30/10/2009
Brizola Neto - quinta-feira, 29 outubro, 2009 às 12:04
Defensor da globalização, do livre mercado, do “dinheiro não tem pátria”, O Globo hoje dá um espetáculo de como é capaz de misturar interesses e ódios políticos e relações comerciais. Um editorial furioso (que pode ser lido no Blog do Noblat) tenta pressionar os senadores para rejeitarem o ingresso da Venezuela no Mercosul, pelo fato de , segundo o jornal dos Marinho, Hugo Chávez “não é confiável”. Ameaçam, com isso, comprometer as relações com o maior parceiro comercial do Brasil, responsável por um suparávit em nossas contas de mais de US$ 5 bilhões em favor de nosso país.
Não é novidade. A ditadura militar à qual O Globo serviu - ela era um exemplo de democracia, não acham: - já nos fez romper relações com a China e, com isso, nos impediu de termos relacionamentos sólidos com aquele país que “explodiu” como grande mercado comercial do mundo. A duras penas fomos construindo a parceria que temos hoje com eles e que é extraordinariamente importante para nossa economia.
Compara o governo venezuelano ao da Alemanha nazista e ao da Itáli de Mussolini. Diz que lá não é uma democracia, embora já se tenham feito, desde a eleição de Hugo Chávez, há 10 anos, nada menos que 14 eleições e plebiscitos nacionais, sob fiscalização internacional.
Mas Chávez, de fato, comete alguns “crimes imperdoáveis”. O primeiro, diz claramente o que pensa, e o diz para todos, usando os meios de comunicação. Não está disposto a deixar que o povo leia o que fala “interpretado” pelos donos da mídia. Depois, não aceita o império dos interesses estrangeiros sobre os interesses nacionais. Aceita os investimentos estrangeiros no país mas de acordo com regras. A Venezuela está cheia de empresas estrangeiras - muitas delas brasileiras - que aceitam trabalhar e lucrar nestas condições.Aliás, estes próprios empresários têm feito apelos para que não se faça uma loucura e se comprometam nossos negócios de exportação, nossa produção e os empregos gerados aqui pelas vendas à Venezuela.
Imperdoável mesmo, porém, para O Globo foi Chávez ter cumprido a lei. Concessões de rádio e televisão têm prazo contratual. Longo, por sinal, em média de 20 a 30 anos. Acabado o prazo, acaba a concessão. Está escrito, assinado e é legal. Mas a Globo acha que, depois de assinada uma concessão, mesmo com prazo determinado, este é um direito vitalício, a ser transmitido por gerações. Os Marinho não têm a menor dúvida de que suas concessões serão prorrogadas até que seu tataranetos estejam no comando das empresas, embora tenham assinado contratos com data para terminar.
O barões de nossa mídia acreditam piamente que têm direitos nobiliárquicos, como na Idade Média. Espero que o Senado, hoje, acabe com essa vergonha que nosso país está passando por iniciativa de gente medíocre, incapaz de colocar os interesses do Brasil e de sua economia acima de seus mesquinhos ódios pessoais.
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