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31/10/2017
Após veto a Caetano, MTST faz marcha de 23 km para pressionar Alckmin
Da Carta Capital — por Redação publicado 31/10/2017 10h38
Uma liminar proibiu o show improvisado do cantor em ocupação em São Bernardo do Campo. Sem-teto querem construção de moradia em terreno abandonado
Divulgação / Facebook
Integrantes do MTST marcham nesta terça-feira entre São Bernardo e São Paulo
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto(MTST) realiza nesta terça-feira 31 uma marcha de 23 quilômetros entre a ocupação Povo Sem Medo, montada em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, e o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, no Morumbi, bairro da zona oeste da capital. A intenção do MTST é pressionar o governador Geraldo Alckmin (PSDB), chamar atenção para o caso da ocupação Povo Sem Medo e pedir a construção de moradias populares no local.
Como mostrou em setembro reportagem de CartaCapital, o acampamento, inaugurado no dia 2 daquele mês, reuniu em duas semanas 7 mil famílias e hoje teria 8 mil famílias segundo o MTST, sendo a maior ocupação do País, ao lado da Vila Nova Palestina, na zona sul de São Paulo. No acampamento há milhares de trabalhadores desempregados, muitos dos quais perderam suas fontes de renda na crise que afeta o País há quase três anos e, com elas, a capacidade de pagar um aluguel.
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"O que nós vamos cobrar do governo Alckmin, alé mda desapropriação do terreno de São Bernardo para a construção de moradias populares, é também a retomada de política habitacional no estado de São Paulo", disse nesta manhã o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, que é colunista de CartaCapital.
O terreno em São Bernardo, espremido entre uma fábrica de caminhões e um condomínio residencial, pertence à construtora MZM e está desocupado há 30 anos. Em 2014, a Prefeitura de São Bernardo notificou a empresa pelo não cumprimento da função social da propriedade e exigiu um plano de parcelamento da terra ou de edificações, o que jamais aconteceu.
A reação da construtora à ocupação foi bem rápida e contou com rara celeridade da Justiça. Ainda no sábado 2, poucas horas depois do início da ocupação, a MZM ingressou com um pedido de reintegração de posse no plantão judicial da cidade e conseguiu do juiz Fernando de Oliveira Ladeira uma liminar autorizando a Polícia Militar a executar ordem de despejo.
Em 2 de outubro, o Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a liminar, mas determinou que a reintegração não seja feita de forma imediata. O TJ determinou que ocorra uma intervenção do Grupo de Apoio às Ordens Judiciais de Reintegração de Posse (Gaorp), criado em 2014 para mediar conflitos em casos de ocupações.
Caetano Veloso é barrado
A ocupação Povo Sem Medo e a questão da moradia, bandeira do MTST, têm ganhado peso político significativo. E também adversários.
O prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), embargou a apresentação de Caetano Veloso que estava programada para ocorrer na ocupação Povo Sem Medo. A Polícia Militar se postou na entrada do local e impediu a entrada de equipamentos. Mais tarde, a juíza Ida Inês Del Cid, da 2ª Vara da Fazenda Pública de São Bernardo do Campo, proibiu uma apresentação. Ela atendeu um pedido do Ministério Público Estadual.
O cantor aderiu à causa do MTST e iria se apresentar aos integrantes da ocupação para manifestar solidariedade. Na noite de segunda, Caetano foi ao local, acompanhando de artistas como Criolo, Emicida e Letícia Sabatella, mas não conseguiu se apresentar. "É a primeira vez que sou impedido de cantar no período democrático", afirmou Caetano a jornalistas.
"Eu não sou técnico em questões legais. Me sinto mal, dá a impressão que não é um ambiente propriamente democrático. É um modo de reprimir uma ação que seria legítima. Mas eles apresentam justificativa por causa de segurança. Acho que há má vontade deles. Envolve a prefeitura da cidade, a parte jurídica. Aceitei vir porque me interessou a questão."
Para especialistas ouvidos pelo Justificando, parceiro de CartaCapital, a decisão de barrar o show de Caetan configura censura.
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