quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Contraponto 18.757 - "Perseguição a Lula é o boi de piranha do entreguismo, por J. Carlos de Assis"



10/02/2016

 

Perseguição a Lula é o boi de piranha do entreguismo, por J. Carlos de Assis





Aliança pelo Brasil


Perseguição a Lula é o boi de piranha do entreguismo


por J. Carlos de Assis


O Brasil descarrilou em fins de 2014 por conta de uma investigação de corrupção que se apoiou na independência do Judiciário para destruir todas as instituições brasileiras. Até o momento não reencontrou um novo rumo. Ao contrário, na obsessão de destruir Lula, o próprio Judiciário se destrói quando desencadeia uma operação gigantesca, envolvendo Promotoria Pública, Polícia Federal e imprensa para rastrear um barco de lata de R$ 4 mil e um apartamento de cuja compra o ex-presidente desistiu depois de dar uma modesta entrada.

Se estivéssemos nos saudosos tempos de Stanislaw Ponte Preta essa investigação estapafúrdia, puro desbaratamento de dinheiro público por parte de um promotor vaidoso e desequilibrado, se  diria que estávamos entrando no “perigoso terreno da galhofa”. Claro, não é isso. O medo da volta de Lula ao PT ronda as cabeças das elites dirigentes, não tanto das classes dominantes. Estas se deram bem com Lula. Já as elites dirigentes não. Elas não querem correr o risco de ficar por mais um mandato, ou dois, fora das bocas do poder estatal.

A expectativa das elites sobre um novo mandato de Lula é equívoca. Seja por razões de saúde, seja por razões políticas, ele dificilmente voltará ao poder. O PT está desgastado – como todos os demais partidos.

 Vai-se desgastar mais ainda se a política econômica não mudar. Enfrentaremos, em futuro próximo, hordas de desempregados, e teremos uma contração da economia calculada pelo FMI em 3,5% este ano, depois de quase 5% no a no ano passado. Querendo ou não, a candidatura Lula representará fracasso na economia.

Será que as elites dirigentes, principalmente a classe média, não sabe disso? Por quê o nervosismo com a eventual disputa de Lula em 2018? Só há uma razão: assim como as classes dominantes, as elites brasileiras fora do poder não tem projeto de Nação. Não tem sequer um programa econômico alternativo. Destruir Lula é um objetivo em si. É um caminho para a recuperação do poder federal ao estilo de Fernando Henrique Cardoso, que leiloou por ninharia a base produtiva estatal brasileira distribuindo os pedaços entre amigos.

A destruição de Lula é, nesse contexto, uma espécie de boi de piranha que se tenta usar para completar a dilapidação do Estado brasileiro. Enquanto a sociedade acompanha, a favor ou contra, as trapaças dos promotores para “apanhar” Lula, tenta-se passar a boiada da entrega do pré-sal, da destruição das restantes estatais, do sistema previdenciário, do sistema de vinculação de receitas orçamentárias aos serviços públicos de saúde e de educação, da infame proposta de banco central independente.

Estão equivocados os que acham que tudo isso é fruto de entreguismo no sentido político, ou seja, concessão de vantagens aos estrangeiros por motivos ideológicos. Nada disso. Rola uma grana pesada para cada iniciativa dessa. E os “comandantes” do Congresso que estão se locupletando com essas propostas indecentes não são nada diferentes de Eduardo Cunha, a expressão máxima de aviltamento do Legislativo.

Daí nossa esperança numa rebelião do baixo clero, que não tem como participar dessa farra e acaba carregando o ônus moral.

A Aliança pelo Brasil vai apostar na parte sã do Congresso para estruturar uma alternativa econômica a curto prazo para o país. Temos inicialmente um duplo objetivo: garantir a estabilidade política (contra o impeachment) e propor uma nova política econômica, em termos concretos, de forma a resgatar a economia brasileira. É nossa intenção operar no nível suprapartidário e supra-ideológico, para facilitar o trânsito de iniciativas efetivas que atendam ao interesse inequívoco da sociedade, com o necessário apoio de um bloco parlamentar suprapartidário forte.



J. Carlos de Assis - Economista, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de “Os sete mandamentos do jornalismo investigativo”, Ed. Textonovo, SP, 2015.

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