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.03/11/2012
Quando “teorias conspiratórias” se revelam conspirações reais
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Eduardo Guimarães
Os leitores deste Blog sabem muito bem o quanto ridicularizaram “por aí” os avisos que venho dando há anos de que o golpismo a la 1964 vem marchando no Brasil desde 2005, na melhor das hipóteses.
E não foram só os adversários políticos que fizeram pouco dos meus avisos. Congêneres político-ideológicos também juravam que não haveria “clima” para golpismo hoje em dia.
A minha premissa era – e continua sendo – muito simples: uma vez golpista, sempre golpista. Ou seja: por que uma direita que até hoje defende o golpe de 1964 e continua chamando a resistência a ele de “terrorismo” não estaria “aberta” a novas aventuras daquele naipe?
Por muito menos do que os governos Lula e Dilma fizeram em termos de distribuição de renda a direita midiática – que continua congregando militares, “imprensa”, Judiciário e elites econômicas e étnicas – deu golpe há 48 anos.
E as coincidências não param por aí. Como bem lembrou em artigo o colega de blogosfera Luiz Carlos Azenha, o presidente deposto Jango Goulart desfrutava de alta popularidade quando Globo, Folha de São Paulo, Estadão, empresários e militares deram o golpe.
Matéria da Folha de São Paulo de 2003 revelou que pesquisas Ibope feitas às vésperas do golpe de 1964, e nunca divulgadas, mostravam que Jango contava com amplo apoio popular ao ser deposto.
O Ibope dizia que 15% consideravam o governo Jango ótimo, 30% bom e 24% regular. E, a exemplo de hoje, para míseros 16% era ruim ou péssimo. Além disso, 49,8% dos pesquisados admitiam votar nele contra 41,8% que rejeitavam a possibilidade.
Qualquer semelhança com o que está ocorrendo hoje não é mera coincidência.
Por que são feitos golpes de Estado? Ora, porque quem golpeia não tem perspectiva de chegar ao poder pelas urnas. Os golpes são a radicalização contra a política.
Ou você acha que a mídia vendeu à toa a farsa de que a abstenção nas últimas eleições cresceu muito? Cresceu coisa nenhuma. Em verdade, deveu-se a cadastros desatualizados da Justiça Eleitoral que contam até os mortos.
Foi preciso o Supremo Tribunal Federal jogar a Constituição no lixo mandando políticos para a cadeia por “verossimilhança” das acusações oposicionistas-midiáticas contra eles para que, ao menos entre a esquerda, praticamente desaparecessem os que diziam que eu construía “teorias conspiratórias”.
Note-se que quando me refiro à esquerda não incluo partidos como o PSOL, que teve dois de seus principais expoentes declarando apoio ao político mais conservador e reacionário do país.
Plínio de Arruda Sampaio, candidato a presidente pelo PSOL em 2010, e Chico de Oliveira, sociólogo, fizeram juras de amor a José Serra e praticamente se engajaram em sua campanha, além de serem bonecos de ventríloquo da mídia.
Sim, psolistas ficaram ao lado do candidato que inventou o “kit-gay” e que se agarrou nas barras das batinas e nas bíblias que pôde desde 2010 até hoje. Sem falar que disputam a tapa os favores do Partido da Imprensa Golpista.
Não é à toa que a militância do PSOL nas redes sociais esteve à frente até da ultradireita ao classificar meus avisos quanto ao golpismo como “teorias conspiratórias”. E não é à toa que essa militância vem atuando no sentido de criminalizar a política.
E para que criminalizar a política? Ora, porque se o povo não sabe escolher políticos, o jeito é deixar alguma instituição escolhê-los e lhes impor limites à atividade – ontem, foram os militares; hoje, é o Judiciário.
Vejam que o cronograma do golpe vai sendo seguido. Primeiro, José Dirceu; agora, Lula; em breve, Dilma.
Ora, o STF e o Procurador-Geral da República deveriam ser os primeiros a nem sequer considerar as supostas acusações de Marcos Valério contra Lula. Ou será que eles ignoram que o ex-presidente os indicou sem tomar o menor cuidado em saber suas posições políticas?
Pergunta: um político que estivesse “roubando” indicaria pessoas “independentes” para cargos que lhes permitiriam pegá-lo no pulo?
Disse e repito: teorias conspiratórias só existem porque as conspirações reais também existem. Como essa em curso. Tão clara que só não vê quem não quer e que cada vez mais gente a enxerga.
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PITACO DO ContrapontoPIG
A esquerda brasileira está agindo com excessiva passividade em relação ao que está acontecendo.
Já está passando da hora de mostrar os dentes. De trabalhar pra valer na aprovação da de uma Ley de Medios; de fazer algo em relação à Privataria Tucana; de nomear os dois novos ministros de modo "menos republicano" e pressionar o julgamento do Mensalão Tucano...
É hora de preparar um plano de contragolpe, por que não?
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