27/04/2018
Sem investimento estatal, não há saída para a crise no Brasil
Do Tijolaço · 27/04/2018
Os dados mostrados na ótrima reportagem de Adriana Fernandes no Estadão mostram mais que o atual estado desesperador do país em matéria de investimentos públicos – isto é, em infraestrutura (energia, transportes, habitação, saneamento e tudo o mais onde, sem o Estado, nada ou quase nada se faz).
Revela algo pior: a nossa condenação a “marcar passo”nos próximos anos, sem perspectivas de um crescimento econômico compatível com nossas necessidades, potenciais e mesmo a vocação de um país em tudo de imensas dimensões.
Mesmo que tivéssemos claras perspectivas políticas de mudança de governo que recusem o “pensamento único” de que “o mercado” vai trazer os investimentos necessários ao Brasil – o que nunca aconteceu – quem assumisse o comando do país com esta determinação se chocaria com barreiras imensas.
A primeira delas, o grau de endividamento que, com todos os cortes e mesmo com a queda de juros não cessa de subir. A verdade, que é a necessidade de restabelecer impostos de maneira seletiva (tributação de lucros e dividendos, sobre movimentações financeiras a partir de certo valor que não onere assalariados, gradação dos impostos de transmissão hereditária de bens, etc).
Mesmo com recursos, porém, haveria problemas.
Programas de investimento paralisados – e estamos cheios deles – custam mais caro (e muito) do que em andamento, porque implicam custos de remobilização de meios, degradação de estruturas abandonadas, perda de equipamentos estocados.
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As grandes empresas de engenharia, atingidas em cheio pela Lava Jato, têm pouca capacidade financeira para esta retomada, cujos pagamentos só se dariam em médio prazo.
Isso se não se exigirem novos procedimentos licitatórios, sempre e cada vez mais vagarosos, complicados e arriscados para o gestor público, hoje amaldiçoado como corrupto, em geral.
A destruição que se fez no Brasil vai ser cenário para toda uma geração. Moro e o Judiciário, como Fernando Henrique e o PSDB nos darão uma década perdida.
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