23/05/2018
CGU patrocina caça às empresas brasileiras no exterior, por André Araújo
Do GGN - , 22/05/2018 - 15:54 ATUALIZADO EM 22/05/2018 - 15:54
Exportando inquéritos
por André Araújo
Enlouqueceram? Perderam a noção de Pais? Serão brasileiros ou marcianos?
Investigadores brasileiros pretendem AJUDAR 24 países a investigar empreiteiras brasileiras que atuaram nesses países, o que é naturalmente o passo inicial para processar e punir empreiteiras e cidadãos brasileiros nesses países.
O Ministério da Transparência e Controladoria Geral da União está “montando uma rede” para investigar corrupção de empresas brasileiras no exterior, disfarçado de “combate ao suborno” mas evidentemente que os EUA não vão permitir a CGU investigar empresas americanas, nem a Colômbia vai permitir a CGU investigar empresas colombianas, então o alvo são nossas empresas no exterior. Vamos ajudar outros países a punir brasileiros, é inacreditável.
A base legal para esse esforço é, segundo a CGU, convenção internacional lançada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OECD, uma entidade guarda chuva dos interesses dos países ricos e da qual o Brasil NÃO FAZ PARTE, está pedindo para entrar e está sendo BARRADO por ação diplomática dos EUA.
Com base nesse esforço, diz a noticia de 8 de maio, a CGU está negociando “acordos bilaterais” com Chile, Peru e México, com a Colômbia já está mais avançado.
Mas o que é isso? Acordo para perseguir empresas brasileiras no exterior?
Pais algum do mundo ajuda outro Pais a processar seus nacionais, sejam cidadãos ou empresas, ao contrario, a regra é PROTEGER suas empresas, não importa o que façam.
O que ganha o Brasil ajudando outros Estados a cobrar multas e indenizações de empresas brasileiras? Qual a lógica de interesse nacional embutida nessa “AJUDA”? Vão ajudar essas empresas serem expulsas desses países onde criaram mercado? Pois é isso que vai acontecer.
E indenizações serão cobradas dessas empresas. De onde virá o dinheiro? DO BRASIL, ORA POIS. Estamos perdendo os mercados duramente conseguidos e ajudando as nossas empresas serem expulsas dos países, em nenhum hospício se encontrará alguém tão doido.
É simplesmente impensável que um órgão do Estado brasileiro pretenda ajudar outro Estado a “ferrar” empresas nacionais, em nome de que principio?
A Standard Oil nos seus áureos tempos de expansão, a International Telephone and Telegraph, a IBM, a The Texas Co., conhecida como TEXACO, fizeram o diabo pelo mundo, COMPRANDO presidentes, ditadores, fomentando golpes de Estado e revoluções, sempre tiveram o APOIO INCONDICIONAL do governo dos Estados Unidos, que sempre as protegeu a ferro e fogo, patrocinando golpes de Estado para defender suas empresas, como fez no Chile quando Allende estatizou a ITT ou no Irã quando Mossadegh nacionalizou a Anglo Persian e por isso foi deposto e preso em agosto de 1953.
Quando Brizola estatizou a ITT no Rio Grande do Sul, lá era Cia. Telefônica Nacional, o Governo dos EUA protestou duramente e esse foi um dos estopins principais para o apoio dos EUA à deposição de Jango em 1963, está nos arquivos diplomáticos americanos.
O Governo dos EUA considera uma agressão inaceitável aos EUA qualquer ato hostil de Pais estrangeiro contra suas empresas, o motivo é IRRELEVANTE, a empresa é um “ativo” do Pais que deve ser SEMPRE protegido pelo Governo americano, assim como protege seus cidadãos no exterior.
Quando um rapazola americano quebrou uma boate em Florianópolis, completamente bêbado, um vice-consul dos EUA em São Paulo foi correndo à Florianópolis para soltar o rapaz detido por bons motivos, não era ninguém especial, era apenas um cidadão americano.
A ITT era especializada em subornar altos dignatários estrangeiros. Heinrich Himmler, o dirigente da Gestapo foi subornado pela ITT, que tinha grandes interesses na Alemanha, inclusive a fabrica de aviões Focke Wulff e sua subsidiária Lorenz era a maior fabricante de equipamentos de telefonia daquele Pais, continuou a ser depois da guerra.
O Governo dos EUA nunca ficou escandalizado com as traficâncias da ITT contadas por Anthony Sampson na excelente história da International Telephone and Telegraph, ”O Estado Soberano da ITT” empresa fundada pelo Coronel Sosthenes Behn com más intenções, desde seu inicio a ITT operou com subornos pelo mundo afora, a ITT só atuava fora dos EUA mas sempre enrolada na bandeira americana, ai de quem tocasse na International Telephone and Telegraph Co., o céu desabava sobre o infeliz pais que assim tentasse, o Chile que o diga.
A Standard Oil foi instrumento fundamental para a incursão americana na China no Século XIX, John Rockefeller em 1895 via a China como o maior mercado do futuro para o petróleo e distribuía gratuitamente lamparinas para que os camponeses comprassem querosene.
Já a International Telephone and Telegraph, ajudou o General Franco na Espanha contra a República, o ditador compensou a ITT, que tinha a concessão dos telefones de Barcelona, alargando sua concessão para todo o território espanhol, a IBM ajudou a Alemanha nazista, até o momento em que os EUA entraram na guerra e disfarçadamente continuou a operar na Alemanha, a contabilidade humana dos campos de concentração era realizada por máquinas Hollerith da IBM, foi publicada abundante literatura sobre esse episódio macabro.
A Texaco fornecia combustível a crédito para as forças franquistas contra a República, durante três anos entregou óleo sem receber, fraudando a lei americana que proibia fornecer petróleo a países em conflito. Seu principal dirigente Tor Rieber também forneceu petróleo à Alemanha nazista mesmo depois dos EUA entrar na guerra contra a Alemanha. Tanto no caso da Espanha como da Alemanha o manifesto dos navios da Texaco indicavam portos neutros, mas no meio do mar os capitães eram instruídos para descarregar em portos dos países em guerra. A trapaça de Rieber foi descoberta, ele perdeu o cargo, mas morreu riquíssimo em 1968 com 86 anos, a Texaco não foi incomodada e seguiu sendo uma das “sete irmãs do petróleo”, hoje faz parte do grupo Chevron e atua fortemente no Brasil.
O Império Britânico sempre usou suas empresas como instrumento de penetração geopolítica.
A Anglo Persian Oil Company, atual British Petroleum, mandava no Irã e derrubou, com a ajuda de seu governo e dos EUA, o Primeiro Ministro Mossadegh em 1953, o premier iraniano que ameaçava os interesses britânicos ao propor a nacionalização da refinaria de Abadan, a maior do mundo, acabou deposto e preso, ninguém toca ileso nos interesses anglo-americanos.
Mossadegh alegava que a Anglo Persian subornava o Xá Reza Phalevi, o que era óbvio.
A Alemanha ainda no tempo do Kaiser e depois já no governo de Hitler tinha na SIEMENS um braço da influencia alemã pelo mundo. O Governo Imperial alemão usou o Detsche Bank para criar o grande projeto geopolítico da Ferrovia Berlim Bagdah que visava confrontar o Império Britânico no Oriente Médio e trazer a Turquia para o lado da Alemanha, o que realmente aconteceu na Primeira Guerra Mundial. No projeto havia vasta compensação financeira para o Sultão de Constantinopla, Mehmed V, em Constantinopla não se mexia uma cadeira sem presentear o monarca, como é da tradição do Oriente Médio até hoje.
O Deutsche Bank foi instrumento do expansionismo alemão, assim como o City Bank foi sempre o operador financeiro do Governo americano no exterior. William Rhodes, o grande “controlador” dos acordos do FMI na América Latina, era dirigente do City, havia uma simbiose entre Rhodes, City e o FMI, todos instrumentos do Tesouro americano.
A Arábia Saudita, um Estado nascido no Século XX, é uma criação da Standard Oil Co. of California, hoje CHEVRON, atuando como braço do Governo dos EUA, a Chevron descobriu petróleo no Reino em 1923, iniciou sua exploração e construiu as bases de portos e oleodutos para o escoamento da produção saudita, a maior do mundo. Na esteira da companhia o Departamento de Estado reconheceu com primazia o Reino dos Saud depois da dissolução do Império Otomano e desde então esse rico Estado existe sob as abas do governo dos Estados Unidos e mesmo depois da nacionalização do petróleo é a Chevron que opera os campos mediante contratos de serviço.
Desde a Companhia das Índias Ocidentais todos os governos usam suas empresas como “instrumentos geopolíticos de penetração, influência e domínio no exterior”. Elas todas corromperam governos pelo mundo, de modos e formas nas circunstâncias de cada região e época, empresas atuando em estreita colaboração com a diplomacia e as agências de inteligência de seus Estados para obter dupla vantagem, as empresas com o lucro e os Estados por detrás dela aumentando sua área de influência e projeção geopolítica.
Nesse contexto corrupção é um detalhe operacional, Estado algum vai perseguir suas empresas que atuam no exterior, ao contrário, sempre as defenderão, não importa o que façam porque tudo aquilo que fazem se presume que beneficia o País e o Estado.
Hoje por ironia os Estados centrais através da OCDE estão usando o hipócrita “combate à corrupção” como um nova arma de dominação e os trouxas dos países periféricos caem nesse conto do vigário, como no das armas nucleares, eles proíbem os outros fazerem o que fazem e continuam fazendo, corrupção em larga escala, como a Halliburton fez recentemente na Nigéria. A Halliburton é hoje do mesmo grupo da Brown & Root, a maior empreiteira dos EUA, pagando 180 milhões de dólares à cúpula do governo nigeriano para obter um contrato de gás de 60 bilhões de dólares, isso foi há 5 anos. Então a lenda do “compliance” é arma contra os bocós e jecas de países pobres que acreditam em duendes, a Halliburton foi punida “de leve”, multa e prisão por 18 meses de um vice-presidente, Albert Stanley mas nem se cogitou em todas no verdadeiro patrão, o ex-Vice Presidente dos EUA, Dick Chenney.
Quando nos anos 70 a Construtora Mendes Jr. conseguiu um grande contrato de construção ferroviária no Iraque, no valor de US$1,4 bilhões, o governo brasileiro deu TODO APOIO à Mendes Jr porque achava aquele empreendimento um feito de projeção geopolítica do Brasil, além de favorecer a exportação de equipamentos brasileiros (eu mesmo fui razoável fornecedor), milhares de operários brasileiros foram trabalhar no Iraque, toda a engenharia era do Brasil, assim como pessoal de apoio de várias funções que viajou para o Iraque desde cozinheiros a cantoras para alegrar os operários.
Na esteira desse projeto o governo do Brasil se aproximou do Iraque e quando surgiu a primeira crise do petróleo esse relacionamento foi de VITAL IMPORTÂNCIA para o Brasil, o Iraque GARANTIU o fornecimento de todo o petróleo que o Brasil precisava importar com PAGAMENTO EM MERCADORIA, já que o Brasil estava sem dólares, o Brasil trocando petróleo por automóveis, máquinas, carne de frango, aço.
Foi esse um exemplo completo de uma empresa agindo como parte da projeção geopolítica de um Estado com grande vantagem para o País. Na esteira da cruzada moralista DESTRUIMOS nossas melhores empresas que fizeram com seus esforços a projeção geopolítica do Brasil na África, Oriente Médio e América Latina, abrindo espaços para empreiteiras asiáticas que irão nos substituir, com ENORME PERDA DE EMPREGOS E DIVISAS, para o Brasil.
O campo de ação das empresas brasileiras no exterior é de INTERESSE NACIONAL do Estado brasileiro que exerce essa coordenação através EXCLUSIVAMENTE do Poder Executivo. Só o Poder Executivo tem a missão de OPERAR AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS de um País.
Não cabe a outros organismos essa tarefa, muito menos ao Ministério da Transparência (que nome infeliz) que não tem absolutamente nada que interferir em assuntos de outros Países.
Ao pretender ajudar Ministérios Públicos de outros Países a investigar empresas brasileiras o Ministério da Transparência ESTA INTERFERINDO no ambiente politico interno desse terceiro Pais, pode favorecer o jogo de forças antagônicas no processo politico desse terceiro Pais criando problemas presentes e futuros para as relações internacionais do Brasil, além de evidentemente prejudicar empresas nacionais, o que já é por si só uma ABERRAÇÃO.
Há uma sofreguidão em certos círculos do funcionalismo em ser homenageados no exterior e essa cooperação abre espaços para esse “ambiente” de confraternização com colegas estrangeiros. Tudo isso parece natural, MAS nada tem a ver com o interesse do Estado brasileiro. Os homenageados são ELES, pessoas físicas, o Brasil enquanto País está fora dessa vaidade de dimensão minúscula, o Brasil é muito maior do que esses confetes.
A LOGICA DO PODER
As relações internacionais e a geopolítica se exercem há milênios anos pela LÓGICA DO PODER e não pela lógica da moral e da ética, que tem seu campo em outras esferas do espirito humano, não na geopolítica e nas relações entre Estados. Há uma antiquíssima logica dos Estados, do Poder, da Politica e nesse mundo não existem causas moralistas.
Estado são entes AÉTICOS, não se movem pela ética e sim pelo interesse nacional. Um Estado representa o passado constituído pela História, representa o presente, que é a população atual e representa o futuro, que são as gerações vindouras, o Estado deve zelar por todos esses valores acima dos indivíduos e dos momentos isolados.
Um Estado age para defender esses interesses e para tal tarefa pode entrar em guerras, exercer espionagem, sabotagem, fazer acordos públicos ou secretos, aliciar estrangeiros, não é preciso ressuscitar a história basta ver o que ocorre hoje nas relações internacionais quando cada País procura aumentar seu espaço a custa de outro, como se fazia no Império Romano, na Idade Média, na expansão dos impérios coloniais, nas guerras mundiais, internacionais e regionais, nas revoluções e golpes de Estado. O eixo da geopolítica é o interesse nacional e mesmo a colaboração entre Estados se dá como mecanismo de superfície pata evitar prejuízos de guerras e conflitos evitáveis pela conversação, mas a cooperação não substitue o INTERESSE NACIONAL de cada Estado e nem está na frente desse interesse.
É a lógica pura do Poder e assim agem os Estados, mas o Brasil parece que perdeu completamente o rumo e a noção de Estado ao se favorecer e permitir que empresas estatais brasileiras sejam processadas nos EUA com a colaboração de brasileiros em funções públicas agindo como colaboracionistas de um Estado estrangeiro em nome não se sabe de qual ideal. Um prejuízo aplicado a uma empresa brasileira no exterior é um prejuízo ao Brasil, ao Estado brasileiro e a toda a população brasileira que perde empregos e negócios que geram divisas.
É resultado da impressionante jamais vista fragmentação do Estado brasileiro onde é possível um Ministério se oferecer para apoiar a perseguição de empresas brasileiras em outros Países a titulo de bondade ou simpatia ou sabe-se lá qual principio em jogo, porque do interesse nacional é que não é.
O Governo brasileiro por cegueira, estupidez e desorientação está ajudando a varrer do mapa do mundo a presença de construtoras brasileiras, um espaço duramente conquistado desde que a Mendes Jr. começou a atuar no Iraque nos anos 70, uma notável projeção dos interesses geopolíticos do Brasil pelo mundo, de lá para cá o Brasil tinha se projetado como líder de grandes projetos em mais de 30 países, inclusive nos EUA com a construção de aeroportos.
Às vezes temos a impressão que altos funcionários do Governo brasileiro não tem a ideia do que seja e para que serve um Estado Nacional. Trabalhar para governos estrangeiros e em função dos interesses desses governos é através de toda a História da humanidade um ato hostil a seu povo, é um valor negativo assim visto desde tempos imemoriais, as tribos e os clans já tinham essa clara percepção, os próprios animais irracionais defendem seu território com risco de morte. A cooperação internacional NÃO eliminou de modo algum esse sentimento de território, de área de interesse de cada País que cabe ao Estado defender contra qualquer outro País que queira atacar ou ofender esse interesse nacional.
A cooperação internacional é um amortecedor para evitar conflitos por questões menores que podem ser resolvidas a um custo mais baixo que um conflito, MAS a diplomacia e a cooperação NÃO ELIMINOU o sentimento nacional de pertencimento a um País e a um povo.
Os conflitos estão rebrotados por todo o planeta, derivados do exercício dessa clara noção de povo, Pais e Estado, cada qual com sua trajetória, a cooperação serve para algumas coisas, mas não para tudo. O BREXIT, os conflitos no Oriente Médio e na Coreia, os crescentes atritos de imigração demonstram a profundidade do sentimento nacional e como ele aflora a todo instante, colocando o mundo em alerta de novas guerras, batalhas comerciais e de espaço econômico, uma luta intensa dos Estados para manter posições e aumentá-las.
Como é possível a um País das dimensões do Brasil perseguir suas empresas no exterior, levando-as a perda de mercados, a pagar multas e indenizações, como foi feito com a PETROBRAS nos EUA, funcionários do Estado brasileiro, pagos por ele estão servindo a quais senhores? A americanos, a chineses? Pois são eles que se beneficiam dessa “cooperação” disfarçada sob o nome de “combate à corrupção” mas que serve a múltiplos interesse como serviu a religião, a luta contra o infiel, as ideologias do Século XX.
Parece um desvio brasileiro abanar o rabo na frente de qualquer interesse estrangeiro, seja lá por que for, querer agradar estrangeiros demonstra um sentimento de inferioridade, o chamado “sentimento vira lata” que está corroendo o caráter de alguns funcionários, antes de tudo está o INTERESSE NACIONAL e não o interesse do Peru, da OCDE, do Departamento de Justiça, da Transparência Internacional, para onde funcionários brasileiros correm para agradar e cooperar com se fosse um convescote de amigos, se nós não defendermos o interesse do Brasil, quem o defenderá?
Um Pais perseguir suas próprias empresas no exterior é algo raro, o Brasil mais uma vez surpreendendo o mundo, se expondo à beira do ridículo, ajudando outros Estados a punir empresas brasileiras e delas extrair indenizações, é um completa falta de noção de Estado.
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