17/10/2017
Por que Temer ainda é presidente?, pergunta The Guardian
Jornal GGN - TER, 17/10/2017 - 17:40 ATUALIZADO EM 17/10/2017 - 17:53
Jornal GGN - "Temer foi acusado de corrupção, agressão e obstrução à Justiça. Mas não houve nenhum dos enormes protestos de rua contra a corrupção que ajudaram a impulsionar o impeachment de Rousseff sob acusações de quebrar regras do Orçamento", publicou o diário britânico The Guardian, nesta terça-feira (17).
O título da crítica de quem olha de fora para a crise política no Brasil já resume o que vem nas linhas seguintes: "Acusado de corrupção e popularidade quase zero: por que o presidente do Brasil ainda continua no Poder?".
O enviado do jornal da Inglaterra ao nosso país veio tentar entender o que acontece, se a lógica foge inclusive no histórico de manifestações que partiram das insatisfações populares dos últimos anos: "Se o recente declínio no Brasil fosse traçado pela queda da popularidade de seus presidentes, Michel Temer representa o ponto fora da curva".
O jornalista Dom Phillips explicou aos cidadãos europeus que Lula terminou o segundo mandato com 80% de aprovação popular. Dilma teria sido impulsionada a sair pelo impeachment diante de um quadro de 10% da aprovação. Até aí, traça o jornal, algo de lógica. Mas Temer tem hoje 3% de apoio dos brasileiros, chegando a zero na faixa etária de menores de 24 anos.
Em seguida, o britânico mergulha em algo de raciocínio que sustentaria o peemedebista completamente anti-popular no posto maior da República brasileira: "Temer obteve o apoio do mercado financeiro, que gosta das medidas de austeridade que ele introduziu, como a privatização dos serviços governamentais, um teto de 20 anos para as despesas públicas e uma revisão das aposentadorias".
A explicação também foi emprestada de uma recente declaração do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso, em palestra no Rio de Janeiro, no qual disse que estes políticos [da base governista] são pessoas "poderosas, têm aliados, parceiros e cúmplices em todos os lugares, nos mais altos níveis, nos poderes da República, na imprensa e onde menos se imagina".
Lembrando que, na prática, tais medidas não tiveram efeitos, uma vez que elas favorecem os ricos e prejudicam os pobres, a reportagem de The Guardian destaca que, apesar de o "mercado não se importar muito com a desigualdade", as tomadas dessa gestão "ameaçam infligir novos danos às instituições do país".
Isso porque, na análise de Dom Phillips, a falta de confiança da população na política nacional é o que abre brechas ao apoio de "uma solução autoritária para a crise - o que poderia ter sérias consequências nas eleições presidenciais do próximo ano".
Neste cenário de extremismos, o jornal menciona o deputado Jair Bolsonaro, "um ex-capitão do exército, cuja mensagem de extrema-direita, autoritária, ganha um bom desempenho com aqueles que estão irritados com a corrupção, bem como os eleitores petrificados pelo crescente nível de violência no Brasil".
Ao abordar figuras da extrema-direita, a matéria do The Guardian acrescentou a recente manifestação do general Antonio Mourão, sobre uma possível interferência militar na vida pública, caso os envolvidos em atos ilícitos não deixassem cargos de poder.
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