06/09/2011
O tempo mágico de Zé Menezes
Completando hoje seus 90 anos, o músico cearense Zé Menezes mantém a energia,vitalidade e uma agenda cheia de shows e projetos
Com um currículo nada modesto, Zé Menezes acompanhou grandes nomes da música brasileira, como Francisco Alves e Elis Regina
“A princípio, parece que eu nasci ontem. Essa é a primeira coisa que eu posso garantir pra você. O tempo passa, mas parece mágica”. É assim que Zé Menezes abre uma longa conversa por telefone, do Rio de Janeiro, onde mora, antes mesmo que eu lhe faça qualquer pergunta. Completando hoje seus 90 anos de vida, dos quais 82 foram dedicados à música, ele transparece mesmo essa “mágica” ao falar detalhadamente sobre momentos acontecidos há 60 ou 70 anos. E até arrisca um palpite para explicar de onde vem a energia. “Acho que é porque a música me faz assim. Vivi da música, pra música e na música”.
Esta longa história com as notas musicais começou em Jardim, interior cearense. Ainda pequeno, por volta dos seis anos, Zé Menezes começou a dedilhar um instrumento de sopro requinta, mas logo passou para o cavaquinho. A fama do menino-prodígio foi logo se espalhando pela região. Tanto que foi ele o escolhido para tocar uma composição própria diante do venerado Padre Cícero. A música chamava-se Meus oito anos, já revelando que idade o músico tinha à época. “Eu nem sabia da grandiosidade do que era estar tocando pro Padre Cícero”, confessa.
Ainda hoje, o músico descreve este como o momento mais importante de sua carreira e até vê neste encontro uma razão para tudo. Desde sua ida para o Rio de Janeiro, onde integrou a orquestra da Rádio Nacional, até o reconhecimento internacional. Certa vez, após uma apresentação na universidade de Oxford, Inglaterra, a reitora levantou-se e pediu beijar-lhe a mão. No dia seguinte, os jornais diziam: “os guitarristas ingleses que não viram o show haviam perdido a oportunidade de assistir o melhor guitarrista do mundo, principalmente quando ele tocava sua guitarrinha pequena”. Zé explica: “Eles não conheciam o cavaquinho”.
A lista de artistas que ele veio a acompanhar também não é nada modesta. Pra cada nome da lista, ele tem uma historinha. Por exemplo, Francisco Alves. “Ele sempre escolhia duas músicas pra cantar comigo. Já estava certo de entrarmos em estúdio pra gravar um disco voz e violão, mas ele morreu uma semana antes”. Elis Regina. “Muito exigente, muito musical e talentosa até dizer chega”. Elza Soares. “Gravei também. Essa sempre foi meio doidona”.
Chegar aos 90 anos, para Zé Menezes, nem de longe significa pé no freio. Recentemente, ele viu sua obra compilada no box Zé Menezes Autoral, com três CDs e um CD-Rom com fotos, vídeos e biografia. Em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, o músico está montando o programa do curso superior de guitarra, ao mesmo tempo que grava um DVD com aulas para violão tenor e planeja uma turnê por oito cidades brasileiras, inclusive Fortaleza. “A única homenagem que eu quero é que Deus conserve minha saúde, meus dedos com a agilidade que eles sempre tiveram, com o cérebro funcionando e cercado de amigos”.
Todo o conteúdo de Zé Menezes Autoral está disponível para consulta em www.zemenezes.com.br. O Box está disponível para venda no mesmo site (R$30).
Marcos Sampaio
marcossamapaio@opovo.com.br
Prata da casa que eu não conhecia. Primeira. E ainda tem uma música que pode ser o hino do blogue "contrapontando", hehehe. Abraço Fernando
ResponderExcluirFernando: O Zé Menezes é autor da musica de abertura do progama dos "Trapalhões" da Globo. Lembra?
ResponderExcluirAtestando o meu despovoamento musical, digo que me lembro da música, dele nunca tinha ouvido falar. Abraço Fernando
ResponderExcluir