domingo, 3 de setembro de 2017

Nº 22.214 - "Nordeste confirma Lula"

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03/09/2017

Nordeste confirma Lula


Jornal O Povo - 03/09/2017


por Valdemar Menezes

Resultado de imagem para valdemar menezesO Nordeste expressou claramente ao Brasil que quer Lula como presidente da República, vendo nele a personalidade política capaz de trazer de volta a esperança de dias melhores. Esse é o dado da realidade exposto, insofismavelmente, pela Caravana do Lula, que vem atravessando a Região, de uma ponta a outra, atraindo multidões em busca da confraternização com ele. Trata-se de um fenômeno político de rara beleza provocado por um líder popular. O momento é de testemunhar o fenômeno e tirar conclusões. Uma delas vem na forma de indagação: as elites brasileiras vão negar ao Nordeste o direito de expressar essa sua vontade nas urnas? Ou, de outra forma: como seria um Brasil que calasse a terça parte de sua população, impedindo-a, através de meios discutíveis e pouco convincentes, de votar em Lula em 2018?


TRAIÇÃO

Como receberia essa violência, tanto a consciência democrática nacional, como a plateia estrangeira, que tem em Lula uma de suas grandes referências mundiais, no campo da justiça social? Na desgraceira econômica, social, política e cultural que se seguiu à deposição do governo legítimo do Brasil, comandado por uma mulher honesta, que na juventude arriscou a própria vida pela causa nacional (quantos políticos fizeram o mesmo?), sendo presa e torturada por defender o que considerava melhor para o Brasil, muitas perguntas já foram respondidas. Por exemplo: Dilma cometeu erros? Sim, inclusive na avaliação de que a burguesia industrial brasileira havia evoluído, em termos de mentalidade democrática, após a derrocada da Guerra Fria. Tanto que ela lhe estendeu a mão chamando-a a participar do projeto nacional e abrindo-lhe caminho para isso. Mas, foi miseravelmente traída. Grande parte do PIB preferiu aliar-se aos grupos mais atrasados e fisiológicos do País. Não só: aos inimigos da própria indústria nacional. Mais: aos entreguistas do patrimônio público brasileiro e aos saqueadores estrangeiros da riqueza nacional, levando de roldão a soberania da Pátria.


CORTINA DE FUMAÇA

A resistência contra a candidatura de Lula vem, fundamentalmente, desse agregado de interesses antinacionais e antipovo, desprovidos de compromisso real com a democracia. Por isso, pouco se lixam se a voz do Nordeste for sufocada com a proibição da candidatura Lula. Que ajam assim não é novidade, a pergunta é como ficará o Brasil depois dessa patranha? Possivelmente, ficaria claro que grande parte da classe dominante brasileira, mais uma vez, terá violentado a democracia para impor seus interesses em detrimento dos da Nação. A cortina de fumaça produzida pela mistificação pode até embaçar a vista de muita gente, mas sempre chega a hora de os ventos da história afastá-la e dissipá-la, deixando exposta a paisagem real. Parece ser o que já está acontecendo, no Brasil, em relação a Lula e ao PT, depois das articuladas campanhas de descrédito contra ambos. É o que revelam as pesquisas de opinião.


ABASTARDAMENTO

As forças do golpe já estão desmascaradas e a Nação inteira já se apercebe da farsa que foi montada para tirar direitos e conquistas dos trabalhadores e entregar a riqueza nacional aos grupos econômicos estrangeiros. O pré-sal, que era para financiar a Educação, está sendo dilapidado e entregue, descaradamente e às pressas, às multinacionais. Até quando esse crime prosseguirá? Impedir Lula de voltar é a aposta da Casa Grande para continuar essa política de abastardamento nacional. O Nordeste, que conhece melhor a Casa Grande, posicionou-se, por primeiro, a favor da volta do projeto nacional. A opção pela Nação é uma tradição dos nordestinos: foram eles que enfrentaram, pioneiramente, o invasor holandês, em Guararapes, no século XVII, forjando a nacionalidade. Que fará o restante do Brasil? Assistirá a tudo passivamente? Analistas mais otimistas acreditam que segmentos da burguesia produtiva pularão do barco dos rentistas e entreguistas, reconhecendo que estes nada têm a ver com seus interesses, e apoiarão um grande projeto nacional que se fundamente no mercado interno, na indústria nacional, na defesa da soberania da Nação, no desenvolvimento e no emprego, para resgatar o País deixado à deriva pelos golpistas.


REFÚGIO


Na operação desmonte do Brasil inclui-se, no Ceará, o Sine/IDT, responsável pela execução das políticas públicas de trabalho do governo estadual. Continua o bloqueio de repasses por parte da União para manutenção e custeio dos serviços realizados pelas duas instituições. Entre os cortes mais sensíveis já estavam os das verbas para a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). Isso no momento em que os trabalhadores mais necessitam de informações sobre o mercado de trabalho e de requalificação da mão de obra. A experiência acumulada pelo Sine/IDT não pode ser perdida sem graves prejuízos para a sociedade. Formar seus técnicos exigiu muitos anos de empenho e dedicação. Se os trogloditas do governo central não entendem isso, cabe ao governo do Estado “fazer das tripas coração”, mas não deixar que, num dos únicos refúgios nacionais da consciência social, se perpetre esse atentado.


Valdemar Menezes. Colunista do O Povo. 
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