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27/05/2013
Por: Fernando Brito
Sou forçado a concordar com uma das coisas que afirmou, no Twitter, o colunista Ricardo Noblat:
“A central (de boatos) só poderia espalhar boatos se tivesse acesso aos telefones dos clientes do Bolsa Família. Se teve, alguém da Caixa passou”.
É uma base corretíssima para investigar.
Quais são as empresas, prestadoras ou não de serviços à Caixa e ao Ministério do Desenvolvimento Social, que têm acesso ao cadastro do Bolsa Família ou a parte dele?
Que providências de segurança elas tomam na sua guarda e manuseio?
E, até, se sabiam que haveria a liberação dos pagamentos em razão de
uma atualização cadastral.
A apuracão pode começar com as empresas que operam campanhas de comunicação via SMS para a Caixa e o Ministério do Desenvolvimento Social, que têm acesso aos cadastros de telefones dos beneficiários.
Porque não deve ser fácil obter esse cadastro detalhado, já que O Globo reclamou da dificuldade de obter dados específicos sobre ele, o que só conseguiu em março.
Portanto, Noblat é uma pessoa muito bem informada sobre este assunto. Não precisa colocar em dúvida a fonte da Polícia Federal que seu próprio jornal usou para informar que o boato partiu de uma empresa de telemarketing. Ele é capaz de apurar bem os fatos.
Era bom, também checar o que a Caixa afirmou, em nota, e ninguém da imprensa publicou: que, mesmo com a liberação de todas os cartões o volume de saques foi normal, ou até menor que o usual, e só com a onda de boatos ele se tornou superior ou muito superior ao corriqueiro.
A explicação do presidente da Caixa, Jorge Hereda, é óbvia: não se podia avisar da liberação dos prazos para que não houvesse corrida aos terminais. Mas também não se podia, pela mudança do NIS – Número de Identificação Social – cuja alteração poderia ter acontecido na atualização cadastral, impedir alguém com número antigo de sacar, pelo número novo ter outro final.
A concentração da corrida aos terminais ocorreu apenas no Nordeste, algumas localidades do Norte e no Rio de Janeiro, demonstrando que estes foram os pontos de difusão da notícia falsa.
Não houve “movimento espontâneo¨ de corrida aos terminais. Isso é ficar no blá-blá-blá.
Alguém acendeu um fósforo para o incêndio começar.
Se a apuração da Policia Federal for rápida e sólida, como se espera, vamos ter surpresas muito interessantes.
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