26/06/2011
Enviado por luisnassif, dom, 26/06/2011 - 06:55
da epoca, via twitter
25/06/2011 - 12:58 - Atualizado em 25/06/2011 - 12:58
Testamos o carro elétricoPor quatro dias nossa equipe testou a rotina de quem usa um veículo que não solta fumaça e abastece na tomada Marcelo Moura
ECOCHATO?
Marcelo dirige um modelo do Nissan Leaf em São Paulo. O silêncio do motor elétrico tira parte do prazer de dirigir
Durante uma semana, andei de carro de casa para o trabalho sem queimar uma gota de álcool ou gasolina. Não poluí o ar e gastei menos dinheiro do que se tivesse ido de ônibus. Como? No Nissan Leaf, o primeiro carro elétrico fabricado em larga escala no mundo. Vendido no Japão, nos Estados Unidos e na Europa, o Leaf veio ao Brasil a passeio. Por enquanto. Logo, logo, carros como esse estarão entre nós.
A prefeitura de São Paulo, a Nissan e a distribuidora de energia da cidade, Eletropaulo, assinaram um protocolo de intenções para trazer o Leaf e criar uma rede de abastecimento – o prazo não está definido. Se estivesse à venda no Brasil, o Leaf custaria R$ 150 mil. Em Londres, na Inglaterra, a Nissan conseguiu isenção de taxas para os donos do Leaf e promete implantar, até 2013, 1.300 pontos de recarga. A ampla rede de abastecimento é fundamental, pois os carros elétricos têm autonomia limitada. No Brasil, hoje, recarregar o Leaf requer planejamento e cara de pau.
NA
RUA
1. Dirigir o Leaf significa responder a perguntas e fazer amigos pela cidade. Inovador, exótico e maior do que parece nas fotos,
o carro chama a atenção. 2. O carro elétrico passou pelo banho de água do lava-rápido sem choques Como abastecer?
O frentista viu o carro azulado entrando no posto e perguntou “álcool ou gasolina”? Devolvi: “Cento e dez ou 220 volts. Você tem?”. O Nissan Leaf é elétrico, expliquei ao rapaz, enquanto eu montava o carregador portátil de 110 volts. Ele se prende à frente do carro por um plugue semelhante a um secador de cabelo. Por segurança, o carregador não funciona com instalações elétricas precárias. Imagina só, botar fogo no carro. As luzes azuis acesas no alto do painel são o sinal de que deu certo. Está carregando. “Puxa muita carga?”, perguntou o frentista. O carro exige tanta carga da tomada quanto um aspirador de pó. E, como a bateria do carro está quase vazia, eu precisaria de umas dez horas para recarregar totalmente. “A gente pode ir conversando enquanto carrega, você se importa?”, perguntei ao frentista. Sim, ele se importava. Agradeci os minutos de atenção e eletricidade. E fui embora. Pela lei, postos e lojas não podem vender energia elétrica.
ALIMENTAÇÃO
1. O painel de captação de luz solar é decorativo. A energia obtida por ele mal alimenta o rádio. 2. O carregador residencial de 220 volts enche a bateria em quatro horas. 3. O carro é abastecido por uma tomada na frente 4. O carregador portátil de 110 volts enche a bateria em 14 horas
Também não consegui abastecer em casa. A garagem do prédio não tinha tomada perto e, se tivesse, faltaria um relógio de luz para registrar o consumo. Imobiliárias de São Paulo estão lançando prédios com tomadas individuais nas vagas, já de olho nos futuros carros elétricos. Ou ao menos dispostas a capitalizar esse argumento de venda. Acabei usando a garagem da Editora Globo como ponto de alimentação do Leaf. Um eletricista instalou o carregador de parede, parecido com um calibrador de pneus, que funciona em 220 volts e é capaz de encher a bateria em quatro horas. É bastante tempo, mas a bateria cheia dá autonomia de 150 quilômetros. Como eu rodo cerca de 20 quilômetros por dia, meia hora na tomada é suficiente para recarregar. Deixei o carro plugado durante o expediente e não fiquei a pé.
Quanto custa?
Exemplo de carro movido a etanol: Nissan Tiida flex AT. Custo por quilômetro rodando na cidade. Autonomia rodando na estradaExemplo de carro movido a etanol: Nissan Tiida flex AT. Custo por quilômetro rodando na cidade. Autonomia rodando na estrada
A conta de luz sobe bastante, mas a do posto de combustível cai a zero. Para rodar 90 quilômetros em quatro viagens, gastei cerca de 16 kWh, que custam R$ 6,40. Isso representa um terço do custo de um carro a álcool (cerca de R$ 22). Para minha surpresa, andar de ônibus teria saído mais caro (R$ 24).
Dá choque?
“Pode andar com água até a altura do para-brisa, que não vai dar choque”, afirma André Maranhão, engenheiro da Nissan. Como não choveu, apelei a um lava-rápido e joguei água na tomada de abastecimento. Sem problemas. Os mecânicos precisarão de luvas para mexer no motor do Leaf, que funciona a 440 volts, mas isso deve ocorrer pouco. Um carro elétrico não troca óleo, velas de ignição ou filtros.
Como ele anda?
Um carro elétrico é parente direto de elevadores e escadas rolantes. Tem muita força o tempo todo. Estacionar em ladeiras é um conforto, pois o motor não morre. O Leaf anda rápido, você pode acompanhar as motos nas saídas de sinal de trânsito. Mas o que mais chama a atenção é o silêncio. Consigo prestar atenção ao que estão conversando no carro ao lado. O motor elétrico é tão quieto que a Nissan pôs um alto-falante atrás do para-choque, a fim de avisar aos pedestres que ele está chegando. O ruído fininho lembra um avião taxiando. Sei que a intenção é dar ao Leaf um ar futurista, mas, se pudesse escolher a trilha do playback, eu preferiria o som grave e borbulhante de um motor V8.
http://revistaepoca.globo.com/Rev
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