13/02/2018
Entrevista de Segovia teve efeito reverso e deve aumentar holofotes contra Temer
Jornal GGN - TER, 13/02/2018 - 13:31
Foto: Marcos Corrêa/PR/Palácio do Planalto
Jornal GGN - Uma entrevista do diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, nomeado por Michel Temer, à agência Reuters na última sexta (09), alertou para o possível comprometimento das investigações contra o mandatário no inquérito dos Portos.
A primeira publicação da Reuters dava conta de que Segóvia admitiu o arquivamento da investigação contra Temer no caso de benefício a uma das empresas que atua no Porto de Santos (São Paulo), a Rodrimar, investigada em desdobramentos da Operação Lava Jato.
Posteriormente, a Reuters retificou a informação, dizendo que o diretor-geral apenas teria sinalizado para o arquivamento, ao afirmar que não havia indícios de crime e nem de pagamento de propina neste caso arrolando Temer.
Ainda assim, a repercussão do caso gerou um desconforto dentro da Polícia Federal. Entre os integrantes da PF que apuram irregularidades em contratos do Porto de Santos estão o delegado Cleyber Lopes, que também auxiliou o delegado Marlon Cajado em outro inquérito, o do chamado "quadrilhão do PMDB", que mirou Temer, ministros e aliados do presidente e foi engavetado pela Câmara dos Deputados.
Cleyber assumiu, em seguida, o inquérito da Rodrimar, ao mesmo tempo que o mandatário modificava a direção-geral da PF, agora nas mãos de Fernando Segovia. A entrevista dada na última sexta fragilizou a imagem do diretor dentro da organização.
Isso porque ele antecipou postura pessoal sobre o caso de Temer e a Rodrimar, de que não havia indício contra o presidente e que as investigações não comprovaram o pagamento de propinas, "indicando tendência de que a corporação recomende o arquivamento", divulgou a Reuters.
O caso recebe destaque por ser a única investigação que ainda tramita contra o peemedebista em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). "O que a gente vê é que o próprio decreto em tese não ajudou a empresa. Em tese se houve corrupção ou ato de corrupção não se tem notícia do benefício. O benefício não existiu. Não se fala e não se tem notícia ainda de dinheiro de corrupção, qual foi a ordem monetária, se é que houve, até agora não apareceu absolutamente nada que desse base de ter uma corrupção", antecipou o diretor-geral à agência de notícias.
Após a entrevista, delegados da PF começaram a pressionar o novo diretor-geral por uma retratação mais firme sobre as declarações dada ao jornal. Com as afirmações públicas, Segovia precisará se posicionar perante o Supremo, ao ministro Luís Roberto Barroso, relator da ação que ainda mira Michel Temer.
E é na Suprema Corte que os delegados esperam uma retratação mais firme sobre as faladas dadas à Reuters neste fim de semana. Caso contrário, alguns delegados enxergam a medida como um aumento da fragilidade de Segovia no comando da organização, podendo ocasionar, inclusive, uma mobilização por parte dos delegados pela saída de Segovia do cargo.
A saída precisaria ser por parte do próprio diretor-geral, uma vez que o mandatário não dá sinais de que queira modificar a sua indicação para o comando da PF. Alguns delegados indicam, segundo reportagens de diversos jornais, que se a intenção de Segovia era minimizar a polêmica do inquérito, teve o efeito contrário: apenas aumentou o interesse por encontrar provas relacionadas ao caso.
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