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13/11/2013
Ex-presidente Michelle Bachelet é favorita nas eleições chilenas
Do jornal GGN - 13/11/2013
Sugerido por MiriamL
Do Sul 21 - qua, 13/11/2013 - 10:29
- Atualizado em 13/11/2013 - 10:37

Militantes de Michelle Bachelet farão o
ato de encerramento da campanha nesta quinta-feira, em Santiago | Foto:
Michelle Bachelet/Divulgação
Iuri Müller
Neste domingo (17), nove candidatos dos
mais variados campos políticos disputarão a presidência do Chile numa
eleição que pode adiantar, também, esperadas mudanças na Constituição do
país. No sexto pleito para o palácio de La Moneda após a volta da
democracia em território chileno, a ex-presidente Michelle Bachelet
aparece como favorita e pode vencer ainda no primeiro turno. A principal
concorrente, Evelyn Matthei, que representa o projeto político do atual
mandatário Sebastián Piñera, não mostrou força nas pesquisas.
Bachelet, do Partido Socialista, lidera a
coalizão chamada Nueva Mayoría, que reúne, além dos socialistas,
militantes do comunismo e da social-democracia, entre outros grupos. A
base política ainda é a da Concertación, que governou o Chile de 1990 a
2010, da primeira eleição democrática até a vitória de Sebastián Piñera.
No entanto, a presença do Partido Comunista – que esteve no poder com
Salvador Allende, em 1970 – é um dos traços de diferenciação desta Nueva
Mayoría.
A ex-presidente retornou ao país depois
de atuar na diretoria de Mulheres da ONU e, com os altos índices de
popularidade registrados pesquisa após pesquisa, passou a ser combatida
por quase todos os oponentes na reta final de campanha. Ainda assim, os
resultados da última semana apontam para uma vitória no primeiro turno.
Instáveis durante todo o processo eleitoral, Evelyn Matthei, Franco
Parisi e Marco Enríquez-Ominami não fizeram frente à socialista em
nenhum momento da campanha. A direita chilena, entretanto, ainda confia
que a ex-ministra de Piñera force o segundo turno e amplie a discussão
por mais algumas semanas.

Matthei precisa ter desempenho melhor do
que apontam as pesquisas para chegar ao segundo turno | Foto: Evelyn
Matthei /Divulgação
Evelyn Matthei, da Unión Demócrata
Independiente (UDI), iniciou a trajetória política na Renovación
Nacional (RN), força algo mais moderada dentro do campo da
centro-direita. Filha de Fernando Aubel, militar que chegou ao posto de
comandante em chefe da Força Aérea do Chile em plena ditadura, a
economista foi deputada, senadora e ministra do Trabalho do governo de
Sebastián Piñera. A sua candidatura à presidência só foi oficializada
após a desistência de Pablo Longueira, também da UDI, que padece de
forte quadro de depressão.
Além da candidata oficialista, o
candidato independente Franco Parisi e o representante do Partido
Progressista (PRO), Marco Enríquez-Ominami, em algum instante se viram
com chances de passar ao segundo turno, mas hoje parecem distantes da
oportunidade. Parisi tornou-se conhecido em todo o país como
apresentador de um programa de televisão sobre economia, mas, durante a
campanha, sua imagem se enfraqueceu quando a candidata do atual governo
apontou denúncias de irregularidades em alguns dos seus projetos;
Parisi, entretanto, negou todas as acusações.
Enríquez-Ominami, filho de um histórico
dirigente do Movimiento de Izquierda Revolucionária (MIR), que também
esteve com Allende nos anos 1970, já havia sido candidato nas eleições
de 2009-2010, quando alcançou importante votação, mesmo em jornada
independente. O cineasta, que militou no Partido Socialista antes de se
desligar da Concertación, chegou a 20% dos votos e lutou para participar
do segundo turno, do qual acabou de fora. Desta vez, suas chances
parecem menores: as pesquisas mais recentes apontam que Marco
Enríquez-Ominami deve beirar os 10% dos votos no domingo.

Oriundo das fileiras da Concertación,
Enríquez-Ominami quer surpreender como terceira opção | Foto: Marco
Enríquez-Ominami /Divulgação
Também participam o candidato do Partido
Humanista (PH), Marcel Claude, Ricardo Israel, do Partido Regionalista
de los Independientes (PRI), Alfredo Sfeir, do Partido Ecologista,
Roxana Miranda, do Partido Igualdad (PI), e Tomás Jocelyn-Holt,
independente. Entre os temas que apareceram com maior intensidade no
debate, estão a possibilidade de se reformar o sistema educacional,
atualmente vinculado à iniciativa privada, e a proposição de se criar
uma Assembleia Constituinte que remodele o texto constitucional, escrito
durante a ditadura militar, em 1980.
Movimento pede que eleitores sinalizem a formação da Assembleia Constituinte nas cédulas de votação
Na internet e nas manifestações de rua,
as eleições deste domingo ganham importância para além da escolha por
Bachelet, Matthei ou Enríquez-Ominami. A campanha #MarcaTuVotoAC pede
que os eleitores assinalem as letras “AC” nas cédulas de votação, ao
lado da indicação do candidato escolhido – assim, deixarão claro que são
a favor da formação de uma Assembleia Constituinte que reformula a
Constituição do Chile.
O movimento – que em seu site mostra
os maiores “truques” da Constituição elaborada durante o regime de
Pinochet – garante que a anotação não resulta na anulação de qualquer
voto e que, se ao menos 10% do total das cédulas forem alcançados, o
governo eleito estará pressionado para levar a ideia adiante. Evelyn
Matthei se disse contra a proposta, enquanto que Michelle Bachelet
ressaltou a importância de transformar o conjunto de leis do Estado
chileno. A socialista, por outro lado, assegurou num dos debates que “há
várias formas” de fazer isso, desde que o processo seja “democrático,
participativo e constitucional”.
O fantasma da história, sempre presente

História pessoal das duas principais
candidatas se mescla com a história política do Chile em 2013 | Foto:
Michelle Bachelet/Divulgação
Há cerca de dois meses, no marco dos 40
anos do golpe militar de 1973 e da morte de Allende, Santiago vivenciou
dois atos, organizados pelos dois maiores campos políticos. O governo de
Piñera e a esquerda, com a qual se organizaram movimentos sociais, não
mostram qualquer possibilidade de sintonia quando se trata da ditadura
militar. A repressão, inclusive, aparece de forma assustadoramente
direta quando se observa a biografia das duas principais candidatas da
disputa eleitoral.
Michelle Bachelet, assim como Evelyn
Matthei, é filha de um militar da Força Aérea do Chile, mas o pai da
candidata socialista teve um destino bastante diferente do que coube ao
da oficialista. Alberto Bachelet chegou a ser general nas Forças
Armadas, mas acabou perseguido após a queda de Allende e morreu na
prisão em 1974. Fernando Aubel, no entanto, cresceu na carreira, foi
nomeado comandante em chefe e posteriormente acusado de ser cúmplice da
morte de Alberto Bachelet. Em entrevista à imprensa chilena, em julho de
2013, Fernando Aubel afirmou que “me acusar de ter participação na
morte do meu amigo general Bachelet é tão grotesco quanto acusá-lo de
traição à pátria, como aconteceu na época”.
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