23/05/2018
Além de Justiça, Itamaraty aceita cooperação de EUA em setores estratégicos do Brasil
Além de Justiça, Itamaraty aceita cooperação de EUA em setores estratégicos do Brasil
Do Jornal GGN - QUA, 23/05/2018 -17:31 ATUALIZADO EM 23/05/2018 - 17:34
Comitiva norte-americana fechou acordos para o Brasil compartilhar dados e tecnologia, além de investigações
O vice-secretário de Estado dos EUA, John J. Sullivan em lançamento do Foro Permanente de Segurança Brasil-Estados Unidos - Foto: Wilson Dias/ABr
Jornal GGN - A visita do vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, John J. Sullivan, ao Brasil, nesta terça-feira (22), parecia tratar das recentes posições de ambos os países ao não reconhecer as eleições na Venezuela, que garantiram no último domingo (20) a vitória de Nicolás Maduro.
Mas o resultado do encontro com o embaixador Marcos Galvão, que substituiu Aloysio Nunes na agenda do Itamaraty, trouxe outro anúncio, ainda mais impactante para as relações internacionais e a soberania brasileira: a criação de um Foro Permanente de Segurança Brasil-EUA.
A descrição da tal parceria foi assim publicada em comunicado oficial da embaixada norte-americana: "Resultado do sólido trabalho conjunto entre o Brasil e os EUA no combate aos ilícitos transnacionais, a iniciativa baseia-se no fortalecimento da colaboração entre os órgãos e agências de segurança pública dos dois países".
A cooperação entre o Brasil e os Estados Unidos no âmbito das investigações nacionais e da Justiça brasileira já foi amplamente exposto pelo GGN como resultado dos interesses geopolíticos e, principalmente, comerciais dos americanos.
Desde que essa parceria se intensificou, com a deflagração das acusações da Operação Lava Jato, empresas brasileiras como a Odebrecht viram seus negócios afetados por toda a América Latina, inclusive pela extensão das investigações nos demais países.
A brasileira de aeronaves Embraer, que é a terceira maior exportadora do Brasil e a terceira maior fabricante de jatos comerciais de todo o mundo, também já teve parte de seus interesses ameaçados após ser alvo de interferências de investigações pelo Departamento de Justiça dos EUA. Coincidências ou não, desde que a Boeing avança nas negociações pela compra da brasileira, não se soube mais de apurações das autoridades norte-americanas.
Mas assim como a equipe da força-tarefa da Lava Jato acredita ser positiva tal relação entre ambos os países, o Itamaraty do governo de Michel Temer também assim atua. Ainda em 2016, José Serra, que era o então chanceler de Temer, iniciou uma relação bilateral com o secretário de estado John Kerry, sob a justificativa dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
Aloysio Nunes fez sua primeira visita a Washington em junho do ano passado, quando conversou de "agenda bilateral", "balanço da atualidade" e "temas globais" com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson.
Nestes últimos anos, a cooperação do Ministério Público Federal (MPF), sob a então gestão de Rodrigo Janot, se intensificou, conforme revelado pelo GGN, em março deste ano, com a divulgação de um vídeo em que o ex-PGR admitiu a cooperação com os EUA para a Lava Jato avançar e levantar indícios, inclusive, contra o ex-presidente Lula.
Janot admitiu cooperação com EUA para Lava Jato - Foto: Reprodução
O resultado dessa intensa parceria, apesar de não tão positiva para a presença de empresas brasileiras em comércios exteriores, foi comemorado pelo vice-secretário John Sullivan, nesta terça (22). Sob a alegação de se tratar de um trabalho conjunto para "combate a ilícitos transnacionais", não apenas áreas como narcotráfico, tráfico de armas e terrorismo - bandeiras já reconhecidas dos norte-americanos para ingressar em competências jurídicas nacionais - serão fortalecidos.
Também estão na lista do recém criado Foro Permanente de Segurança Brasil-EUA os crimes de "lavagem de dinheiro e crimes financeiros" e "cooperação institucional". Sem mais detalhes de como essa parceria se dará, a primeira reunião já foi traçada para ocorrer este ano, em Washington, dando início.
E no encontro com o substituto de Aloysio, o embaixador Marcos Galvão concordou com o vice-secretário Sullivan que estaria entre os objetivos prioritários uma agenda de 10 pontos, que inclui "comércio e investimento, cooperação espacial, e defesa", setores notadamente estratégicos para a soberania brasileira.
Encontro do Foro Permanente de Segurança Brasil, com Itamaraty aceitando
compartilhamentos de pontos estratégicos - Foto: Wilson Dias/ABr
"O secretário-geral e o vice-secretário celebraram a troca de notas que completa o processo de ratificação do Acordo sobre Transportes Aéreos (acordo 'Céus Abertos'). Eles também saudaram a retomada das negociações do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas", informou, ainda, o Itamaraty, em nota.
Mas para o Ministério das Relações Exteriores do governo Temer, nenhuma ameaça foi levantada: "os encontros evidenciaram o caráter amplo, dinâmico e produtivo da parceria Brasil-EUA, destacando o compromisso de continuar trabalhando em iniciativas que contribuam para a prosperidade econômica e a segurança das duas sociedades", disse o Itamaraty.
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PITACO DO ContrapontoPIG
Fica cada dia mais escancarada a participação dos Estados Unidos no golpe de 2016.
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