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15/09/2011
Do Blog do Miro - quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Por Altamiro Borges
Paparicado pela mídia, com destaque pela católica fervorosa TV Globo, o padre Marcelo Rossi deve ter cometido alguma heresia diante da Folha. Em menos de uma semana, ela publicou dois petardos contra o religioso. No primeiro, intitulado “Padre Marcelo S.A.”, o jornal informa, em tom jocoso, que “o sacerdote é seu próprio empresário e adota jargão executivo”.
“De R$ 12 a R$ 18 milhões”
O mote da crítica é o livro “Ágape”, que em 13 meses vendeu 6 milhões de cópias. Segundo relata o jornalista Morris Kachani, “ele é uma espécie de diário escrito em dois meses”, vendido a R$ 19,90, e que já rendeu milhões de reais à Editora Globo. “Editores de best-sellers ouvidos pela Folha acreditam que nenhum livro lançado no país atingiu esse número em um período tão curto”.
Ainda segundo o repórter, “o padre usa o livro na missa dominical transmitida ao vivo pela TV Globo e no programa matinal diário que mantém na rádio Globo AM... O valor dos royalties ele não divulga – diz que ganhou ‘milhões e milhões’. Mas é consenso no mercado de que menos do que 10% a 15% do valor de capa – ou seja, de R$ 12 milhões a R$ 18 milhões – certamente não foi”.
“Eu me dou bem com o Opus Dei”
Num outro trecho da reportagem, bastante elucidativa, Padre Marcelo revela suas predileções religiosas e políticas. Expoente da chamada Renovação Carismática, ele confessa: “Eu me dou bem com o Opus Dei, mas com a Teologia da Libertação não muito – eles acham que sou midiático. Ficam no debate teórico sobre ricos e pobres. É uma teologia que, com todo respeito, é pobre”.
Vale lembrar que o Opus Dei é uma seita de ultra-direita, nascida durante a sanguinária ditadura do general Francisco Franco na Espanha (1939-1976). Ela tem outros famosos seguidores no Brasil, como vários colunistas da mídia e o governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, de quem o Padre Marcelo é um grande amigo e aliado.
O milagre da Bienal do Livro
O segundo petardo contra o Padre Marcelo foi desferido hoje pelo cronista Ruy Castro, no artigo intitulado “Milagre na Bienal”. O texto é corrosivo, irônico. Reproduzo alguns trechos do artigo:
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Segundo os jornais, das 11h20 às 17h30 de quarta-feira passada, padre Marcelo autografou 1.200 livros no estande de sua editora. De tanto assinar e cumprimentar leitores, sua mão inchou de tal forma que teve de ser enfaixada por paramédicos e a sessão, encerrada. Mas, como a multidão não arredasse pé, padre Marcelo convenceu seu público a trocar o autógrafo e o aperto de mão por uma bênção individual, donde distribuiu 6.000 bênçãos entre 17h30 e 19h40. Não é invejável?
Vejamos agora. Das 11h20 às 17h30, são 370 minutos. Significa que, durante seis horas e dez minutos, padre Marcelo autografou 3,2 livros por minuto – sem parar. Equivale a um livro autografado (e uma mão apertada) a cada 18,7 segundos. É digno de The Flash. Já as bênçãos, só com ajuda da velocidade divina. Das 17h30 às 19h40, são 130 minutos. Significa que, com mão enfaixada e tudo, padre Marcelo distribuiu 46 bênçãos individuais por minuto. Uma bênção a cada 1,3 segundo! Milagre?
Os números são da editora de padre Marcelo. E depois tem gente que não acredita no sobrenatural.
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quinta-feira, 15 de setembro de 2011
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