10/04/2016
Segundo o médico Haroldo Araújo, o Ceará é exemplo nacional de transplante, sobretudo o hepático. Para crescer ainda mais, no entanto, é preciso esclarecimento. “Temos o maior serviço de transplante de fígado do País porque temos muitos doadores. A população já está bem esclarecida, mas ainda é preciso mais, porque mais pessoas necessitam”, completa.
Jornal O Povo 10/04/2016
Angélica Feitosa
angelica@opovo.com.br
O início da cirurgia foi pela madrugada, às 3h30min. Treze horas depois, estava na sala da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) se recuperando muito bem, obrigada. Se a família do doador não tivesse o gesto de amor de doar os órgãos em meio à dor, Wilter não teria conhecido o sorriso das netas Gabriela, 7, e Letícia, 4. E não teria a possibilidade de ajudar outras centenas de pessoas através da Associação Cearense dos Pacientes Hepáticos e Transplantados (Acphet), do qual é o fundador-presidente. “Não me canso de dizer que o gesto de doação é de desapego, mas sobretudo, de caridade”, endossa.
A história de Wilter se alinha às de outros milhares de transplantados e dos que aguardam a cirurgia no Ceará. O Estado nunca realizou tantas intervenções cirúrgicas de enxerto de órgãos como em 2015. No período de janeiro a dezembro do ano passado, foram feitos 1.433 transplantes. Em 2014, a quantidade chegou a 1.399 de intervenções. Apesar do número alto, ainda está aquém do esperado. Outros 1.209 pacientes ainda esperavam na fila de transplantes em fevereiro de 2016. São pacientes que podem morrer pela falta de esclarecimento e falta de doação.
Em janeiro e fevereiro deste ano, foram realizados 166 transplantes no Estado. “Sei que a gente não costuma parar para pensar nesse assunto. Muitas vezes se depara com isso somente num momento pós tragédias. Mas tem muita gente que morre em fila porque não teve oportunidade de um transplante. Se mais famílias autorizassem a doação, mais vidas seriam salvas”, avalia o médico Haroldo Araújo, gastroentorologista e hepatologista do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Referência
Segundo o médico Haroldo Araújo, o Ceará é exemplo nacional de transplante, sobretudo o hepático. Para crescer ainda mais, no entanto, é preciso esclarecimento. “Temos o maior serviço de transplante de fígado do País porque temos muitos doadores. A população já está bem esclarecida, mas ainda é preciso mais, porque mais pessoas necessitam”, completa.
O Ciência & Saúde deste domingo traz histórias de pessoas que superaram a fila do transplante. Conta, sobretudo, sobre as possibilidades e sonhos de doação para as filas de coração, fígado, rim, pâncreas, pulmão e córneas, intervenções cirúrgicas realizadas no Ceará. Mais que de morte, o convite é para falar de vida. Da possibilidade de dar a vida a outra pessoa.
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