03/12/2014
Carta aberta ao derrotado Aécio Neves
Já se passaram 36 dias da sua derrota. E nesse período o senhor não fez outra coisa a não ser dar vazão a um ressentimento doentio, apontando o dedo acusador para quem lhe venceu
Senhor senador,
Posso
avaliar a intensidade da frustração quelhe corrói a alma e embota o
raciocínio. Deve ser mesmo duro perder uma eleição quando se tem ao seu
lado a cobertura parcial, pusilânime e, como no caso da Veja às vésperas
das eleições, criminosa do monopólio midiático brasileiro. O trabalho
dos pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o chamado
"Manchetômetro", é a prova cabal do linchamento midiático a que foi
submetida a presidenta Dilma e do céu de brigadeiro que foi oferecido ao
senhor pela mídia mais velhaca do planeta.O mercado financeiro, os rentistas, aquela turma que "não dá prego em barra de sabão", também cerrou fileiras junto ao senhor. E cerrou para valer. Especularam sem pudor, fizeram a bolsa e o dólar subir e descer ao sabor das pesquisas, repetindo o terrorismo do qual Lula foi vítima em 2002. Boa parte dos grandes capitalistas brasileiros também o apoiaram. Tudo isso temperado por um sentimento antipetista, xenófobo, intolerante, preconceituoso e obscurantista jamais visto neste país. Nesse cenário, é até compreensível que o senhor acalentasse o sonho de ser o próximo presidente da República.
No entanto, como para seu partido o povo não conta, o senhor desprezou as inúmeras realizações dos governos de Lula e Dilma, as 40 milhões de pessoas que deixaram a miséria e a pobreza absolutas, o recorde na criação de empregos, a defesa dos salários, a política de valorização permanente do salário mínimo, o Minha Casa, Minha Vida, o Ciência sem Fronteiras, o Prouni, o Pronatec, as obras de infraestrutura, as mais de um milhão de cisternas construídas no Nordeste, o enfrentamento da crise econômica internacional preservando as conquistas do povo, a política externa soberana.
Sua dor hoje talvez fosse menor se seus marqueteiros e estrategistas tivessem lhe alertado para o fato de que os movimentos social e sindical estavam com Dilma e que a juventude das jornadas de junho voltara às ruas para apoiar a presidenta, temerosa do retrocesso brutal para o país que uma eventual vitória do senhor representaria. O setor de inteligência da campanha tucana tinha a obrigação de prever que sua concorrente usaria com competência o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, na prática o único período em que o monopólio da mídia é quebrado no Brasil, para mostrar suas realizações e dinamitar sua fama de bom gestor público.
Como, provavelmente, nada disso aconteceu, o senhor caiu do cavalo no dia 26 de outubro. Vamos combinar que o tombo foi feio mesmo. Mas custava adotar um comportamento minimamente democrático e republicano depois da derrota? Além de se revelar um péssimo perdedor, o senhor a cada dia dá mais razão aos que acham que sua negativa em aceitar a derrota é sintoma de uma estranha patologia política, em que a derrota sobe à cabeça.
Devemos admitir, porém, que o senhor conseguiu uma proeza: deixar para trás, no quesito obscurantismo, o seu correligionário José Serra, também derrotado em 2010. Muitos chegaram a pensar que o Brasil não veria tão cedo um candidato lançar mão de táticas e estratégias tão baixas como Serra. Ledo engano. Quatro anos depois, a falta de compostura política exibida pelo senhor e o ódio que dispensa a quem cometeu o crime imperdoável de superá-lo em número de votos, acabou empurrando até o senador eleito por São Paulo para o time dos que pretendem fazer oposição republicana ao governo.
Já se passaram 36 dias da sua derrota. E nesse período o senhor não fez outra coisa a não ser dar vazão a um ressentimento doentio, apontando o dedo acusador para quem lhe venceu. Um dia pede ao TSE a recontagem de votos, no outro acusa o governo de crime de responsabilidade por não cumprimento de meta fiscal e defende o impeachment de Dilma, o que faz também ao explorar a Operação Lava Jato. Na mesma linha golpista, pede a reprovação das contas da presidenta e, infâmia das infâmias, acusa o PT de ser uma organização criminosa.
Além de faltar com o respeito com os mais de 54 milhões de eleitores que votaram na candidata do PT e caluniar os mais de um milhão de filiados ao partido, seus militantes, dirigentes, vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores e a presidenta Dilma, esse tipo de ataque só aumenta a convicção de que o senhor é um caso perdido para a nobre causa da convivência democrática. Espero que o PT, conforme anunciou Rui Falcão, presidente do partido, vá as últimas consequência no processo criminal que pretende mover. Vamos ver se nos tribunais o senhor mantém a arrogância e falta de civilidade costumeiras.
Da minha parte, fico a pensar na sua suprema cara de pau, em como seu udenismo moralista não resiste a mais banal confrontação com a realidade. Sua trajetória como político, sua passagem pelo governo de Minas e os fatos que vieram à tona na campanha eleitoral, nas redes sociais, e até na imprensa que lhe protege, deixam claro que o senhor, dono de um gigantesco telhado de vidro, não tem a mínima autoridade moral para dar lição de ética em quem quer que seja. Nessa toada, porém, a história lhe fará justiça, reservando-lhe a galeria destinada aos políticos demagogos, pequenos e mesquinhos. Que assim seja.
Cordialmente,
Bepe Damasco,
Rio de Janeiro, 02 de dezembro de 2014.
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PITACO DO ContrapontoPIG
Roberto Requião definiu Aécio muito bem: "Ele é mentiroso, cheirador de cocaína e ladrão" .
Sé que Requião foi muito econômico nos 'elogios'... Aécio e muito pior que que isso.
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