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18/04/2014
O Ibope, o fogo brando e o medo de ser feliz
Tijolaço - 17 de abril de 2014 | 21:21 Autor: Fernando Brito
Autor: Fernando Brito
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Tanto cuidado quanto se deve ter com estas pesquisas ibopeanas – que vão, dentro das margens de erro, criando um clima de dissolução contínua do prestígio do Governo, o que as pesquisas eleitorais não confirmam inquestionavelmente – deve ter com os que consideram tranquila a posição da presidenta Dilma na campanha pela reeleição e contam em “chegar lá” apenas sem fazer marola.
Este raciocínio preguiçoso – e nada raro para quem se acostuma a viver nas franjas do poder, com seus confortos – esbarra num grave problema de avaliação eleitoral.
O da satisfação com a percepção que a presidenta tem por parte dos seus eleitores de 2010, cuja tendência a repetir o voto deve ser o centro de toda a contabilidade eleitoral.
E os eleitores de Dilma a sufragaram por dois motivos essenciais.
O primeiro, o depoimento de Lula de que ela iria dar continuidade aos seus programas sociais e desenvolvimentistas, e não há dúvidas de que as diferenças essenciais que se sentem na economia vêm mais de fatores externos - um mundo econômico de incertezas, onde nem se está num aprofundamento explícito da crise nem se está numa recuperação – e das dificuldades diante da tarefa nada fácil – às vezes quase impossível – de fazer o empresariado nacional – ou estrangeiro com produção local – acreditar e apostar em uma visão estratégica de Brasil.
O outro, o perfil pessoal de Dilma. Sim, a “gerentona”, dura, eficaz, capaz de tocar a administração com energia, austeridade, coerência com princípios e, sobretudo, entregar resultados. Mas também a da ex-guerrilheira, da mulher independente, dona de seu nariz, capaz de enfrentar e vencer qualquer cara feia.
Se é, como qualquer raciocínio eleitoral elementar indicaria, importante, antes de tudo, “tocar reunir” às suas próprias forças é, evidentemente, necessário que o que está disperso possa orientar seu caminho a essa reunião por uma referência indispensável, que é ver e ouvir aquela que, junto com Lula, estará à testa da batalha.
E Dilma, que ameaçou ter uma maior visibilidade após os protestos do ano passado, voltou a desaparecer.
Tem, até, uma agenda muito intensa de eventos – inaugurações e entrega de obras – e atividades administrativas.
Mas, afora os grupos muito restritos que estão nestes lugares, certamente o país não a vê ou a ouve.
Dela, só tem notícias onde sua administração está um caos e a economia do país, um desastre.
E, como não está – nem poderia, debaixo do temporal de pessimismo- estar ótima vai se solidificando em setores cada vez maiores a ideia de que está mesmo.
Se isso não atinge a intenção de voto – Dilma, com os 37% do Ibope, tem os mesmos 60,6% dos votos válidos registrados na pesquisa de ontem do Vox Populi – atinge o ânimo de seus eleitores mais aguerridos e fiéis e a mantém distante da paixão popular que, ninguém duvide, será decisiva na reta final da campanha.
O que é mais necessário para Dilma, tão necessário como Lula?
É simples: é Dilma.
É dela, de Dilma, da Dilma que o eleitor identificou como a sucessora de Lula, que sua campanha está sentindo falta.
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