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21/05/2013
Salvador da pátria
Ninguém pode negar ao ministro Joaquim Barbosa o direito à crítica. Nem o direito de estar certo - o que, aliás, acontece até com um relógio quebrado, duas vezes ao dia.
O Brasil tem, sim, partidos de mentirinha montados sobre interesses muito distantes das urgências coletivas e moldados apenas para projetos de poder de curto prazo. E é fato, também, que a dinâmica da engenharia política do Congresso Nacional é quase que exclusivamente bolada para atender as demandas do Poder Executivo.
Barbosa está certíssimo.
Agora, ninguém pode ser ingênuo de imaginar que o presidente do STF falaria isso para uma plateia de estudantes, durante um evento gravado, sem saber da imediata repercussão que se seguiria. Foi um risco bem calculado para desagradar o governo e o PT, como desagradou, alfinetar a OAB e deixá-lo disponível no mercado eleitoral de 2014.
Barbosa aposta, justamente, na despolitização do debate e coloca-se na manjada posição do homem do povo contra os políticos profissionais, do herói de toga do mensalão pronto a libertar Sodoma de seus vícios sociais abomináveis, aquele que virá nos redimir. Assim, nada presta: nem os advogados, nem os juízes, nem o Congresso Nacional, nem o governo, nem, em última análise, o País. Talvez seja por isso que ele prefira ir à praia em Miami.
Barbosa, o juiz implacável e irascível, é um Frankenstein criado pela mídia que, apesar dos esforços, ainda não está totalmente controlado. Cometeu, recentemente, o erro de agredir verbalmente um repórter de O Estado de S.Paulo e, em seguida, pagar a viagem de um repórter de O Globo para fazê-lo ouvir, em Costa Rica, que a imprensa brasileira é de direita - com direito a matéria no Jornal Nacional e tudo.
Normalmente, as Organizações Globo não perdoam esse tipo de deslize. Mas as opções para 2014 estão cada vez mais escassas. José Serra, de alternativa, virou um estorvo. Aécio Neves é uma dessas falsas incógnitas. Apesar da pele morena e dos dentes ultrabrancos, ainda é somente uma máquina de clichês antipetistas carente, urgentemente, de um upgrade. Para elegê-lo, será preciso um esforço logístico e financeiro 100 vezes maior do que o utilizado nas eleições de Fernando Collor, em 1989, e Fernando Henrique Cardoso, em 1994 e 1998.
Resta Barbosa, o homem que, perigosamente, diz o que lhe vem à telha. E qualquer um que já tenha vivido uma eleição presidencial sabe exatamente o desastre anunciado que isso representa.
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