quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Contraponto 18.713 - "O que o depoimento de Dirceu nos diz sobre o foco dos investigadores na família de Lula"

 

03/02/2016

 

O que o depoimento de Dirceu nos diz sobre o foco dos investigadores na família de Lula




Do Viomundo - publicado em 02 de fevereiro de 2016 às 21:29


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por Luiz Carlos Azenha


Vimos através de O Cafezinho a íntegra do depoimento de José Dirceu ao juiz Sergio Moro.

Abatido, porém firme, o ex-ministro apresentou uma defesa convincente de sua atividade como consultor privado, ou lobista, que assumiu depois de deixar o governo.

A disputa por mercados no capitalismo nem sempre é bonita de se ver. O sistema é intrinsicamente corrupto.

Não é uma realidade que Moro ou os procuradores da Lava Jato incorporem aos seus cálculos. Agem movidos pela tarefa messiânica de “limpar o Brasil” — dos petistas.

Pelas perguntas de Moro, ficou claro que ele não acredita que Dirceu de fato tenha prestado consultoria. Onde estão as planilhas, os relatórios? Os contratos teriam sido apenas uma forma de repassar propina ao ex-presidente do PT.

O melhor argumento de Dirceu foi estranhar: ele, “chefe de quadrilha”, está financeiramente quebrado, enquanto seus delatores sairão milionários do processo.

Dirceu diz que tem dívidas acumuladas de cerca de R$ 2 milhões. Já o delator Milton Pascowitch, depois de devolver R$ 40 milhões aos cofres públicos, terá outros R$ 40 milhões para desfrutar. Um incentivo e tanto para delatar.

Moro e os procuradores focaram nas finanças pessoais de Dirceu. Nos bens que ele ainda controla. Nos negócios envolvendo o irmão — que também está preso –, a mãe e a filha do petista. É clássico na ocultação de patrimônio usar parentes próximos.

Não descobriram nada de extraordinário ali, a não ser admissão do réu de que, além de voar em jatinhos pagos por terceiros, Dirceu foi beneficiado com reformas em três imóveis da família. Segundo um delator, propina paga de forma indireta na casa dos R$ 3 milhões.

É neste “reformismo” literal do PT que focam os investigadores que analisam os negócios do ex-presidente Lula em três esferas: Lava Jato, Zelotes e MPE paulista. A tese é de que o ex-presidente teria se beneficiado de negócios feitos através dos dois filhos para acumular e em seguida ocultar patrimônio.

Em 2004, a Telemar aportou capital na empresa Gamecorp, de Fabio Luis Lula da Silva. A Veja já sugeriu que o negócio seja incorporado à Operação Lava Jato, muito embora duas investigações distintas tenham concluído que não houve tráfico de influência. O outro negócio milionário foi a consultoria de R$ 2,4 milhões da empresa do outro filho de Lula, Luís Cláudio Lula da Silva, que está sob investigação na Operação Zelotes.

O que os investigadores tentam fazer é rastrear o trânsito de dinheiro para relacionar estes negócios ao patrimônio do ex-presidente: o triplex que, pelo menos no papel, nunca foi dele, e o sítio onde descansa o bote de lata de R$ 4 mil. Ambos passaram por reformas bancadas por empreiteiras.

No caso do triplex, suscitou uma piada entre os direitistas que, apesar de não refletir a verdade factual, é de fato engraçada: “Ao sair de casa neste Carnaval, tranque bem as portas de sua casa. É que a OAS está arrombando residências e construindo elevador e piscina sem autorização do proprietário”.

Caso o nexo entre os negócios dos filhos de Lula e o patrimônio pessoal do ex-presidente sejam estabelecidos, o que é absolutamente incerto, ele estará politicamente morto.

Em caso negativo, o dano ainda assim será imenso.

É importante lembrar que as investigações, inclusive do MPE paulista, vão “coincidir” com o período eleitoral de 2016, onde o PT joga seu futuro em São Paulo na tentativa de reeleger Fernando Haddad. É óbvio que as capas da Veja às vésperas das eleições já estão reservadas para os investigadores.

O ponto alto do depoimento de José Dirceu ao juiz Moro foi quando se falou sobre a indicação de Renato Duque para a diretoria da Petrobras. A indicação, diz um delator, foi o motivo para o contínuo pagamento de propinas a Dirceu. O ex-ministro da Casa Civil, no entanto, fez uma observação interessante: Duque teria conquistado o cargo por influência do grupo político mineiro do hoje senador Aécio Neves, do PSDB.

Dirceu mencionou o nome de Dimas Toledo, o ex-diretor de Furnas, o operador da chamada Lista de Furnas, acusado de cobrar de fornecedores da estatal contribuições às campanhas do PSDB.
Em 2002, quando Lula se elegeu, Dimas conseguiu algo inédito: permaneceu no cargo!

Ele só foi demitido depois que estourou o escândalo do mensalão petista. Não é novidade que o PT manteve os esquemas de financiamento originários dos governos tucanos em benefício próprio. O bacana seria se José Dirceu tivesse elaborado sobre o fenômeno da sobrevivência de Toledo.

Dois delatores já mencionaram o senador Aécio Neves no âmbito da Lava Jato. Um disse que ele era “chato”, insistente, na cobrança de propina. Outro, que o tucano foi beneficiado pelo esquema de Furnas — aquele, do Dimas Toledo — através da empresa Bauruense. Mas isso, aparentemente, não vem ao caso.

Infelizmente, teremos de esperar a biografia do ex-ministro José Dirceu para saber os detalhes saborosos das sete vidas de Dimas Toledo. Talvez ele personifique a simbiose entre o PSDB e o PT.

Leia também:

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PITACO DO ContrapontoPIG
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O que mais revolta é ver esta caça seletiva dirigida ao Lula, enquanto corruptos consagrados e  protegidos como FHC, Serra, Aécio,  Aloysio, Agripino e outros,  assistem a tudo isto rindo na cara de brasileiros imbecilizados pela mídia golpista.

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