14/04/2018
Jessé de Souza: 'A ideia de Lula não vai morrer. O pobre não aceita mais ser escravo'
Sociólogo discursou em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba. Para ele, ódio de parte da sociedade contra Lula tem origem nas políticas de inclusão social
Para Jessé de Souza, setores do país querem que o pobre volte a trabalhar 'por nada', como na escravidão
São Paulo – O sociólogo Jessé de Souza afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é vítima do ódio da elite e de setores da classe média por ter tocado na principal questão da formação sociocultural do Brasil: a desigualdade. “O ódio ao ex-escravo é mantido hoje em dia no ódio ao pobre”, afirmou o autor do livro A Elite do Atraso – da escravidão à Lava Jato, em discurso na manhã desta quinta-feira (12), em frente à sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde Lula está preso.
Para Jessé de Souza, ter aumentado o poder de renda dos pobres, permitido a eles frequentar aeroportos e, principalmente, ingressar na universidade é o grande “crime” cometido pelo ex-presidente. “É isso que a classe média não perdoa em Lula”, disse, destacando que o tema da corrupção é apenas um pretexto.
Na opinião do sociólogo, há no Brasil atualmente um movimento para fazer a população pobre voltar a trabalhar “por nada”, igual ao período da escravidão, com as pessoas humilhadas e de cabeça baixa. “O que está acontecendo no nosso país é uma loucura, uma doença, e essa doença tem a ver com o ódio ao pobre.”
Apesar desse movimento expresso, entre outros fatores, na mudança da legislação trabalhista e na tentativa do governo de Michel Temer em “reformar” a Previdência, Jessé de Souza lembrou os recentes discursos de Lula, nos quais o ex-presidente diz que ele se tornou “uma ideia”, fundamentada na luta por justiça social.
“Muitos pobres sabem que sua situação não é natural, ela é construída por uma vontade política absurda, que representa uma enorme maldade e desumanidade”, afirmou o sociólogo. “A ideia de Lula não vai morrer. Os pobres não aceitam mais serem escravos novamente. Essa ideia vai continuar.”
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