22/02/2017
De volta para o passado: Moraes até 2043
Do Tijolaço - 22/02/2017
Fernando Brito
Quando se fala no desastre que é colocar Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal, não se fala apenas no absurdo de que ele, em alguns meses, esteja julgando os seus amigos e companheiros de ministério acusados pelas delações da Odebrecht e por outras confissões do gênero.
O “clube amável” do Senado, onde pululam réus e acusados que o aprovaram também é passageiro, embora seja sempre bom lembrar que cada legislatura, já dizia Ulysses Guimarães, mesmo ruim, costuma ser melhor do que aquela que a sucede.
Fala-se, mais importante, no impensável: um conservador, um policialesco, um retrógrado ocupando a cadeira até o inimaginável ano de 2043.
Sendo o juiz dos atos dos nossos filhos e dos nossos netos.
O mandato vitalício dos ministros do Supremo, algo já rejeitado nas cortes dos países desenvolvidos, nos quais a maioria os limita a nove anos, proibida a recondução, já era ruim.
Com a PEC da Bengala, que estendeu o exercício da magistratura até os 75 anos (por enquanto, não esqueça) ficou ainda pior, num país eminentemente jovem, mutante e num temporariamente abortado processo de modernização.
Claro que não se quer dizer que idade seja, necessariamente, sinônimo de pensamento retrógrado. Não, há muitos que aprendem com o tempo a compreender que valores são a expressão de um conteúdo, não de uma forma.
Mas são muito mais raros que os que se petrificam, os que o tempo lhe retira a bondade, a tolerância, a capacidade de aceitar as mudanças e ama-las como o que são: a caminhada do ser humano.
Os próximos anos de Alexandre de Moraes no Supremo podem ser e serão uma tragédia política e jurídica.
Mas Alexandre de Moraes no Supremo daqui a um quarto de século é uma tragédia civilizatória.
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