23/06/2011
Quem acha que a imposição à Grécia de um programa de alienação de seu patrimônio resolverá a a situação dramática da economia mundial, pode esquecer.
A crise grega é só um sintoma agudo da perda decontrole, pelas economias centrais, da dinâmica econômica mundial.
Hoje, feriado aqui, é dia morto nos negócios. Lá fora, porém, a coisa está quente.
A Bolsa de Nova York cai 1,4% – o que lá é uma variação imensa – com os dados de que o nível de emprego nos EUA não subiu e a atividade econômica não apresenta sinais de maior recuperação.
O comunicado do Comitê Federal de Mercado Aberto, equivalente ao nosso Copom, descreve a situação com esta pérola: “a recuperação econômica está prosseguindo a um ritmo moderado, embora bastante mais lentamente do que o Comitê havia esperado”. Isto é, não há recuperação alguma.
Tudo vai continuar se degradando até o início de agosto, data da decisão do Congresso de elevar o limite de endividamento público dos EUA, que estourou seu teto.
Eles não mexeram nos juros – quesão zero,praticamente – mesmo diantede uma previsão maior de inflação. E se uniram à Europa para anunciar uma medida absolutamente fora dos padrões ortodoxos: a liberação de 60 milhões de de barris de petróleo de suas reservas, para forçar a baixa do petróleo. A desculpa é a paralisação do fornecimento líbio, mas a razão foi mesmo a negativa da Opep, no início do mês, de aumentar a produção.
Conseguiram, com isso, forçar uma baixa de quase 5% nas cotações do produto, ajudados pelo verão no hemisfério Norte e pelas parcas perspectivas de crescimento da economia.
O mundo desenvolvido, que nospassa lições sobre “superávits” e “contenção da inflação a qualquer preço” (leia-se: aumento dos juros e desaceleração da economia) pratica regras inversas para si mesmo. A inflação está quase 50% acima da médiaesperada nos EUA (2,9%, contra uma meta de 2%) e quase isso na Europa. Mas veja o que disse, há poucos dias, o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Olivier Blanchard:
“A inflação é um não-tema para os EUA e não é um grande tema na Europa”
E aqui, uma inflação pontual e mais midiática que real, é razão de perdermos o ritmo de crescimento?
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