10/11/2012
Dilma, mídia e a iniciativa popular
Por Altamiro Borges
Se depender do governo, o Brasil nunca terá uma
legislação democrática sobre os meios de comunicação. Não há qualquer sinal de
que a presidente Dilma esteja disposta a enfrentar os barões da mídia. Pelo
contrário. Na 15ª Conferência Internacional Anticorrupção, realizada nesta
semana em Brasília, ela repetiu: “Como já disse várias vezes, eu estou
convencida de que mesmo quando há exageros, e nós sabemos que eles existem, é
sempre preferível o ruído da imprensa livre ao silêncio tumular das ditaduras”.
Pura platitude!
Governo teme enfrentar os barões da mídia
A presidenta insiste em confundir liberdade de expressão com
liberdade dos monopólios midiáticos. Pior: por razões pragmáticas, ela finge
desconhecer que esta mesma mídia, que hoje comete “exageros”, apoiou o golpe
militar e o “silêncio tumular da ditadura”. A democratização dos meios de
comunicação, com uma regulação que garanta maior diversidade e pluralidade informativas,
é o que poderia garantir a verdadeira liberdade de expressão e uma “imprensa
livre”. Mas a presidenta teme tocar no vespeiro.
Neste sentido, não adianta criticar apenas o Ministério
das Comunicações e o seu titular, Paulo Bernardo. Ele segue ordens! Não é para
menos que o projeto sobre o novo marco regulatório do setor, elaborado pelo
ex-ministro Franklin Martins no final do governo Lula, foi enterrado. Até mesmo
a tímida proposta de uma consulta democrática à sociedade sobre o tema foi arquivada
nas gavetas do Palácio do Planalto. Em setembro, o ministro confessou que “a
consulta não vai sair já”. Deveria ser mais sincero: ela não vai sair!
Veja aplaude a presidenta
O governo atual não reuniu convicção e coragem para
enfrentar a mídia – a mesma que promove diariamente uma campanha de cerco e
aniquilamento do governo e das forças de esquerda. Lógico que o discurso desta
semana agradou os barões da mídia. A revista Veja até aproveitou para dar mais uma
estocada na “cúpula stalinista” do PT. No artigo “Recado aos liberticidas”, ela
festejou o discurso de Dilma, que “contraria petistas e mensaleiros
inconformados com a condenação no Supremo Tribunal Federal”.
Para Bob Civita, que até hoje não foi convocado para explicar as suas
ligações com a máfia de Carlinhos Cachoeira, a defesa da “liberdade de
imprensa” veio em ótima hora. A revista lembra que o presidente do PT,
Rui
Falcão, “anunciou como prioridade para o próximo ano convencer o governo
a
apoiar o projeto que visa submeter a imprensa livre a constrangimentos
ideológicos”. Ela rotula Lula e o ex-ministro José Dirceu de
“liberticidas”
e afirma que “o objetivo da falconaria petista é a instituição da
censura no
Brasil”.
Milhares de assinaturas no país
Ou seja: a revista elogia Dilma e ataca seu partido e as
forças que dão sustentação ao seu governo. Mesmo assim, a ficha não cai e o
governo repete o discurso enfadonho do “controle remoto” ou da “imprensa livre”.
A conclusão é óbvia. Não dá para esperar qualquer atitude deste governo no rumo
da democratização deste setor estratégico. Neste sentido, o Fórum Nacional pela
Democratização da Comunicação (FNDC) acertou ao lançar neste ano a campanha “Para
expressar a liberdade”, que exige a regulação da mídia.
Passadas as eleições, ela precisa agora ganhar as ruas. Os
movimentos sociais, principais vítimas da mídia patronal, são os maiores
interessados nesta batalha. Esta demanda é transversal e afeta todas as lutas dos
trabalhadores. Para ter êxito, a campanha dependerá de intensa mobilização que
ajude a alterar a correlação de forças na sociedade e a intensificar a pressão
sobre o governo. Neste sentido, talvez seja o momento de defender um projeto legislativo
de iniciativa popular sobre o tema. A coleta de milhares de
assinaturas no país ajudaria na mobilização e conscientização da sociedade. Não dá para
mais esperar qualquer iniciativa do atual governo!
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista