de desapego, mas sobretudo, de caridade”, endossa.

A história de Wilter se alinha às de outros milhares de transplantados e dos que aguardam a cirurgia no Ceará. O Estado nunca realizou tantas intervenções cirúrgicas de enxerto de órgãos como em 2015. No período de janeiro a dezembro do ano passado, foram feitos 1.433 transplantes. Em 2014, a quantidade chegou a 1.399 de intervenções. Apesar do número alto, ainda está aquém do esperado. Outros 1.209 pacientes ainda esperavam na fila de transplantes em fevereiro de 2016. São pacientes que podem morrer pela falta de esclarecimento e falta de doação.

Em janeiro e fevereiro deste ano, foram realizados 166 transplantes no Estado. “Sei que a gente não costuma parar para pensar nesse assunto. Muitas vezes se depara com isso somente num momento pós tragédias. Mas tem muita gente que morre em fila porque não teve oportunidade de um transplante. Se mais famílias autorizassem a doação, mais vidas seriam salvas”, avalia o médico Haroldo Araújo, gastroentorologista e hepatologista do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Referência

Segundo o médico Haroldo Araújo, o Ceará é exemplo nacional de transplante, sobretudo o hepático. Para crescer ainda mais, no entanto, é preciso esclarecimento. “Temos o maior serviço de transplante de fígado do País porque temos muitos doadores. A população já está bem esclarecida, mas ainda é preciso mais, porque mais pessoas necessitam”, completa.

O Ciência & Saúde deste domingo traz histórias de pessoas que superaram a fila do transplante. Conta, sobretudo, sobre as possibilidades e sonhos de doação para as filas de coração, fígado, rim, pâncreas, pulmão e córneas, intervenções cirúrgicas realizadas no Ceará. Mais que de morte, o convite é para falar de vida. Da possibilidade de dar a vida a outra pessoa.
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