02/05/2018
Paulo Teixeira e Adriano Diogo explicam por que Temer foi escorraçado pelos sem teto em São Paulo: enterrou políticas de Lula e Dilma
Do Viomundo - 02 de maio de 2018 às 01h47
Da Redação
O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) foi secretário da Habitação e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de São Paulo quando Marta Suplicy era prefeita.
O ex-deputado estadual Adriano Diogo também foi secretário, do Meio Ambiente, sob Marta.
Os dois fizeram uma visita aos desabrigados pela tragédia do edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou depois de pegar fogo durante a madrugada do Primeiro de Maio, no Largo do Paissandu, em São Paulo.
Os moradores o conheciam como “prédio de vidro”, possivelmente por causa das janelas. Talvez não soubessem que, originalmente, a construção foi encomendada ao arquiteto francês Roger Zmekhol para servir de sede a uma empresa do setor de vidros.
Vários projetos chegaram a ser desenvolvidos para ocupar o edifício, depois que ele ficou desocupado, mas não avançaram.
O prédio pertencia à União, mas havia sido cedido à Prefeitura de São Paulo, em 2017, com o intuito de transformá-lo na sede de uma secretaria municipal.
Paulo Teixeira lembrou de vários casos em que ocupações se transformaram em moradia social na região central da cidade, que tem um grande déficit habitacional.
Isso dependia, acima de tudo, de vontade política: os ocupantes recebiam bolsa aluguel e os prédios eram reformados a partir de financiamento federal, em parceria com o estado e/ou município.
Um dos exemplos dados por Paulo Teixeira foi o do edifício Riskallah Jorge, na rua do mesmo nome. O prédio foi construído nos anos 40 para abrigar o Hotel Pinguim, do grupo Antarctica. Passou a ser sede do grupo Votorantim e foi comprado pela Beneficência Portuguesa.
A ocupação aconteceu nos anos 90. Segundo a página Prédios e Casas de São Paulo, a reforma feita pela construtora Cury, com financiamento da Caixa Econômica Federal, entregou 167 apartamentos de cerca de 30 metros quadrados a famílias que pagariam prestações mensais de R$ 174.
O mesmo programa da Caixa, o PAR (Programa de Arrendamento Residencial) recuperou os edifícios Maria Paula, Fernão Salles, Olga Benário e Labor, dentre outros, em São Paulo.
Como os problemas econômicos do Brasil se agravaram enormemente, é difícil acreditar que o mesmo tipo de programa poderia atender à população que não tem renda ou depende de bico para sobreviver.
No entanto, de acordo com Paulo Teixeira e Adriano Diogo, depois do golpe contra Dilma Rousseff a interlocução com movimentos sociais por parte do governo federal praticamente acabou.
O dinheiro para programas de moradia social foi congelado.
Seria essa a explicação, inclusive, para a hostilidade com que Michel Temer foi recebido nas imediações do prédio que desabou: ele fechou as portas para programas que, mesmo que com grandes dificuldades, atrasos e tropeços, tinham representado algum avanço para os sem teto durante os governos Lula e Dilma.
As coalizões lideradas pelo PT passaram longe de qualquer reforma urbana que batesse de frente com a especulação imobiliária, projetos como o Minha Casa, Minha Vida atenderam também ao interesse das empreiteiras, mas ao menos havia certa disposição política para enfrentar o tema.
“Esse diálogo foi destruído a partir de abril de 2016”, sintetizou Paulo Teixeira, referindo-se ao mês do golpe contra Dilma Rousseff.
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