28/05/2018
Descrença e impaciência, no meio-feriado de 2a feira
Do Tijolaço · 28/05/2018
por Fernando Brito
Não é possível falar em bloqueio das vias de trânsito, porque as ruas estão com um movimento que lembra dias de feriado nas principais cidades do país.
Há poucos carros e ônibus circulando, mas há muitas sensações e perplexidade transitando nas cabeças da população.
A primeira, fácil de perceber, é a impressão de que, se tínhamos um governo ruim e fraco, agora não temos nenhum.
Acordos e pronunciamentos se sucedem na televisão, mas os postos seguem sem gasolina e as imagens dos caminhões parados leva a uma percepção que nada surtiu efeito, mesmo com o Governo “pagando adiantado”, com a colocação em vigor de suas concessões sem que as manifestações sejam desfeitas.
Ou melhor, que surtiu efeito no discurso da “ordem”, aquela que não se consegue restabelecer, ou que, pela tibieza das ações de Estado, até agora, não se quer restabelecer tão rápido assim.
A normalização da situação, que provavelmente se dará lenta e parcialmente durante dias, não será vista como produto da ação do Governo, mas de sua capitulação.
Não há explicação possível para, 72 horas depois de se ter anunciado que se normalizaria o abastecimento de combustível com apoio das forças de segurança, não se veja comboios de caminhões-tanque desfilando, escoltados por políciais e militares.
Há quem esteja gostando disso e Celso Rocha de Barros, na Folha, mostra quem é um deles.
Bolsonaro gosta da greve dos caminhoneiros porque cedo ou tarde alguém vai morrer sem hemodiálise por causa da paralisação, e Bolsonaro quer que pessoas morram sem hemodiálise. Bolsonaro apoia a greve dos caminhoneiros porque o desabastecimento vai deixar a população com fome, e Bolsonaro quer a população com fome.
Bolsonaro quer isso tudo porque sabe que quanto mais você estiver com raiva, medo e fome, quanto mais estiver desesperado e sem saber o que fazer, menor será sua capacidade de pensar direito. E ninguém jamais votará em Bolsonaro se estiver pensando direito.
Bolsonaro apoia a greve para produzir desordem agora e vender ordem em outubro.
Cai nessa quem for otário.
Otários assustados, como se sabe, são produzidos em massa por uma mídia que é, na prática, a maior força bélica do país, com seu ininterrupto fogo de artilharia, ajustado com a precisão do foco que é capaz de dar a cada detalhe.
Houve uma destruição imensa das instituições políticas do país e o resultado é este vácuo de autoridade que assistimos.
A terra arrasada é aquela em que brotam os espinheiros do autoritarismo.
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