15/02/2017
Engenheiros tentam se organizar para evitar a destruição do país
(Essa foto se tornou uma espécie de ironia macabra).
Miguel do Rosário
Como o golpe no Brasil usou a destruição das empresas de engenharia para produzir a crise econômica, e, com ela, uma atmosfera favorável ao impeachment, os engenheiros foram os mais prejudicados.
Hoje, ficamos sabendo, através de notinha do Ancelmo Goes, no Globo, que o procurador-geral da República continua torrando verba pública para destruir as nossas grandes empresas de engenharia. O ódio destruidor do PGR agora se volta especialmente contra a Odebrecht.
No mais
Rodrigo Janot reúne amanhã em Brasilia, os MPs de 14 países para falar dos crimes da Odebrecht.
(…)
… o MP da Alemanha faria um encontro internacional desses sobre a rede de subornos, inclusive no Brasil, da Siemens?”
Até o janotinha do Globo, perplexo, ousou dar um gritinho, em voz baixa e tom delicado, naturalmente, porque ele não pode falar muito mal de golpista que o seu jornal tanto defende.
Mas a verdade é que se trata de uma coisa chocante.
No mesmo dia que sabemos que Trump assinou lei decretando o sigilo absoluto sobre qualquer atividade empresarial das petroleiras americanas, fora dos EUA, o meganha-mor do Brasil chama procuradores do mundo inteiro para entregar informações sensíveis sobre a nossa principal empresa que engenharia, que empregava 200 mil pessoas, e que estava situada no coração da indústria pesada brasileira.
O entreguismo, o vira-latismo, a falta de qualquer compromisso com o interesse nacional, tornaram-se marcas registradas das castas brasileiras.
A pergunta que fica no ar, porém, é a seguinte: como esses meganhas do MP e do Judiciário acham que o Estado vai pagar seus salários? O Estado não inventa dinheiro. Ele obtêm dinheiro dos impostos cobrados às empresas e dos assalariados. Se eles quebram as empresas e destroem os empregos, quem vai pagar os impostos, e, portanto, quem vai pagar aquela estrutura imensa da PGR?
E ainda temos que pagar as passagens aéreas, os hoteis, os custos extras, da viagem de Janot a Davos, e ouvi-lo dizer que a Lava Jato é “pró-mercado”…
***
No site do Clube de Engenharia
Engenharia unida reage à destruição em curso da economia brasileira
O Clube de Engenharia, ao longo dos seus 136 anos, contribuiu permanentemente para o desenvolvimento do município do Rio de Janeiro, do Estado e do País. No Império, no Distrito Federal, como capital da Guanabara e capital do Estado do Rio, a ação do Clube de Engenharia foi, é, e será a de formulador de propostas de desenvolvimento econômico, político e social.
Com Pereira Passos tivemos importante contribuição na modernização do Centro do Rio. Participamos das discussões do Plano Agache, em 1928; discutimos o código de água nos anos 30 e a proposta de eletrificação, de aproveitamentos hidroelétricos do Vale do Paraíba que deram origem ao Complexo de Ribeirão das Lajes. Participamos da defesa do minério de ferro brasileiro; da constituição da Companhia Vale do Rio Doce e, no momento seguinte, da constituição da Petrobras. Atuamos ativamente na discussão do Plano Doxiadis, no governo Carlos Lacerda, e da discussão do Metrô, tanto na década de 60 como na década de 70.
Esse é o papel do Clube: contribuir criticar, formular. E não seria diferente agora, frente ao desmonte da engenharia brasileira, quando acontecem reuniões Brasil afora com profissionais, empresários, trabalhadores e representantes da academia, indústrias e poder público, mobilizados com lideranças das principais entidades de engenharia do Rio de Janeiro e do país para fazer ecoar a voz de protesto das engenharias e da sociedade contra a destruição em curso da nossa economia.
Urge uma proposta de desenvolvimento que gere emprego e que nos retire dessa situação calamitosa de depressão econômica, com um número crescente de empreendimentos comerciais e fabris fechados em todo o território nacional. Inacreditavelmente o Rio de Janeiro, que até os anos 50 era a principal base industrial do Brasil, e que só perdeu essa posição para São Paulo na segunda metade dos anos 50, caminha para ser uma cidade fantasma! A cidade que sedia a Petrobras, empresa que ao longo de seis décadas de existência se responsabilizou pela formação de uma cadeia de mais de 5.000 fornecedores nacionais e estrangeiros e que recentemente acolheu aqui centros de pesquisa da Halliburton e da GE está submetida a um processo sistemático de destruição. É neste cenário que se perde o emprego, a ciência, a tecnologia e a engenharia.
Com o amesquinhamento e a desvalorização da engenharia pública, responsável pela formulação do nosso planejamento ao longo de décadas, também deixamos que se perca a nossa reconhecida competência.
Cresce o movimento que tem entre seus principais objetivos preservar as empresas e garantir o emprego, sensibilizando os poderes públicos, a prefeitura do Rio de Janeiro, os governos do estado do Rio de Janeiro, do Espírito Santo e de São Paulo, estados lindeiros da maior província de petróleo já descoberta nos últimos 30 anos, exatamente os mais prejudicados com a destruição de empresas e empregos. O movimento em defesa da Petrobras não é um movimento xenófobo, que se contrapõe à participação das empresas estrangeiras, desde que se comprometam com a geração de emprego e tecnologia e que paguem impostos aqui. O Brasil caminhará para uma convulsão social se não houver a compreensão de que é importante entender o Petróleo como garantia do desenvolvimento e da soberania.
Muitos outros problemas se agravam ao longo do tempo, como saúde, educação, habitação e mobilidade urbana. É inadmissível, por exemplo, que o Rio, cidade âncora do desenvolvimento cultural e educacional, dotada da mais formidável rede de escolas públicas do país, veja o ensino público desvalorizado e enfrente hoje uma luta feroz para que a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) se mantenha como universidade pública.
São compromissos dos quais o Clube de Engenharia não pode abrir mão, em defesa do Estado Democrático de Direito, por um desenvolvimento soberano, sustentável e socialmente inclusivo.
A Diretoria
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