quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Contraponto 525 - 100 anos do DNOCS


21/10/2009


MARCO HISTÓRICO

Dnocs faz 100 anos de atuação no semiárido

Foto: Thiago Gaspar

Sede do Dnocs, em Fortaleza, é o marco dos projetos do Governo Federal para a convivência com o semiárido brasileiro, quando ainda era definida Inspetoria de Obras Contra as Secas
Programação especial marca os 100 anos da instituição, que inclui homenagens e Feira dos Perímetros Irrigados

Fortaleza. O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) completa, hoje, um século de fundação. De acordo com o diretor-geral do Dnocs, Elias Fernandes, o centenário da instituição marca os projetos desenvolvidos para a convivência com o semiárido. "A maior contribuição foi tornar possível a vida no semiárido brasileiro. Graças ao Dnocs, esta é a região do mundo mais habitada, diferente dos países como Espanha e Israel", diz.

Por mais que o centenário seja comemorado e os projetos executados e priorizados, as ações do Dnocs continuam. Para Fernandes, a meta é consolidar a estrutura hídrica dos Estados que integram o semiárido nordestino, para manter o nível dos reservatórios e ter o controle hídrico durante os períodos de seca no Estado. Ao longo dos últimos 100 anos, o Dnocs aplicou o equivalente a US$ 20 bilhões em projetos nos nove Estados do Nordeste e mais Minas Gerais, que tem parte do território inserido no semiárido. E há novos investimentos sendo executados, como a interligação do Rio São Francisco às Bacias do Nordeste Setentrional, que vai levar água a 12 milhões de nordestinos. A instituição é responsável pelas ações de desapropriação, indenização e inclusão social. Quando estiver concretizada, a interligação de bacias vai usar boa parte da infraestrutura hídrica que foi construída pelo Departamento neste século de existência.

Além disso, as ações do órgão estão incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal. O PAC vai aplicar, até o final de 2010, R$ 2 bilhões na construção de açudes e adutoras, além da ampliação de perímetros irrigados, 12 obras no total.

Desde a sua fundação, o Dnocs tem trabalhado para facilitar a convivência no semiárido, construindo o primeiro grande reservatório, Juscelino Kubitschek, inaugurado em 1961, no município cearense de Orós, com capacidade para 2 bilhões de metros cúbicos de água e, posteriormente, construiu o maior reservatório do Nordeste: o Açude Castanhão, em 2003, considerado o maior do Brasil para múltiplos usos, ultrapassando o açude Armando Ribeiro Gonçalves, no Rio Grande do Norte.

Atualmente, o Dnocs conta com 326 grandes açudes nos 10 Estados do semiárido. A capacidade total de acúmulo de água é de 25 bilhões de metros cúbicos. Outros 622 reservatórios foram construídos em cooperação, além da perfuração de 21 mil poços. Ao longo dos anos, as obras hídricas ganharam o reforço das adutoras, caminhos mecânicos que conduzem a água armazenada nos reservatórios às populações mais necessitadas, com instalação de tubulações, estruturas de captação, estações de bombeamento e de tratamento no Ceará, Paraíba e Pernambuco.

A data do centenário, celebrada no Ceará, onde fica a sede administrativa da instituição, é a consolidação das comemorações de centenário, que envolve os nove Estados do Nordeste e o norte de Minas Gerais. Para a data, serão realizadas sessões solenes, inaugurações de obras, homenagens, visitas de campo, ciclos de seminários e lançamentos de obras que registram a trajetória da instituição mais antiga a atuar no Nordeste.

Comemoração

Hoje, a comemoração será realizada na sede do Dnocs, na Avenida Duque de Caxias, 1700, em Fortaleza. A programação começa às 8h, com alvorada e hasteamento do pavilhão nacional e dos Estados, e apresentação do coral do semiárido. Às 10h, será realizado o Encontro 100 Anos Dnocs, no Centro Administrativo do Banco do Nordeste (BNB), com apresentação das ações para financiar a produção agrícola regional.

Às 17h acontece a abertura da Feira dos Perímetros Irrigados, na sede do Dnocs. Durante três dias, serão expostos produtos agrícolas, pecuários, aquícolas e artesanais, com destaque para a fruticultura e a piscicultura. A feira pretende mostrar o potencial produtivo dos perímetros, como resultado do fornecimento permanente de água e das ações de campo do Dnocs.

Entre os benefícios dos projetos do Dnocs podem ser incluídos o estímulo ao conhecimento científico e produção de alimentos pelo Centro de Pesquisa em Aquicultura Rodolpho Von Ihering, no município cearense de Pentecoste, considerado um dos mais importantes do Nordeste; e a irrigação, que consiste em uma das formas mais eficientes e produtivas.

Açude Orós
Açude Castanhão
Irrrigação em Morada Nova-CE


FIQUE POR DENTRO

O início do Dnocs data do período do Império no Brasil

A história do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) começou no Brasil Império. Em 1877, o Nordeste enfrentou a maior estiagem de todos os tempos. Cerca de 500 mil pessoas morreram de fome e sede. A catástrofe sertaneja despertou o Governo Imperial para a necessidade de encontrar alternativas para evitar outros danos. Profissionais de engenharia do Instituto Politécnico do Rio de Janeiro se reuniram sob a presidência do genro de D. Pedro II, Conde D´Eu, e apresentaram várias sugestões. O Império virou República. As comissões criadas no Ceará e no Rio Grande do Norte tornaram-se o marco do órgão.

Em outubro de 1909, surgiu a Inspetoria de Obras Contra as Secas, que realizou diversas obras pioneiras.

Mais informações
Dnocs
Av. Duque de Caxias, 1700 Centro
Fortaleza-CE
www.dnocs.gov.br

MAURÍCIO VIEIRA
REPÓRTER

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PITACO DO Contraponto PIG

Não fora a atuação horoica do DNOCS no nordeste brasileiro ao longo de um século, parte deste rincão brasileiro não seria hoje sequer habitado.

O editor deste blog ContrapontoPIG, orgulha-se de ter dado sua pequena contribuição ao trabalho do DNOCS, órgão a que pertence, hoje na condição de aposentado.

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