sábado, 26 de maio de 2018

Nº 24.226 - "Quadrilha se militariza para ficar no poder"

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26/05/2018


Quadrilha se militariza para ficar no poder

Locaute uma ova


Do Conversa Afiada - publicado 26/05/2018



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Conversa Afiada reproduz sereno (sempre) artigo de seu colUnista exclusivo, Joaquim Xavier:
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Michel Temer e seus asseclas tentam vender à opinião pública que a greve dos caminhoneiros não passa de uma manobra patronal. O presidente golpista pôs até a Polícia Federal em ação para identificar “empresários revoltosos”. No desenho exibido ao público, a gang de Temer quer posar como defensora dos interesses da população contra capitalistas infames.

Desgraçadamente, muita gente séria engrossa essa lorota. Para dar um verniz “de esquerda” ao embuste, sacam da biblioteca o argumento da greve de caminhoneiros que ajudou a derrubar o governo socialista de Salvador Allende no Chile em 1973. Como se todo movimento no setor inevitavelmente fosse sempre uma coisa da direita. Equivale a dizer que qualquer greve de motoristas de ônibus está a serviço dos donos de empresas para forçar aumento de tarifas. Ora, cada caso é um caso. 

Todo o argumento que privilegia o discurso do locaute desaba diante de um fato: desde que assaltou o poder, a camarilha do Jaburu promoveu reajustes de preços exorbitantes nos combustíveis. Procura-se um cidadão honesto neste país favorável a esta prática deliberadamente criminosa que só tem feito favorecer acionistas minoritários da Petrobras –vale dizer, os abutres que outro dia arrancaram bilhões da estatal nos Estados Unidos sem nem precisar acionar a Justiça. Ainda mais entre aqueles para quem o diesel é insumo essencial no trabalho cotidiano.

Já foi demonstrado à exaustão por especialistas insuspeitos, pela associação dos engenheiros da Petrobras e estudiosos como o professor Gilberto Bercovici que a política de “alinhamento diário” do valor dos combustíveis praticada por Temer, Parente & cia nada tem a ver com supostos prejuízos da Petrobras. Os balanços estão aí para demonstrar. A Petrobras permanece entre as empresas mais rentáveis da área em escala internacional. 

O tal realismo tarifário, na verdade, só tem feito beneficiar as multinacionais que revendem para nós o que nós mesmo produzimos. Como se sabe, a gasolina e o diesel que move automóveis e caminhões são subprodutos do petróleo cru, no qual o Brasil é pra lá de autossuficiente. Mas a matéria bruta precisa ser refinada, como se sabe.

Aqui está o pulo do gato. Este setor vem sendo sucateado pelos golpistas, aprofundando a política do grande capital responsável pela essência da lógica econômica predominante: fazer o Brasil retornar à condição de colônia, que exporta algodão, mas tem que comprar camisas na China; que exporta ferro, mas importa chapas de aço; que vende matéria-prima, mas compra lá fora os manufaturados. É exatamente a mesma lógica por trás da destruição sistemática da indústria brasileira. 

“Economistas” e colunistas alugados pelo grande capital chegam à desfaçatez de dizer que a “lógica de mercado” deve ser aplicada igualmente no caso dos combustíveis. Se o preço de determinado produto sobe, procura-se um substitutivo mais barato. Se a manteiga fica mais cara, compra-se margarina. Subiu o preço da carne? Coma-se frango. E assim por diante. Ora, e o que fazer no caso da gasolina e do diesel? Alguém pensa em colocar guaraná, água sanitária ou óleo de cozinha no tanque do carro ou do caminhão? 

Justamente por se tratar de um insumo ESTRATÉGICO, assim como a energia elétrica que os golpistas também sonham em entregar ao capital estrangeiro, o petróleo está sob monopólio estatal. Por isso a política de preços em setores como estes, ensina qualquer nação desenvolvida, precisa ser guiada pelos interesses do país, e não pela “lógica do mercado”. O objetivo de uma empresa como a Petrobras não pode ser o lucro dos rentistas, mas atender aos interesses do país inclusive nos momentos em que circunstâncias internacionais afetam a ganância do grande capital. 

Ninguém ignora que a categoria dos caminhoneiros é fragmentada, pulverizada e carente de lideranças hegemônicas. Tampouco é novidade que o setor mistura gigantes de frete, trabalhadores autônomos e pequenos empresários. Ou que uma baixa nos preços diminui os custos para companhias que atuam no setor. Mas os defensores da perfídia do locaute podem explicar por que depois do acordo assinado pelos grandes proprietários com os capatazes do governo a greve tenha se ampliado em vez de refluir?


O que está no cerne da mobilização que parou o país é o descontentamento generalizado com uma administração ilegítima que está levando o Brasil ao desastre. Não se viu nenhuma manifestação popular de condenação ao movimento. Ele está sendo contido pela militarização cada vez mais ostensiva de uma quadrilha que busca nas armas o apoio que lhe falta nas urnas e no povo. Esse é o ponto.

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