10/11/2012
Freire: Ex-comunista que virou udenista
Na semana passada, o presidente nacional do PPS, deputado
Roberto Freire, foi o grande xodó da mídia. Ele brilhou nas telinhas da tevê e
ganhou generosos espaços nos jornais. O motivo da fama é que ele liderou o
movimento pela apuração das denúncias requentadas da Veja contra Lula.
Junto com os tucanos Álvaro Dias e Aloysio Nunes, ele protocolou na Procuradoria-Geral
da República uma representação solicitando abertura de inquérito para apurar o
envolvimento do ex-presidente no chamado “mensalão do PT”.
Nem o DEM ingressou nesta aventura golpista, que tem como
base as pretensas denúncias do publicitário Marcos Valério feitas à Veja. No
próprio PSDB houve divergências. O partido não assinou formalmente a
representação e o senador Aécio Neves criticou a iniciativa de seus pares de
bancada. Mesmo assim, o vaidoso Roberto Freire, que manda e desmanda no PPS,
não vacilou na sua sanha de falso moralista. Desta forma, o ex-comunista, que
no passado presidiu o PCB, tenta se cacifar como o novo líder udenista da
direita nativa.
Aliado do PSDB e neoliberal convertido
A guinada direitista de Roberto Freire já vem de há muito
tempo. Com a débâcle do bloco soviético, ele liderou a ala social-democrata de
direita da legenda. Em 1989, ele disputou as eleições presidenciais, obtendo
769 mil votos (quase 1% da votação), o que lhe deu prestígio no interior do
PCB. Já em 1992, ele patrocinou um golpe congressual, tentou a extinguir a
sigla e fundou o Partido Popular Socialista (PPS). A partir daí, o ex-comunista
virou um aliado fervoroso do PSDB e um defensor intransigente dos dogmas
neoliberais.
Roberto Freire teve papel de destaque no triste reinado de
FHC, abandonando totalmente seu passado político de esquerda. Defendeu as privatizações
das estatais, a flexibilização dos direitos trabalhistas e outras medidas
impopulares impostas pelo grão-tucano. O falso moralista não criticou os
escândalos de corrupção no governo FHC, como na privataria e na compra de votos
para a reeleição. Passou a ser um inimigo declarado e rancoroso de Lula, o
líder operário que chegaria à presidência da República nas eleições de 2002.
Iniciado o novo ciclo político no país, o PPS definhou e
perdeu representatividade. Dos 308 prefeitos eleitos em 2004, despencou para
138 em 2008 e para 123 em outubro último. Também perdeu 298 vereadores nestas
eleições. O partido está em crise e há indícios de que estuda a possibilidade
de fusão com o PSDB ou a simples extinção da sigla. É neste cenário de
dificuldades que Roberto Freire tenta sobreviver politicamente com um discurso
udenista raivoso, que beira o golpismo.
O falso moralismo do chefão do PPS
O falso moralismo, porém, não resiste aos fatos. Roberto
Freire tem o telhado de vidro. Em janeiro de 2009, o Jornal da Tarde revelou
que o ex-deputado pernambucano era uma das 58 pessoas beneficiadas pela política
de contratação de “conselheiros”, implantada em 2005 por José Serra e mantida pelo
sucessor Gilberto Kassab. Essa “bondade administrativa”, segundo o JT, visava
acolher os aliados. Freire transferiu o seu domicílio eleitoral para São Paulo
e, em 2010, com a ajuda do mesmo tucano, foi eleito deputado federal.
Em fevereiro de 2009, o próprio Ricardo Noblat, que não
morre de amores por Lula, registrou em seu blog que o “presidente nacional do PPS, que posa e gosta de
se apresentar como paladino da moralidade, recebe jetons no valor de R$ 12 mil
mensais da prefeitura de São Paulo pela participação em dois conselhos
municipais – Empresa Municipal de Urbanização (Emurb) e SP-Turismo”. Tais denúncias,
porém, nunca ganharam as manchetes na mídia demotucana. Afinal, Roberto Freire
presta inestimáveis serviços à direita nativa.
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